Caneta aqui, caneta ali. Cacalo mira em vermelho
Do que consegui aprender e apreender da reforma ortográfica, algumas palavras perderam os acentos, porém sem mudança na pronúncia da sílaba tônica. Por quê, então, o Jornal Hoje virou “Jôrnal” Hoje? Dêspreparado, bêneficiários, têmperaturas… Glorinha Beuttenmüller (fonoaudióloga que era responsável pela boa dicção na Globo), onde está você? Cansou-se das “mudernidades”? Do tô, do tá? Ainda tem o festival de anacolutos, a presidente Dilma, ela; Renan Calheiros, ele. E por que todo mundo tem de ser engraçadinho agora? Tem também uma coisa cansativa, o entrevistismo, “ O que a senhora está achando dos preços? “Ah, meu filho, uma loucura, muito altos (em geral, a resposta é caros, um erro, produto é caro, preço é alto)”. Não sei o que faria sem essa entrevista… Ah, uma novidade: de vez em quando está saindo um “no” Pernambuco! Há uma certa liberalidade em relação a Recife, em e no, mas, no Pernambuco é dose pra leão. No Jornal da Band, o ministro Gilmar Mendes passou a ser “Gílmar”. Por quê?
Na minha atividade, sou obrigado a ver e a ler de tudo, gostando ou não do que vejo ou leio. Assisti, ontem (15), a um dos programas mais deprimentes que vi na vida, Espaço Público, TV Brasil, da EBC, atual assessoria de imprensa do Planalto, segundo palavras do ministro Edinho Silva, da Secom. Tive a chamada vergonha alheia, dois jornalistas tentando engabelar dr. Hélio Bicudo, cada pergunta que fizeram era uma tentativa de defesa do governo ou de pegar o entrevistado no pulo e levaram um baile. Foi um triste espetáculo de desfaçatez. E o Conselho Curador assiste a tudo e não se mexe.
Mais uma “qualidade” a acrescentar ao currículo do deputado Darcísio Perondi, fugiu da escola: “Ela prometeu que não iria intervir, mas interviu…”. É interveio, Excelência…
Ruy Castro, na Folha (14): “Paira uma sensação de que, assim como o presente, nosso futuro já fracassou.”.
Três coisas em que mais acredito: Papai Noel, coelhinho da Páscoa e desmentidos dos nobres parlamentares. Os desmentidos deles lembram-me de uma reportagem que fiz há milênios na Casa de Detenção paulistana, todos os detentos se disseram inocentes e injustiçados.
(CACALO KFOURI)