O Mundo Verde. Blog do Mário Marinho
O MUNDO VERDE
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Campeão da Libertadores 2020, o Palmeiras entra em campo amanhã, 2, para jogar contra o Botafogo pelo Brasileirão, jogo que será disputado às 16 horas, no Allianz Parque.
Depois de amanhã, quarta-feira, 3, o Verdão embarca em avião fretado rumo ao Catar, em cansativa viagem de 15 horas.
Na próxima quinta-feira, conhecerá o seu adversário que sairá do jogo entre o Tigres, do México, e o Ulsan, da Coreia do Sul.
No domingo, finalmente, mas ainda não totalmente descansado, o Palmeiras entra em campo e faz sua estreia em busca do tão sonhado título Mundial.
Ou seja: a comemoração pela espetacular e merecida Libertadores já era.
Com o calendário mexido e remexido – também vítima da Covid – o futebol de hoje me faz lembrar tempos idos e vividos quando nosso calendário era uma bagunça geral.
Essa situação me traz à lembrança a conquista do Santos do Paulistão em 1969, com um empate, 0 a 0, contra o são Paulo, no Morumbi (o Tricolor ficou em terceiro lugar e o vice foi o Palmeiras).
Terminado o jogo, os jogadores comemoraram no gramado, deram a volta Olímpica, foram para o vestiário, trocaram de roupa e pegaram o ônibus rumo ao aeroporto de Congonhas (o único de São Paulo, na época).
Destino, Milão, onde, na segunda-feira, já fazia sua estreia em excursão pela Europa.
Pode-se dizer que o Palmeiras começou a colocar a mão na taça da Libertadores em outubro do ano passado, quando o time foi derrotado pelo Coritiba.
Vanderlei Luxemburgo era o técnico. Nos jogos seguintes, o time foi dirigido pelo auxiliar técnico Cebola que começou a utilizar os garotos da base.
No final do mês de outubro, a diretoria anunciou a contratação do então desconhecido Abel Ferreira.
Foi uma aposta ousada que deu certo. Abel Ferreira tratou de não inventar. Seguiu o caminho que estava traçado e deu continuidade ao trabalho de valorizar a molecada.
O Palmeiras disputava três competições: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores.
Na Copa do Brasil, decidirá o título contra o Grêmio. No Brasileirão, ainda tem chance de título.
Porém, o título mais desejado era a Libertadores, alcançada neste sábado.
A campanha foi irrepreensível, com apenas uma derrota, para o River Plate.
A decisão, sábado no Maracanã, não foi um grande jogo.
Os dois times se respeitaram e se temeram o jogo todo.
As duas grandes estrelas – Luiz Adriano, pelo Palmeiras, e Marinho, pelo Santos – não corresponderam.
As duas equipes mostraram um jogo excessivamente burocrático e previsível. Ninguém ousou nada.
A lentidão na reposição de bolas, seja na cobrança de faltas, de tiros de meta ou simples laterais transmitia a impressão de que os times apostavam na prorrogação ou na decisão por pênaltis.
Até que, já nos acréscimos, surgiu a bola bem cruzada sobre a área do Santos; a indecisão do bom goleiro santista que saiu para cortar a bola, parou e ficou no meio do caminho; e a boa cabeçada de Breno Lopes que, iluminado, havia acabado de entrar no time e, bola na rede, o gol do título.
Campeão da Libertadores, título merecido pela campanha desenvolvida pelo Verdão.
Nesse momento, a América é Verde.
A cor do mundo começa a ser decidida na próxima quinta-feira.
Ladeira
abaixo
O São Paulo foi derrotado mais uma vez.
Acabamos o primeiro mês de 2021 e nada do São Paulo alcançar uma vitória.
Sua trajetória me faz lembrar o belíssimo samba gravado por Elis Regina, cujos primeiros versos cantam:
… Segue nessa marcha triste
Seu caminho aflito
Leva só saudade…
São diversas as teses para explicar a queda que começou com a eliminação da Copa do Brasil, pelo Grêmio, em pleno Morumbi.
A primeira explicação, ou desculpa, foi o abalo psicológico.
Daí, veio aquela derrota humilhante para o Bragantino, 4 a 2.
E nunca mais o Tricolor se encontrou.
O que tenho visto nos jogos do São Paulo é um time que se preocupa demais em seguir à risca as exigências do técnico Fernando Diniz no que diz respeito ao toque de bola.
É bonito e pode ser eficiente o toque de bola. Mas tem seu momento.
Sair jogando sempre com o goleiro tocando curto para um zagueiro, é chamar o adversário para perto de seu gol, de sua área. É correr muito risco.
Quando o São Paulo contratou Daniel Alves para ser o seu camisa 10, eu escrevi aqui nesse espaço que o São Paulo perdia a chance de ter o melhor lateral direito do mundo em troca de um camisa 10 apenas razoável.
Isso tem sido provado a cada jogo que passa.
Na derrota de ontem para o Atlético Goianiense, 2 a 1, Daniel Alves só apareceu nas vezes em que cobrou escanteios. É muito pouco.
Mas, não se pode jogar tudo nas costas de Daniel Alves.
No jogo de ontem, o time do São Paulo, foi lento, apático, desinteressado, sem vontade.
Um time sem tesão.
E no campo de futebol ou na cama tesão é fundamental.
Veja os gols:
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Dois comentários de seus últimos posts:
Palmeiras: Creio que o frisson causado pelo Cuca ao segurar a bola a beira do campo, desconcentrou seu time a ponto da distração dupla do goleiro e do zagueiro Pará, que nem subiu para disputar a cabeçada com o atacante do Palmeiras, e nem impediu sua progressão em direção à mesma.
São Paulo: Além da teimosia e mesmice tática do Fernando Diniz, que passou a facilitar a marcação adversária, começou uma verdadeira queda de braço entre ele e seus jogadores, embora manifestada agressivamente do lado dele e apática do lado dos principais jogadores.
Deu no que deu, o time ladeira abaixo e a demissão do Diniz e toda sua equipe. Inclusive do Raí.
Grande Abraço a você, meu Guru futebolístico e dos petiscos mineiros!!!
Diniz Augusto Cepeda
Caro Diniz,
É sempre um prazer muito grande ter Você como leitor.
Permita-me, democraticamente, discordar de Você no que diz respeito ao gol do Palmeiras.
Um gol no último minto, de bola cruzada sobre a área, jogo que decide o título da Libertadores, não tem desculpa extra-campo. Só se fosse uma tragédia, uma hecatombe.
O Pará é um jogador de larga bagagem e até já foi bicampeão da Libertadores. Não pode deixar o adversário saltar sozinho daquela forma.
E o goleiro que, aliás, e um bom goleiro, não pode sair nunca e ficar no meio do caminho.
Duas falhas que custaram o título.
Quanto ao São Paulo, concordo plenamente com Você.
Fico triste cm a saída do Fernand Diniz, mas ele foi muito teimoso no seu esquema de jogo.
Na verdade, o esquema ou a filosofia de jogo acabou sendo, na visão dele, mais importante que os resultados que o time precisou.
Virou uma coisa meio doentia, narcisista.
Certa vez, Narciso estava à beira de um lago. Já fazia tempo que olhava aquelas águas calmas.
Um cisne, que habitava aquele lago, observou:
– Puxa, Narciso, Você gosta mesmo deste lago. Está aí há um tempão contemplando suas águas.
Narciso respondeu:
– Eu contemplando? É o lago que está me contemplando.
Abração,
Mário Marinho.