As mentiras que eles falam. Por Edmilson Siqueira
… que Hoffmann fez com a inacreditável acusação foi seguir a cartilha que, ao longo de mais de um século, vem sendo seguida pela esquerda em várias partes do mundo. No Brasil é pior, porque parece que a capacidade da esquerda brasileira de mentir chega perto da perfeição…
O primeiro artigo que escrevi para o Chumbo Gordo, em 2019, tinha por título “O desonesto discurso”, onde eu dava uma despenteada no final de um discurso de Chico Buarque de Hollanda num evento qualquer que a esquerda promoveu para festejar a libertação de Lula ou algo parecido. No trecho do discurso, Chico seguia à risca as desonestas teorias que colocam no ar mentiras que, repetidas à exaustão, se tornarão verdades. Uma mistura da falsidade dos primórdios do comunismo com a farsa profissional do nazismo. A semelhança e a troca de know-how entre as duas ideologias não era mera coincidência. Regimes autoritários e assassinos usam dos mesmos métodos para chegar ao poder e nele permanecer. Não foi à toa que Hitler e Stálin, quando eram aliados, trocaram preciosas informações sobre tipos de torturas, campos de concentração e outras atividades típicas dos genocidas.
Eu me lembrei desse artigo ao ler, por esses dias, uma publicação da Folha, onde Gleisi Hoffmann acusava Moro de um absurdo, que teve a pronta resposta do ex-juiz. E também ao tomar conhecimento do que Lula anda dizendo em seu périplo pela Europa.
Na reportagem da Folha, Hoffmann dizia simplesmente que a ação da Lava Jato e de Moro havia dado grandes prejuízos à Petrobras e, mais desonestamente ainda, procurava relacioná-lo com o aumento do preço dos combustíveis. Moro respondeu na lata: escreveu que os governos do PT saquearam a Petrobras em bilhões de dólares – fato totalmente comprovado – e que querer transformar em vilões os que combateram a gigantesca corrupção é desvirtuar a realidade para tirar vantagens eleitoreiras. “Não vão enganar o povo”, finalizava Moro.
Pois o que Hoffmann fez com a inacreditável acusação foi seguir a cartilha que, ao longo de mais de um século, vem sendo seguida pela esquerda em várias partes do mundo. No Brasil é pior, porque parece que a capacidade da esquerda brasileira de mentir chega perto da perfeição. Lembram de Lula, em Paris, na maior cara de pau, dizendo a uma desconhecida repórter escolhida a dedo (que só fez perguntas combinadas) que o Mensalão não havia sido Mensalão e sim uso do chamado “caixa 2”, recurso que todos os partidos políticos do Brasil usavam? Não por acaso, admitir “caixa 2” levava, na ocasião, ao pagamento de uma multa. E só.
Só que não pegou e, talvez, essa tenha sido uma das poucas mentiras que não pegaram, afinal, o processo condenou petistas e aliados por corrupção. A condenação era pra ser maior contra José Dirceu, mas uma providencial interferência do ministro Ricardo Lewandowski retirou dele a acusação de formação de quadrilha, fazendo diminuir a pena e proporcionando o fim do seu tempo de prisão muitos anos antes. Mas isso é outro escândalo e, embora demonstre um modus operandi do poder brasileiro (juízes providencialmente aliados), não é esse o assunto de hoje.
A mentira como discurso é um tema ao qual já me debrucei várias vezes e não só neste Chumbo Gordo. É que quanto mais se convive com a ação política brasileira, mais mentiras chegam aos nossos ouvidos. Claro que não é uma exclusividade da esquerda. É, com certeza, o recurso mais usado pelos políticos desonestos.
Jair Bolsonaro, por exemplo, já deve ter mentido nesses menos de três anos de governo tanto ou mais que Lula o fez em oito anos. Desconfio até que a mentira dita por Bolsonaro é resultado de uma mente insana, ignorante, que não respeita nada que possa lhe significar empecilho para seus objetivos. Loucura total, que necessita tratamento num hospital psiquiátrico com guardas na porta, depois do devido processo e condenação por crimes vários. Já Lula aprendeu a mentir profissionalmente, com ênfase no discurso vibrante, tentando mostrar plena certeza daquilo que ele tem certeza de que mentira é.
É o que Lula tem feito nessa sua viagem à Europa, ao falar sobre o Brasil e sobre sua “inocência”. “Estou viajando para dizer ao mundo que o que o Brasil tem de melhor é o povo brasileiro. O Brasil não se resume a seu atual governante. Essa é a razão da minha viagem. Recuperar a confiança no Brasil”, escreveu no Twitter o ex-presidiário, investigado por corrupção e lavagem de dinheiro.
A tentativa de se mostrar um brasileiro preocupado com os rumos do Brasil agride frontalmente tudo que seu governo e o de sua sucessora fizeram em 14 anos de poder. Encontraram um Brasil com alguns problemas na economia, mas com um caminho que poderia ser percorrido e melhorado. Catorze anos depois entregaram um Brasil bem pior, com uma economia capengando, 14 milhões de desempregados, grandes empresas falidas e a maior corrupção que o mundo já viu.
Ao elogiar o “povo brasileiro”, Lula “esquece” que, ao tirar da miséria milhões de pessoas com o Bolsa Família, colocou essa gente toda na pobreza sem saída, preferindo mantê-los como reserva eleitoral para lhe garantir o poder. É só fazer as contas para perceber que mais de 80% dos que viviam da esmola oficial eram eleitores de Lula e o mantiveram – ele a “poste” que ele apoiou – por três eleições presidenciais.
Recuperar a confiança no Brasil não foi tarefa que Lula e o PT se propuseram. Um governo que perdeu 23 embates internacionais, entregou refinarias da Petrobras a um governo de esquerda da América Latina, se ajoelhou perante pretensões chinesas de vender bugigangas para o Brasil quase sem impostos, que perdoou dívidas de ditadores sanguinários africanos, que ajudou a manutenção das ditaduras venezuelanas e cubanas, que deu abrigo a um terrorista assassino condenado à prisão perpétua pela democracia italiana, não pode ser um governo com capacidade para recuperar a confiança no país, que Bolsonaro vem estraçalhando.
Confiança de outros governos no Brasil, principalmente do Primeiro Mundo, significa atração de investimentos. Um ex-presidente que se pautou pela manutenção no poder a qualquer custo e, para tanto, bancou a maior corrupção que o mundo já viu, não pode se arvorar a angariar confiança de quem quer que seja.
Finalizando, e pra não dizer que não falei de flores, se o eleitor brasileiro continuar dando intenções de votos a Lula e Bolsonaro (esse já está perdendo bastante) e não olhar para a candidatura de Sergio Moro como algo renovador, sério, honesto e capaz de recuperar a confiança do mundo no nosso tão combalido Brasil, acho que mereceremos o que pode estar por vir, tanto com o genocida atual quanto com o corrupto contumaz, pois são quase iguais em tudo, principalmente na desgraça que impõe ao país e a seu povo.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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