O cerco à Lava Jato. Por Edmilson Siqueira
O CERCO À LAVA JATO
EDMILSON SIQUEIRA
Com o fim do imposto e da mamata, a CUT agora se presta a fazer cálculos de como a Lava Jato “prejudicou” o país. E chega a esses números fantásticos como se a corrupção e sua gigantesca aliada, a burocracia, não tivesse afastado do Brasil muito mais investimentos do que esse resultado a que a entidade petista chegou.
Aquela colunista da Folha que sempre tem as últimas e exclusivas informações favoráveis ao PT e sobre decisões contra a Lava Jato, publicou hoje que a maior operação de combate à corrupção que o mundo já viu impediu que ao Brasil chegassem investimentos de R$ 172,2 bilhões e ceifou cerca de 4,4 milhões de empregos. O cálculo, claro, é de uma entidade que muito se aproveitou a corrupção e de outros desmandos dos governos petistas, a CUT, que, como se sabe, vivia de um imposto sindical bilionário, pago por todos o brasileiros com carteira assinada, fossem sindicalizados ou não, cujo destino o governo impediu que fosse fiscalizado.
Ou seja: tirava-se dinheiro do trabalhador e não lhe dava a mínima satisfação de onde esse dinheiro era usado. Deve ter servido pra eleger muitos petistas, embora entidades sindicais sejam proibidas de colaborar com campanhas. Mas isso seria apenas a ponta de um gigantesco iceberg de desvios bilionários sobre aos quais a entidade jamais terá de prestar contas. Ela e também as outras “sindicais” que se lambuzaram nos bilhões retirados dos nossos bolsos à força.
Com o fim do imposto e da mamata, a CUT agora se presta a fazer cálculos de como a Lava Jato “prejudicou” o país. E chega a esses números fantásticos como se a corrupção e sua gigantesca aliada, a burocracia, não tivesse afastado do Brasil muito mais investimentos do que esse resultado a que a entidade petista chegou. Ou como se a corrupção não pudesse ser combatida porque afasta investimentos e causa desemprego. A tese oculta é essa mesmo: deixem a corrupção florescer porque ela é boa para o país!
O que a colunista do PT não conta é que inúmeros empreendimentos deixaram de acontecer no Brasil devido à corrupção. Não se tem, como nesse “estudo” da CUT, um cálculo preciso de quanto deixamos de receber em investimentos por causa da corrupção. Mas sabemos o que ela causou no Brasil nessas décadas todas em que imperou tranquila e protegida por governos inteiros. Ela não escreverá jamais que os bilhões surrupiados dos cofres públicos causaram milhares de mortes por falta de assistência médica, mortes por falta de recursos a manutenção das ruas, avenidas e estradas, por falta de recursos para o combate ao crime, por falta de recursos para a educação que levou muita criança para a marginalidade. Esses notórios fatos causados pela corrupção, a colunista jamais deles se ocupará.
Quando uma investigação sobre lavagem de dinheiro em que um posto de gasolina que tinha um lava a jato era usado pelos bandidos, avançou para figuras importantes da política, teve início uma operação que não iria encontrar paralelo no mundo tal a quantia de gente graúda – políticos e empresários – e de dinheiro envolvidos. Muita gente deve se lembrar de um talk show da tevê norte-americana, onde o apresentador fez um quadro sobre as descobertas iniciais da operação. Ele contava, com muito humor, as peculiaridades da roubalheira tupiniquim e, no fim, fazia a maior cara de espanto ao revelar o montante de 800 milhões de dólares (pouco mais de 2 bilhões de reais, à época) como fruto da corrupção. E repetia quase gritando: “Oitocentos milhões!”
Pois é, aquele valor não seria nem a metade do total arrecadado com a operação. No rastro das descobertas, os culpados começaram a ser apontados. As delações premiadas começaram a pipocar e um esquema gigantesco, oriundo do governo, foi sendo revelado. Todas as cúpulas de todos os partidos que apoiavam o governo, recebiam propinas gigantescas para manter o apoio. Além disso, ministros e diretores de estatais também se enriqueciam com as partes que lhes cabiam. O próprio presidente da República não precisava se preocupar: ganhou apartamento triplex (construído, aliás, por uma gigantesca cooperativa fraudulenta criada por sindicalistas ligados ao PT que deixou dezenas de famílias no prejuízo por não entregar o prometido no contrato), ganhou um sítio que passou por reformas cinematográficas feitas gratuitamente por uma das construtoras envolvidas no esquema e recebia cachês de milhares de dólares por palestras que nunca realizou.
