A traição maior. Por Edmilson Siqueira
Nessas épocas de traições na política, o ex-tucano Geraldo Alckmin pode ser o maior traidor de todos. Aderir ao algoz do PSDB (e dele próprio) poderá significar uma vitória para o ex-tucano, mas será a maior mancha na sua insípida carreira.
Uma traição gigantesca para todos aqueles que um dia acreditaram que sua aparente honestidade era real.
Aderir a Lula e ao PT é virar fantoche de um partido e de um presidente que criaram o maior esquema de corrupção que o mundo já viu.
E ajudar a eleger esse partido e esse candidato, ampliará sua traição para todo o povo brasileiro, inclusive aqueles que votarem em Lula, pois também sofrerão sob o governo de um político condenado por corrupção em três instâncias e que hoje zomba de todo brasileiro honesto com sua liberdade.
Liberdade essa arranjada por juízes que não honram a toga que vestem.
A traição menor
Ciro Gomes, ao virar vítima de uma operação da Polícia Federal culpou Jair Bolsonaro logo de cara, no que até pode ter razão. Chamou-o e a seus filhos de ladrões. E botou Lula no pacote, dizendo que eles são como o petista foi.
Mas Lula, que pode ser tudo, menos ingênuo, logo saiu em defesa de Ciro que, machão convicto, mas, talvez, carente ao máximo, se derreteu ao afago e negou, no dia seguinte, o que havia dito no dia anterior.
Traiu a si mesmo se tornando novamente vítima: primeiro da PF, depois de suas próprias palavras. E também vai ser traído: seu partido, o PDT, está louquinho para descartar sua candidatura a presidente e correr para os braços de Lula. As próximas pesquisas apenas determinarão quando isso vai acontecer. Se não romper com tudo, como tem feito nas últimas décadas, Ciro deverá abraçar Lula para não ficar, mais uma vez, sozinho.
Com isso, a política brasileira (se é que a atuação venal dos atores em cena pode ser chamada de política) trará um retrato perfeito na corrida presidencial do Bananão: Alckmin, o inóspito, lambendo as botas do seu maior inimigo; Ciro, o machão bravateiro, babando na gravata daquele que antes de ontem ele chamava de ladrão; e Lula, zombando de todos, dando milho aos porcos.
A traição geral
A última pesquisa Datafolha mostrou que 60% dos brasileiros não votariam de jeito nenhum em Jair Bolsonaro. Qualquer rejeição acima de 50% praticamente inviabiliza uma eleição majoritária. Se for uma reeleição, então, é pior ainda, pois o eleitor está afirmando sua intenção ao mesmo tempo em que sente na pele os motivos de assim pensar. Ou seja, nem precisa da memória (sempre muito fraca do brasileiro) para rejeitar o candidato.
Assim, pode-se dizer que o eleitor brasileiro virou as costas para Bolsonaro, num gesto que é resultado do governo que o ex-capitão está fazendo. É esse governo talvez, a pior traição que o Brasil já teve. Nem Jânio Quadros, com sua irresponsabilidade alcoólica foi tão ruim, pois foi sincero bastante para renunciar quando viu sua total falta de competência pra a aventura a que se propôs. Fosse hoje, com a cara de pau dos políticos que lhe sucederam, ficaria no poder e trataria de garantir que não fosse afastado, nem que para isso tivesse que usar os cofres públicos, certo? Lula usou, Bolsonaro também.
O engodo do governo Bolsonaro é tão grande, que apenas 22% dos eleitores, hoje, votariam nele. Um índice que talvez não seja suficiente para chegar ao segundo turno. E nesse cenário atual, há avalistas que veem a queda do presidente nas pesquisas, um prenúncio de que ele será ultrapassado por Sergio Moro ou por alguém da terceira via que consiga abocanhar boa parcela do eleitorado e ser o destinatário dos desiludidos com Bolsonaro.
Mas, se olharmos os 3 anos que estão se encerrando desse governo que aí está, 22% de eleitores ainda é um número muito grande perto da grande tragédia que se abateu sobre o Brasil com a posse e a atuação de Bolsonaro no governo.
Ele foi o pior em todos os campos, numa competição em que, ao olharmos os governos petistas e as desgraças todas que eles provocaram no país, imaginava-se ser muito difícil que tivesse outro vencedor.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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