Uma pequena notícia boa. Por Edmilson Siqueira
UMA PEQUENA NOTÍCIA BOA
EDMILSON SIQUEIRA
… dá uma aprovação de apenas 28% para o ex-capitão que faz plantão na cadeira presidencial do Planalto. Esse índice é promissor, pois significa que cada vez mais a população está percebendo que Bolsonaro é mesmo uma fraude, que está conduzindo de forma totalmente suicida o combate à pandemia e que só se interessa em se reeleger pra continuar roubando dinheiro público…
Apesar do desespero de muita gente que não se conforma em ver um inacreditável imbecil como presidente da República, determinando, a cada pronunciamento que arrota, um maior número de mortes – sim, há gente que segue seus conselhos e enfrenta o vírus, como se o novo coronavírus tivesse medo de cara feia e pega a doença, lotando hospitais e, se não morre, ocupa o lugar de alguém que vai morrer na fila – há uma notícia até que boa no front político: a última pesquisa Ipec (instituto que reuniu a equipe do Ibope), dá uma aprovação de apenas 28% para o ex-capitão que faz plantão na cadeira presidencial do Planalto.
Esse índice é promissor, pois significa que cada vez mais a população está percebendo que Bolsonaro é mesmo uma fraude, que está conduzindo de forma totalmente suicida o combate à pandemia e que só se interessa em se reeleger pra continuar roubando dinheiro público.
Como? Aponte uma corrupção no atual governo!, dirão os membros do rebanho cloroquineiro. Ora, senhores e senhoras, como o filho de um presidente, compromete mais de dois terços de sua renda familiar conhecida e legal com a prestação, durante 30 anos!, de uma mansão de seis milhões de reais? Não pode ser do sacrifício que toda família bolsonarista mais os Queiroz e milicianos de sempre, vão fazer para dar ao filho do chefe moradia digna de um petista bem-sucedido nas recentes tramoias da Petrobras. Não se tem notícia também que o preclaro senador está produzindo vaquinhas digitais para pagar tão alta prestação por tantos anos e quitar os alto valor que ainda resta dos quase 6 milhões do valor do imóvel (que, dizem, vale muito mais que isso…).
Acontece que o constrangimento que tal aquisição causou – até nos meios aliados fardados e não fardados – é evidência de que a explicação para tanta riqueza não cabe na declaração de imposto de renda nem no valor da venda de uma lojinha de chocolates num shopping carioca. Ainda mais quando o comprador é investigado por desviar recursos dos salários de seus subordinados em gabinetes no valor de… 6 milhões de reais. Claro que a coincidência de valores é apenas coincidência mesmo, mas o imaginário popular levanta altos voos numa situação dessa.
Pois se o índice de popularidade, de aceitação, de aprovação do presidente de plantão continuar a derreter como vem derretendo, o Centrão, por exemplo, esse fiel companheiro de todos os banquetes de qualquer governo, ao perceber nas próximas eleições que Bolsonaro é tóxico vai tirar a escada que o sustenta e deixar que ele se mantenha no alto da parede segurando na broxa.
O derretimento de Bolsonaro nas pesquisas, sabe-se, está ligado também ao fim do auxílio emergencial de 600 reais que o governo deu durante quatro meses para segurar as pontas do povo que ficou desempregado ou impossibilitado de trabalhar por conta da pandemia. Acabou a graninha fácil, a popularidade começou a despencar.
Mas não é só. O fim do auxílio emergencial deveria coincidir com o início do fim da pandemia, como está acontecendo em vários países do mundo. Com a volta à normalidade, comércio funcionando, as pessoas voltando a consumir em bares, restaurantes, shoppings etc., não haveria necessidade de mais dinheiro para os mais necessitados já que, como antes da pandemia, eles iriam se virar, mesmo porque, emprego que é bom não vai haver tão cedo, afinal o vírus só fez aumentar uma taxa de desemprego que já era enorme.
Só que os comportamentos e ações do presidente e sua tralha de ministros e assessores para o enfrentamento da pandemia foram tão errados, que a peste ao invés de ir diminuindo o contágio e as mortes, se nutriu o suficiente para uma trágica sobrevida, iniciando uma segunda onda não só com mais contágios como também com novas mutações, criando cepas mais contagiantes e, talvez, mais resistentes. E, com isso, o Brasil talvez seja o único país do mundo onde o recorde de contágios, de mortes diárias e de médias de mortes em duas semanas, esteja batendo recordes na segunda onda da pandemia.
Na base do desespero, Câmara e Congresso se apressaram em votar novas medidas para minorar o sofrimento do povo que ficou sem os seiscentos paus na virada do ano. Assim, está praticamente aprovado um novo auxílio emergencial, que começaria ser pago ainda neste mês de março.
Só que há problemas para que a aprovação popular do dito cujo volte a subir por causa da grana. Primeiro que o valor não deve ultrapassar 250 reais, uma merreca para passar o mês em qualquer lugar do Brasil. Isso porque há uma dívida monstruosa e crescendo, uma Lei de Responsabilidade Fiscal à espreita de qualquer furo do teto de gastos, a busca de dinheiro via títulos públicos está exigindo juros cada vez maiores, a inflação ameaça soltar suas amarras e o caixa do Tesouro está praticamente vazio sem recursos além dos gastos previsto na Constituição.
Pra complicar ainda mais, há os colapsos da rede hospitalar em quase todas as capitais e em muitas cidades grandes, o fechamento quase total do comércio, a paralisação da indústria e o recrudescimento das ordens de quarentena para evitar mais mortes tanto nas UTIs quanto nas filas, com a necessidade de o país ficar parado por mais um tempo, atrasando qualquer retomada da economia, cuja recessão ficou bem clara nos 4,1% negativos do PIB em 2020.
Enfim, as péssimas notícias agravadas pelo errático e criminoso comportamento presidencial têm, lá no fundo, mas bem lá no fundo mesmo, pelo menos um detalhe que é bom. É a popularidade do falso mito indo pra casa do chapéu e com poucas possibilidades de ser retomadas.
Como apeá-lo do poder legalmente, malgrado todos os mais que notórios crimes cometidos, é tarefa que, por enquanto, a maioria do deputados e senadores devidamente comprados, não aceita, fiquemos com a esperança que o sacrifício de tantos brasileiros não terá sido em vão: servirão de exemplo de como um presidente pode ser um genocida e que jamais poderá ser reeleito. Se ele não cair até lá, não deixemos esmorecer nossa indignação com essa aberração no poder.
Que ele vá para a ponta que partiu do ostracismo político e lá desapareça para todo o sempre.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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