Cruzeiro, Fenômeno, a Porteira e a Pomba. Blog do Mário Marinho
Diz o velho ditado: “Vai-se uma pomba, vai-se todo o pombal”.
Diz outro que onde passa um boi, passa uma boiada.
A pomba e a brecha pela porteira são os sinais físicos e visíveis da espetacular negociação entre Ronaldo, o Fenômeno, e o Cruzeiro, um dos mais vencedores times do futebol brasileiro e que, ano que vem, estará disputando pelo terceiro ano consecutivo a Série B do Brasileirão.
É um time atolado em dívidas – fala-se em um bilhão de reais -, sem perspectivas concretas de solução até o aparecimento da lei da SAF – Sociedade Anônima do Futebol.
Com a gorda injeção de R$ 400 milhões, Ronaldo Nazário comprou 90% das ações, tornando-se senhor de todas as decisões, já que sobraram apenas 10% para o Cruzeiro.
A gorda quantia poderia ser muito, muito mais gorda, não estivesse o Cruzeiro, de glorioso passado, vivendo um presente tão ruim.
Em termos de Brasil, o Cruzeiro abre as portas para Athletico PR e Botafogo que já estudam a possibilidade e também para o América mineiro que há alguns meses vem conversando com um bilionário norte-americano, do Kapital Football Group.
Com o incentivo do Cruzeiro, o Coelho das Minas Gerais já pode ser o próximo.
O investimento do Fenômeno, que é cidadão universal, abre as portas – ou porteiras – para outros interessados no mundo inteiro.
E, com certeza, interessados é que não faltarão. Principalmente do bilionário lado árabe do mundo que já investe pesado na Europa.
Ronaldo vai servir de sinalizador e até mesmo de uma espécie de avalista nessa aventura financeira no Brasil.
Isso é bom para o futebol brasileiro?
Vamos, primeiramente, ter que nos acostumarmos ao fato de que o nosso clube do coração passará, agora, a ter um dono.
Para o bem e para o mal.
Para o bem, além da torneira aberta da qual jorrarão dólares e mais dólares, os clubes terão que se organizar.
Esses bilionários investidores têm o curioso costume de não jogar dinheiro fora, como fazem os nossos cartolas atuais, com as devidas e importantes ressalvas, que gastam o que têm e o que não têm.
De repente, nosso futebol – ou esses times das SAFs – terão cacife para impedir a saída de jovens promessas ou trazer de volta brasileiros que estão brilhando lá fora, sem termos que esperar que eles estejam em fim de carreira.
Pode ser considerado um mal o fato de um time ter dono? Não sei, só o tempo trará a resposta.
Atualmente, Ronaldo é dono de um time espanhol, o Valadolid que luta para voltar à Série A.
O time caiu e Ronaldo foi acusado por torcedores de pouco ligar para a vida do clube.
Os torcedores lembram que num domingo de jogo importante para o Valadolid, que ainda lutava para permanecer na divisão principal, Ronaldo postou foto singrando mares em companhia do ator Bruno Gagliasso em vistoso iate, enquanto o time perdia seu jogo em Madri e afundava em direção à Série B, para onde foi em seguida.
Foi uma lição.
A partir daí, o Fenômeno passou a dar mais atenção ao seu clube que está na quinta posição da Segundona espanhola e luta para ficar entre os quatro que subirão.
O clube-empresa é uma solução, mas não remédio para qualquer mal, visto que são muitas as empresas que vão à falência.
O princípio da boa administração terá que ser observado sempre.
Mas, parece sem dúvida que esse é o caminho do futuro.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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