A Lava Jato nas urnas.

A Lava Jato nas urnas. Por Aylê-Salassié F. Quintão

A Lava jato nas urnas: Moro e Dallagnol alternativas  para a  tal de 3ª via  

 Deltan e Moro A Lava Jato nas urnas.

Quando os cínicos se juntam: “A Lava Jato era um partido político!”. Assusta, sim, as possíveis candidaturas às eleições de 2022 do ex-juiz Sérgio Moro, do ex-procurador Deltan Dallagnol ou do ex-chefe da Procuradoria Geral da República, Rodrigo Janot. Pode ser a oportunidade de um julgamento popular dos denunciados e presos por corrupção pela Operação Lava Jato, cujas decisões foram desqualificadas pelo Supremo Tribunal Federal. 

Não se tomou conhecimento das provas materiais (o domínio do fato) , como dos R$ 12 bilhões  recuperados em contas no exterior, nem  de montante igual perdido em financiamentos para países reconhecidamente inadimplentes . O Brasil foi feito de bobo, sem conhecimento dos brasileiros.  Por aqui tudo se assentou no silêncio dos inocentes.

 A Lava Jato nas urnas. Por extensão, serviria para testar também a aprovação popular do   aparelhamento das instituições que configuram o Estado Brasileiro e paralisa o processo de desenvolvimento.  Poderia levar também à exclusão do tapetão desses fantasmas    que insistem em   prometer tudo, nunca a moralidade pública – “É fascista!” – acusam, com cínica autoridade, os personagens já do Halloween. A vergonha parece ter perdido o sentido.

  Nenhum desses três é político. Fizeram belas carreiras no Judiciário. Foi lá, ao aprofundarem-se no estudo da compra de votos no Congresso Nacional (Mensalão), que descobriram a máfia que se apoderou das diversas instâncias do Governo e, por extensão, dos cofres públicos.  Bom que não sejam mesmo políticos. Por aqui, isso, hoje, não serve, infelizmente, de aval. 

Estamos a um ano das eleições. A corrida eleitoral chama para uma “terceira via,” um jogo de paradoxos.  Confia-se na ausência de memória e na baixa politização dos brasileiros. Devem-se ter concluído, entretanto, que tudo tem de passar mesmo pelo povo, essa maioria que assiste ignorada ao espetáculo da ingovernabilidade, protagonizado, sem pudor, nos alto escalões da política. 

Em pleitos anteriores, investiu-se nas alternativas para uma transformação social profunda na sociedade brasileiras. Os eleitos seguiram outros caminhos.  Ampararam-se no modelo FHC na economia, na justiça social de d. Ruth Cardoso, e tentando-se repetir Getúlio na política. Os proselitismos retóricos não guardavam relação com aqueles compromissos. E o respeito internacional foi perdido nos comportamentos levianos ante Obama, Merkel, Putin e até de Xi Jinping. Tornou-se quase impossível   olhar para trás com boa fé, sem ver, distante, essa cadeia de conchavos externos que quase quebrou Brasil.

 Reunia os Kirchner (Argentina), Morales (Bolívia),  Ortega (Nicarágua), Rafael Correa(Equador), Olanta (Peru), Fidel (Cuba), Chávez  e Maduro (Venezuela), Lugo(Paraguai) Lula e Dilma (Brasil) e o que parecia mais sensato entres eles, o ex-guerrilheiro, José Mujica, do Uruguai.  O Pib desses países foram lá embaixo, gerando as sequelas que aí estão com a desqualificação dos sistemas produtivos, altos indicadores de desempregos e uma forte perda da identidade. Quase se acabou com o Mercosul. 

Em nome de fantasiosas organizações de integração regionais esses governantes usaram e abusaram dos recursos gerados tanto pelo Estado quanto por empreendedores privados regionais de sucesso. A dinâmica da geração de riquezas pelos segmentos produtivos, de empregos e de captação de divisas foi, entretanto, quebradas com a desativação de muitas empresas.  

É com vergonha, democrática, que se assiste Daniel Ortega e sua mulher, Rosario Murillo, chamada “familiarmente” de “co-presidenta”, reconduzindo—se, artificiosamente, pela terceira vez, à chefia do Estado, na Nicarágua, sob um quadro de forte repressão e de uma economia desmatelada.  É o segundo mais pobre da América Latina. Assisti in loco a ascensão do jovem Ortega, falando em nome da revolução sandinista, contra os governos das famílias Somoza e Chamorro. 

O que prolongou a existência desses regimes, mal configurados teórica, ideológica e economicamente, inclusive o cubano, foi   o processo de repressão interno explícito, e a emigração que expulsou as oposições.  Tentando acompanhar o mesmo compasso, o Brasil chegou a ter sua quase total desclassificação na economia internacional.

 A Operação Lava Jato, única esperança de alguma moralidade para o país nestes últimos anos, vai às urnas buscar a legitimidade popular que a casta do STF lhe negou. Nas eleições de 2022, os brasileiros terão a chance de aprovar, nas urnas, a corrupção ou condená-la em definitivo.  “We can” – insistia Obama.

 Difícil afirmar que os procuradores vão conseguir êxito aqui fora, mas, o povo poderá tomar conhecimento, finalmente, na campanha, das transgressões empurradas para debaixo do tapetão.

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Aylê-Salassié F. Quintão – Jornalista, professor, doutor em História Cultural. Vive em Brasília. Autor de “Pinguela: a maldição do Vice”. Brasília: Otimismo, 2018

 E autor de Lanternas Flutuantes:

Português –   LANTERNA FLUTUANTES, habitando poeticamente o mundo
Alemão – Schwimmende-laternen-1508  (Ominia Scriptum, Alemanha)
Inglês – Floating Lanterns  
Polonês – Pływające latarnie  – poetycko zamieszkiwać świat  
Tailandês – Loi Kathong (ลอยกระทง) .
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