Quem vai levar essa Taça? Blog do Mário Marinho
QUEM VAI LEVAR ESSA TAÇA?
BLOG DO MÁRIO MARINHO
A pergunta que mais ouvi nos últimos dias foi: ‘Quem vai vencer?”
Mesmo sabendo que essa é uma pergunta sem resposta conclusiva, os torcedores não se cansam de repeti-la.
Claro, os santistas estão cansados de saber a resposta: vai dar Santos!, afirmam com convicção.
Não tem dúvida, vai dar Palmeiras, afirmam os palmeirenses sem pestanejar.
Os anti-palmeirenses também não titubeiam: vai dar Santos.
Os anti alegam: tem que dar Santos, senão o Palmeiras vai para a final e, aí, corre o risco de ganhar o mundial. Portanto, fim da velha piada, fim da discussão: o Palmeiras terá, sim, sem sombra de dúvidas, o Mundial.
Todos sabemos que o futebol está longe, miríades de quilômetros de distância da ciência exata.
Aliás, o que faz do futebol essa paixão mundial, é sua capacidade de tornar provável o improvável.
Ou seja: a possibilidades de zebras.
Aliás, você sabe a origem do termo zebra?
Você conhece o jogo do bicho, cm certeza. É aquele jogo ilegal que reúne 25 bichos que são sorteados todos os dias.
Hoje o jogo do bicho praticamente não existe, mas já foi muito forte.
São várias as versões com datas e times diferentes.
Mas, o personagem é sempre o mesmo: o técnico Gentil Cardoso, um excelente frasista.
Dois exemplos de frases dele:
- “Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência”;
- “O craque trata a bola de você, não de excelência”
Consta que, em 1952, o forte Vasco da Gama, dirigido por Gentil Cardoso, iria enfrentar o fraco Olaria.
Quando perguntaram ao Gentil Cardoso sobre o perigo do Vasco perder aquele jogo, ele, irreverente como sempre, disse:
– A possibilidade do Olaria vencer é a mesma de dar zebra no jogo do bicho.
Não havia a zebra entre os 25 bichos do jogo.
Mas o Olaria ganhou. Portanto, deu zebra.
De todo jeito, o Vasco tornou-se campeão carioca naquele ano.
Voltemos ao nosso assunto.
Se pudéssemos analisar um jogo de futebol com a frieza e a certeza da matemática, eu expressaria minha opinião assim:
Palmeiras
52%
Santos
48%
Acontece, como já foi dito, que a graça do futebol está na sua capacidade de produzir resultados inesperados.
A mim, me parece que o Palmeiras tem o time mais sólido.
O Santos costuma apresentar comportamento mais variável.
De todo jeito, a diferença em números que citei acima, é muito pequena para garantir favoritismo real.
Os dois times se parecem dentro de campo, embora com histórias bastante diferentes fora dele.
O Palmeiras tem organização mais sólida, sua diretoria navega em águas mais tranquilas.
Desde que conseguiu o patrocínio da Crefisa, o Verdão ganhou a estabilidade financeira e fez investimentos caros.
Muitos deles não deram certo.
Daí, foi buscar solução e alento na molecada.
Sábia decisão.
Aí estão Gabriel Menino, Patrick de Paula, Danilo…
Do lado do Santos, a história foi bem diversa.
Afogado numa crise política interna, o Santos se viu também impedido pela Fifa de fazer contratações por problemas de não pagamento de antiga contratação.
O jeito foi se voltar para a molecada.
A incrível máquina de produzir Meninos da Vila não para.
São oito jogadores de até 21 anos que estão entre os profissionais: Marcos Leonardo, atacante de 17 anos; Derick, 18, zagueiro; Ivonei, meia, 18; Kaio Jorge atacante, artilheiro; Lucas Lourenço, 19, atacante; Alex Nascimento, 20, zagueiro; Wagner Leonardo, 20, zagueiro; Taílson,21, atacante.
Nenhum dos dois times tem um craque, craque de verdade, aquele que mete medo no adversário, que desequilibra o jogo.
Mas cada um tem seu jogador perigoso, artilheiros, oportunista, competente: Luiz Adriano no Verdão e Marinho no Santos.
Fora de campo os dois estão bem.
No Palmeiras, caiu como uma luva o desconhecido Abel Ferreira. Chegou mostrando seriedade, poucas palavras, muito trabalho, não quis inventar e trabalhou com o material que tinha, alcançando esse resultado.
Do lado do Santos, o técnico Cuca chegou no meio do ano, bem no turbilhão que o Santos estava enfrentando.
Cunhou uma frase que repetiu com a frequência de um mantra: “Só o trabalho vai recuperar o Santos”.
E o resultado do seu trabalho está aí: chegou a Maracanã para a decisão desse sábado.
Com se vê, é tudo muito parecido.
Além disso, o Imponderável de Souza está em atento plantão.
Um escorregão no gramado; uma bola mal atrasada; um passe errado; uma bola que pega na canela; um falha impensável de um jogador qualquer ou de um bandeirinha, de um juiz…
Tudo pode acontecer.
______________________________________________________________________________
Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
_______________________________________________