Santos-Dumont e as Cataratas do Iguaçu. Por Laurete Godoy

11 de novembro de 2021: dia em que os brasileiros comemoram o aniversário de dez anos do honroso título conquistado pelas Cataratas do Iguaçu: uma das Novas Sete Maravilhas Mundiais da Natureza. Se é importante reverenciar o exuberante conjunto de quedas d’água, que encanta visitantes de várias partes do mundo, torna-se imprescindível contar um fato que ocorreu em 1916, em Foz do Iguaçu, e teve Alberto Santos-Dumont como heroico personagem. 

 A EXTRAORDINÁRIA INICIATIVA DE ALBERTO SANTOS-DUMONT

 NO PARQUE ESTADUAL DO IGUAÇU

 Uma das maiores façanhas de Alberto Santos-Dumont foi realizada em solo brasileiro e está ligada a uma das Sete Maravilhas Mundiais da Natureza – as Cataratas do Iguaçu.

Em 1916 Santos-Dumont estava na Argentina e foi, com autoridades do país, visitar Puerto Iguazu. De lá, seguiria diretamente para o Rio de Janeiro. Porém, quando chegou em Puerto Aguirre, a notícia espalhou-se rapidamente. Uma comitiva com notáveis de Vila Iguaçu foi ao encontro de Santos-Dumont para convidá-lo a visitar as cataratas do lado brasileiro. O inventor suspendeu os demais compromissos e aceitou o convite na hora.

Ao chegar em solo brasileiro, recebeu expressivas homenagens da população e, enfrentando as dificuldades dos caminhos, chegou aos Saltos de Santa Maria. Ficou deslumbrado com a beleza natural da região e com a exuberância das quedas d’água. Quando soube que Jesus Vall, de nacionalidade uruguaia, era o proprietário das terras onde estavam as cataratas, Santos-Dumont entendeu que aquela privilegiada área, por estar no Brasil, não podia ser propriedade particular de um estrangeiro. Deveria ser patrimônio brasileiro. Decidiu, então, ir a Curitiba, para falar com a maior autoridade governamental do Paraná.

Segundo o escritor Mário Rangel, “por não existirem estradas até Guarapuava, a viagem foi feita a cavalo e iniciada em 27 de abril. Durante seis dias Santos-Dumont percorreu mais de 300 quilômetros na mata virgem, pelo aceiro que protegia as linhas telegráfica e telefônica. Tendo por companhia o guarda-linha e um soldado, ele subiu e desceu morros, atravessou área indígena, pântanos, riachos e precárias pontes, cumprindo o trajeto Foz do Iguaçu, Laranjeiras do Sul e Guarapuava. Finda a viagem a cavalo, seguiu de carro para Ponta Grossa e, finalmente, de trem, chegou à capital paranaense, sendo muito festejado em todos os lugares por onde passou. No dia 8 de maio de 1916, Santos-Dumont foi recebido pelo governante paranaense e sugeriu que, na região das cataratas, fosse construído um Parque Nacional”.

Essa viagem, posteriormente, passou a ser conhecida como Cavalgada Patriótica.

O decreto nº 653, de 28 de julho de 1916, assinado por Affonso Alves Camargo, presidente da Província do Paraná, reservou a “área de terras junto às Cataratas do Iguaçu, denominadas Santa Maria, na fronteira com a República Argentina, para o estabelecimento de uma povoação e um parque”. A área, de 1.008 hectares, situada na margem direita do Rio Iguaçu, junto aos Saltos de Santa Maria, foi declarada de utilidade pública. Em1930 foi ampliada a área desapropriada e, em 10 de janeiro de 1939, por meio do Decreto-Lei nº 1.035 do então Presidente da República Getúlio Vargas, foi criado o Parque Nacional do Iguaçu, que recebeu da Unesco, em 1986, a distinção de Patrimônio Nacional da Humanidade. Em 11 de novembro de 2011, as Cataratas do Iguaçu receberam o honroso título de uma das Novas Sete Maravilhas Mundiais da Natureza.

Um fato que deve sempre ser lembrado:

GRAÇAS AO EMPENHO DE ALBERTO SANTOS-DUMONT, AS CATARATAS DO IGUAÇU PERTENCEM AO BRASIL.

São Paulo, 11 de novembro de 2021.

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  Laurete Godoy  – pesquisadora e escritora. Autora do livro Brasileiros voadores – 300 anos pelos céus do mundo.