De ruim a pior. Por Edmilson Siqueira
… Bolsonaro, eleito com um discurso que combatia tudo que houvera de ruim antes dele, tirou a máscara bem cedo, se livrou de alguns bons parceiros e se enveredou por um caminho de horrores que poucas vezes o mundo viu num governante eleito…
Quanto mais governa, menos apoio ele tem. É assim que vem ocorrendo no governo de Jair Bolsonaro desde seu primeiro dia. Em nenhum momento seu governo conseguiu dar um salto à frente, com exceção de quando ele deu mais dinheiro ao povo que, na falta de qualquer outro critério e por total desconhecimento do mundo em que vive, vota com o estômago. Foi esse povo que garantiu a continuidade de Lula, Dilma e suas formidáveis corrupções no poder por 14 anos. A grande diferença a favor dos corruptos dada pelo voto dos famintos do Brasil, garantia que a os votos contra dos centros mais desenvolvidos não fosse suficiente para superar a vantagem.
Por isso, Bolsonaro tenta, neste último ano de desgoverno, inaugurar obras – qualquer obra – principalmente no Nordeste e intimou seu serviçal na Economia, o ex-liberal Paulo Guedes, a arranjar dinheiro para comprar votos dos mais pobres para tentar se reeleger.
Dificilmente vai dar certo por vários motivos. O principal deles está nas mãos justamente do serviçal que, junto com o seu chefe, abandonou todas as promessas de campanhas para tentar se manter no poder. É que a economia está mal das pernas e não se vê horizonte favorável à sua recuperação, pelo menos nos próximos dois ou três anos. Vai daí, as obras que eventualmente serão inauguradas, com bandinhas de música e criancinha no colo, serão pífias e o principal recurso para comprar os carentes não passará de 300 reais por mês, muito pouco para mudar o voto da maioria.
Essa quantia, diga-se, está sendo criada com artimanha que pode ser contestada na Justiça, já que tira dinheiro de quem está esperando anos e anos para receber dívidas incontestáveis e que deveriam ser pagas imediatamente. Enquanto, claro, bilhões são destinados a partidos políticos para realizarem suas campanhas e embolsarem boa parte delas – como sempre acontece – e outros bilhões são distribuídos secretamente a parlamentares escolhidos a dedo que os dividem com prefeitos e governadores. Ou seja, Bolsonaro juntou seu péssimo governo em todas as áreas com a corrupção desenfreada de seu antecessor que ele tenta vencer. Ambos são farinhas do mesmo saco e só têm como objetivo se manter no poder e enriquecer seus aliados e a eles mesmos.
Bolsonaro deve ser o primeiro presidente desse Bananão que não vai se reeleger desde que o instituto da reeleição foi instalado. FHC que, dizem, comprou a reeleição (o que nunca foi provado) recentemente disse que se arrependeu de lutar por ela, a levou com um pé nas costas, ganhando no primeiro turno, como já tinha feito na primeira eleição. Os outros – Lula e Dilma – sofreram mais, indo para o segundo turno contra tucanos e, não fosse o descarado uso e abuso da máquina estatal, não teriam conseguido um segundo mandato.
Mas conseguiram e tanto fizeram que criaram um monstro que os substituiu e que, de tão ruim, criou um ambiente agora para a volta dos corruptos que haviam derrotado. Ambos se completam, diga-se, na destruição do que entendemos como nação.
O PT, seja com Lula ou Dilma, enveredou a economia do país por um caminho que parecia não ter volta e apontava para o caos, o que seria favorável à perpetuação no poder e a uma democracia relativa, própria das ditaduras que não se apresentam como tal. A criação de campeões nacionais dos negócios, secundados por uma formidável corrupção que enriquecia a todos – governantes, parlamentares e empresários – era uma espécie de sistema viciado, onde todos os participantes ganhavam e o país e o povo perdiam.
Bolsonaro, eleito com um discurso que combatia tudo que houvera de ruim antes dele, tirou a máscara bem cedo, se livrou de alguns bons parceiros e se enveredou por um caminho de horrores que poucas vezes o mundo viu num governante eleito.
O Brasil depois de três anos de Bolsonaro é uma desgraça só. A inflação só cresce, a pobreza aumenta, o PIB não consegue se recuperar e, pra completar o quadro de horrores, uma pandemia de gigantescas proporções foi combatida de forma totalmente errada e criminosa pelo governo federal resultando, até agora, em 600 mil mortos, a segunda marca no mundo, embora o Brasil seja a sexta população mundial. E, não fosse a seriedade de governos estaduais e municipais, que tomaram as rédeas do enfrentamento sério da covid 19, o Brasil poderia estar amargando alguns milhões de mortos.
Portanto, não é razoável esperar que uma economia combalida e um presidente que jamais demonstrou ter algum plano de governo ou uma mínima inteligência para enfrentar situações difíceis, consiga, em menos de um ano, superar o caos que criou.
E é nesse flanco, aberto pela incompetência do governo Bolsonaro, que deve entrar o candidato do centro, a chamada terceira via. Se conseguir convencer cerca de 30% do eleitorado no primeiro turno, no segundo as forças antipetistas se juntarão ao centro e elegerão, por fim, alguém que tenha a sensatez como norte e o desenvolvimento real e sustentável do Brasil como fim.
É o que todos os brasileiros honestos desejam.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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“É o que todos os brasileiros honestos desejam.”
– Caro Edmilson: creio que sentamos lado a lado na mesma arquibancada, torcendo por isso. Mas já vou começar a enrolar a bandeira (o que fazer depois com ela?): atado por essa legislação direcionada, por essa estrutura político-partidária carcomida, pela imprensa unilateral, pelos costumes depravados, QUEM vai resistir e conseguir vitorioso ou, pelo menos, ileso? – JC não se imiscui em política…
Abraço e grato pela lucidez das suas análises,
A.
Meu caro, está muito difícil mesmo, mas vamos deixar a esperança morrer por último, senão nada mais restará. Grato e abraços.