Que é isso, goleiro? Blog do Mário Marinho
QUE É ISSO, GOLEIRO?
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Ser goleiro é mais do que ocupar uma posição num time de futebol: trata-se de uma vocação.
Muitas vezes essa vocação segue uma linha hereditária.
São muitos os casos de mais de um goleiro em uma mesma família.
Só para ilustrar, minha família. Meu pai, o saudoso Paulo Marinho, foi goleiro na época de sua juventude, em jogos de futebol que eram disputados em campos improvisados nos muitos pastos na pacata cidade de Pium-í, Interior de Minas Gerais, no final dos anos 20, começo dos anos 30.
Meu irmão mais velho, o Márcio, foi goleiro, este sim profissional, defendeu o Cruzeiro e chegou à Seleção Mineira.
Logo abaixo do Márcio, eu fui goleiro nos duros campos da várzea de Belo Horizonte por muitos anos.
Meu irmão mais novo, o saudoso Marco Antônio, que Deus o tenha, oscilou entre o gol e o ataque com a mesma eficiência e brilhantismo marcando ou defendo gols.
O goleiro é um solitário em campo, chamado a participar somente quando as coisas ficam feias.
Para um amigo meu, o profissional de marketing Daniel Alves, goleiro é o anti-espetáculo.
– Ele é do contra, pois trabalha para evitar o momento mais sublime do futebol que é o gol. Além disso, não deve regular muito da cabeça pois se coloca como alvo dos chutes quase sempre violentos dos adversários que disparam bolas em velocidade quase ultrassônica. Jamais seria goleiro.
Tudo isso, para lamentar a falha do goleiro Hugo, do Flamengo, que determinou a vitória do São Paulo, 2 a 1, ontem, no Maracanã.
As exigências que se fazem ao goleiro são muito maiores que as feitas aos chamados jogadores de linha.
A primeira e mais crucial: ele não pode falhar.
O atacante pode perder gol, zagueiro pode errar um passe, um drible, um chute ao gol adversário. Tudo passa, tudo é perdoado.
Ao goleiro não: sua falha, quase inevitavelmente, resulta no gol adversário.
Foi o que fez o jovem Hugo no gol de ontem: recebeu a bola atrasada, limpa e deveria passá-la a outro companheiro ou dar um chutão pra frente.
Mas, não, o goleiro menino, 21 anos, quis driblar o menino atacante Brenner, de 20. O menino são-paulino foi mais esperto, tomou a bola e marcou.
Isso, aos 43 minutos do segundo tempo.
Vitória do São Paulo, 2 a 1.
Veja o gol:
Fiquei imaginando a noite desse garoto.
Quando, nos meus tempo de várzea, eu levava um gol esquisito, o que não acontecia com frequência, eu demorava a pegar no sono, imaginando como poderia ter evitado aquele gol.
Isso lá na várzea!
Agora, imagine no Flamengo, no mata-mata da Copa do Brasil, jogo transmitido pelo país inteiro!
Pobre Hugo, acho que ainda não conseguiu dormir.
Quanto ao jogo em si, foi muito bom, gostoso de ser assistido.
O primeiro tempo foi do Flamengo que marcou intensamente pressionando o Tricolor em seu campo e abusou do direito de perder gols.
Logo no começo do segundo tempo, levou o gol do São Paulo.
A reação veio pronta, um minutos depois com o artilheiro Gabigol.
No segundo tempo os dois times se equilibraram na procura ao gol adversário.
Tudo indicava que o 1 a 1 seria o placar final.
Até que…
Coelho
Forte!
Em se tratando de América, meu time do coração, estou sempre com medo de que algum desastre venha a acontecer.
Há alguma semanas, no duelo contra o Corinthians, também pela Copa do Brasil, temi pelo resultado. Não por uma possível força do outrora Timão que hoje tá mais para Timinho.
Mas o meu América saiu de São Paulo com importante vitória.
No jogo de volta, no Independência, lá em Beagá, novos e infundados temores: com o empate, liquidamos o Corinthians.
Agora, contra o Inter. E lá no Sul.
E não é que o ousado técnico Lisca, apelidado de Doido, bota o Coelho pra cima do Inter e consegue seu gol aos 12 minutos de jogo!
E mais, não recua: fustiga o Colorado até o final e deixa o estádio Beira Rio com a importante vitória.
Agora, na próxima quarta-feira, joga pelo empate, no Independência.
Aliás, se eu fosse dirigente do América, pediria para que o jogo fosse disputado lá na casa do Inter.
Em 23 jogos disputados esse ano, como visitante, o América perdeu apenas 3, sendo que em uma dessas ocasiões, estava com o time reserva.
O Coelho, com se sabe, está (indevidamente) na Série B, em segundo lugar, logo atrás da Chapecoense que tem um jogo a mais.
Veja os melhores momentos da vitória do Coelhão:
https://youtu.be/-8nY0b2m2Mo
E agora, os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/d7E_chscyQ8
HOMENAGEM AO COELHO!
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Mais
Uma morte
Nosso País de Maricas, segundo a blenorragia mental do presidente da República, perde mais um de seus cidadãos para a Covid, chegando a cerca de 165 mil.
Desta vez foi o repórter Romeu César, 59 anos.
Romeu começou em jornal, mas, logo se apaixonou pelo rádio. Ficou 20 anos na rádio Globo, para onde foi levado por Osmar Santos.
Foi brilhante. Acima de tudo, porém, foi um grande amigo, um grande companheiro.
Não foi à toa que ganhou dos companheiros o respeitável apelido de “Fera”.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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