Amor e Medicina. Por Meraldo Zisman
Um dia todos nós entenderemos que o mundo não passa de um grande palco, onde só é frágil a espécie humana. Desempenhamos muitos papéis no palco da vida.
E é inevitável que todos nós, mulheres e homens, quando falha a vista e os dentes não mais existem, quando o gosto se foi e aprende-se que a glória é efêmera e a beleza uma questão de tempo, saibamos um dia, mulheres e homens, que já não temos papéis a desempenhar no palco da vida.
De uma coisa certeza tenho: quando se faz amor, faz-se uma vida, e quando se cria o ódio caminha-se para a morte. O tempo santo é o que carrega todos os males e benesses. Se fôssemos capazes de esperar que a raiva se acalme ou se torne menos intensa, a história seria menos árdua.
Não foi à toa que o mundo foi criado para abrigar uma criatura metade homem e metade mulher. O resto não passa de vã filosofia, com a qual Zeus não poderia conviver. Zeus, como não podia estar em toda parte a todo instante, inventou as mães e os pais para ficarem em seu lugar, quando estivesse muito ocupado para cuidar dos filhos e filhas.
Existem diferenças entre ser homem e ser mulher. Os machos são filhos também de uma mulher. Nelas, quando jovens, a beleza supera o espírito e quando velhas, o espírito supre a beleza. Portanto, a mulher não tem idade e sim coração. Pode-se aquilatar o estágio de uma civilização pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são tratadas, educadas e protegidas. Digo-o como médico: o amor de uma mulher é a cura e a alegria, assim como a Medicina é a arte-maior de ajuda à Natureza.
Pertinente lembrar as palavras de Lorde Byron (1788 – 1822) em seu livro Don Juan I: “o amor no homem é uma coisa à parte de sua vida; o da mulher é toda sua existência” e adiciono: ao contrário do ouro e do barro, divididos, o amor não diminui, pois, ele é a fonte da sobrevivência do Homo sapiens.
Retrocedendo à minha antiga profissão, reflito: o Amor e a Medicina são as Artes de ajudar a Natureza, enquanto vivos estivermos.
Já Sartre (1905 – 1098) dizia: a vida é um momento de pânico num teatro pegando fogo.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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