A farra da corrupção era total e o sucesso da operação que a combateu foi tão grande que o Brasil foi às ruas em seu apoio, acreditando piamente que, a partir dela, o país conseguiria acabar com um de seus maiores e mais assassinos males. Os seus principais condutores, o promotor chefe Deltan Dallagnol e o juiz federal Sergio Moro, foram guindados à posição de heróis nacionais e até um presidente foi eleito tendo como base de sua campanha o total apoio à operação e o combate firme e duradouro à corrupção.
Mas, como dizia Tom Jobim, o Brasil é para profissionais. Com muito dinheiro escondido por aí, os maiores corruptos presos – o próprio presidente Lula e outros – articularam suas caríssimas defesas não no sentido de provar a inocência, mas sim de destruir a reputação de seus algozes, contando, para tanto, com a ciumeira generalizada que a condição de heróis causou e com o fato – esse mais importante ainda – de que não há setor no governo brasileiro que não esteja envolvido em corrupção.
Assim, faz todo sentido esse estudo da CUT – central criada pelo PT – , pois para todos eles do Executivo, do Judiciário e do Legislativo interessa enterrar de vez não só os “heróis”, que apenas cumpriram os seus respectivos deveres, incutindo neles culpas que jamais tiveram e, pior ainda, baseada em provas totalmente ilegais e manipuladas como enterrar a própria Lava Jato, anulando suas sentenças todas e liberando geral a bandidagem de colarinho branco para novas aventuras de acesso ao erário. E interessa também impedir que outras operações desse tipo nasçam por aí. Para tanto, todas as forças atingidas e as que provavelmente seriam atingidas em futuro bem próximo, se uniram em torno do fim da Lava Jato e da execução em praça pública de seus heróis.
O governo Bolsonaro, por razões fartamente noticiadas, é um dos novos baluartes dessa operação “Arrasa Lava Jato”. Eleito como um paladino da corrupção, virou casaca rapidinho quando se descobriu que ele e sua família eram uma espécie de empresa de arrecadação ilegal de dinheiro oriundo dos salários dos servidores contratados para seus gabinetes. Com o poder de sua caneta, tratou de se livrar dos que nele acreditaram e aparelhar todas as instituições que poderiam investigar a ele, sua família e seus mais que suspeitos amigos. Obviamente, caiu nas graças do petistas que querem vingança e se manter impunes, dos políticos todos do Congresso que têm rabos presos nas propinas passadas e estão loucos para entrar em novas listas de valores não contabilizados e de juízes, desembargadores e ministros do STF que têm obrigações a cumprir com amigos que os indicaram para o cargo e outras mumunhas que, com certeza, há.
A execração em praça pública dos heróis que iniciaram – apenas iniciaram – o combate à gigantesca corrupção brasileira é só mais um passo que a elite governamental dá em direção à manutenção do poder – o que ela faz há séculos – e à perpetuação da impunidade, pela qual sempre lutou em todas as esferas do poder.
Ao fim dessa desgraça da pandemia, talvez o povo honesto deste país possa pensar em novamente se organizar e sair às ruas para forçar a volta de operações como a Lava Jato e a condução à cadeia dos corruptos todos. Até lá, nos resta tentar alertar o povo que voto não se vende por esmolas, que corrupção é um mal que precisa ser extirpado e que o populismo que o Brasil vem assistindo desde a eleição de Lula, só nos levará cada vez mais ladeira abaixo da moralidade e nos impedirá de construir um país que se desenvolva de modo sustentável. Se os alertas não surtirem efeito é porque estamos condenados a ser um paiseco de terceiro mundo para todo o sempre.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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Parabéns pelo ânimo , neste dia de luto nacional, e lembrar -nos que as ruas nos esperam novamente como fizemos a partir de 2015. Previsões de taróloga que elas começarão em junho/21 e serão reprimidas pelas polícias militares.