O sinal do voto. Por Edmilson Siqueira
O SINAL DO VOTO
EDMILSON SIQUEIRA
… um líder com todas essas características não deveria ter quase 50% dos votos numa eleição altamente plebiscitária como foi a presidencial dos EUA. Então qual a razão para tamanha aceitação do bilionário apontado até como fanfarrão por muitos? É a economia!
Joe Biden, eleito como 46º presidente dos EUA, em 231 anos de seguidas eleições da maior democracia do mundo, não terá tarefa fácil pela frente. A votação que o elegeu foi apertada e os números trouxeram à tona que o mandado de Donald Trump não foi apenas caricato, embora os que o acusem disso tenham carradas de razão para fazê-lo.
Essa pequena diferença – os eleitores praticamente se dividiram pela metade entre um e outro – já vem sendo tratada como importante para que se olhe com mais atenção ao atribulado mandado ‘trumpiniano’. Claro que suas posições machistas, homofóbicas, sua arrogância, seu negacionismo e sua tendência ao isolamento dos EUA frente a questões ambientais foram extremamente negativas. Mas um líder com todas essas características não deveria ter quase 50% dos votos numa eleição altamente plebiscitária como foi a presidencial dos EUA. Então qual a razão para tamanha aceitação do bilionário apontado até como fanfarrão por muitos?
É a economia!
Pois é, enquanto aprontava as maiores barbaridades em relação a temas caros ao mundo ocidental, como a igualdade dos gêneros, o combate ao racismo, a defesa do meio ambiente, Trump tirou os EUA de um perigoso caminho de desemprego e de deficiência econômica. Peitou parceiros tradicionais, revisou acordos comerciais onde achou que havia prejuízo, enfrentou ditaduras – religiosas ou de esquerda – com pretensões nucleares, e conseguiu não só chegar ao pleno emprego nos EUA (menos de 5% de desempregados), como fez a economia interna voltar a patamar de fases eufóricas.
Essa postura de negociador duro, de defender com todas as armas os negócios pátrios, leva para seu sucessor um lição que, se não for seguida, pode complicar seu tempo na Casa Branca.
Todos sabem que os democratas norte-americanos têm uma posição diferente em relação ao seus adversários tradicionais com a economia do país. Partidários de aumento de impostos internos e de negociações mais flexíveis com outros países, os democratas geralmente aumentam a inflação, descuidam da proteção de seus produtos e, em nome de uma aproximação amigável com todos, acabam arcando com prejuízos internos, mas com ganhos diplomáticos que, se resultam em prestígio mundial, entortam o nariz de muitos empresários americanos.
Um exemplo marcante foram os oito anos de Barack Obama. Foram poucos os que perceberam grandes estragos na política internacional, na condução do país em conflitos e acordos com vários países. A grande maioria aplaudiu e ele deixou o cargo prestigiado aos olhos do mundo. Internamente, porém, a coisa andou mal: de 2009 para 2017, Obama aumentou a dívida do governo em US$ 9 trilhões. A dívida governamental federal passou de US$10 trilhões para US$ 19 trilhões, um crescimento de 87%. Um calote da dívida americana à época, traria consequências econômicas e sociais drásticas para os EUA e para o mundo. Houve ainda uma forte queda do rendimento familiar, além do desemprego.
Essa condução quase desastrada da economia, provocou a derrota de seu candidato (sua candidata, no caso) à sua própria sucessão. O povo americano preferiu arriscar com um noviço na política que prometia consertar a economia e “fazer a América grande novamente” a continuar com uma política que trazia riscos ao país ou, mais realisticamente, riscos ao emprego de cada um.
Foi assim e por esse motivo, que Trump foi eleito. E, não fosse a pandemia que se instalou no mundo – e que ele não soube enfrentar como deveria, diga-se – é quase certo que ele teria sido reeleito para mais quatro anos.
E é esse sinal dado pelo povo americano que Biden, um político tradicional e, até certo ponto, inexpressivo, deve se preocupar: os quase 50% de votos dados a Trump, naquela que foi a eleição de maior comparecimento dos eleitores nos últimos 120 anos da democracia norte-americana, significam que a economia, na era pós pandemia que se aproxima, deve, obrigatoriamente, voltar ao patamar que Trump havia alcançado antes do novo coronavírus iniciar sua moral trajetória pelo planeta.
Se o democrata se deixar levar por práticas de outros presidentes do seu partido, a recuperação da economia poderá demorar um tempo maior que seu mandato e colocará em risco sua própria reeleição em 2024. E Biden poderá ter pela frente novamente Trump, já que, segundo as leis norte-americanas, apenas presidentes que já cumpriram dois mandatos não podem mais se candidatar a cargo algum. E será um Trump revigorado por um discurso baseado na economia que ele fez prosperar antes da pandemia.
Mas essa derrota de Trump (ele está tentando reverter no tapetão, mas os EUA não são o Brasil, certo?) também nos anima um bocado e não se trata de ter uma preferência entre democratas e republicanos. É que Bolsonaro costuma imitar Trump em tudo. E perder em 2022 será, com certeza, a melhor imitação que o capitão fará de seu ídolo em todos os quatro anos de seu desastrado mandato.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
Jornalista não deve mentir! Jornalista deve emitir opinião e não omitir factos.
O mandato de Barack Obama em matéria de empregos ficou fechado com chave de ouro, pois a taxa de desemprego no final de seu mandato era de 4,7%. Este grande sucesso de Barack Obama deve-se a que este assumiu um país com 7,8% de desemprego.
O Trump ganhou votos porque é um grande populista e meteu medo à população com discursos recheados de mentiras.
Os latinos que vivem na fronteira com o México, votaram no Trump porque este assumiu-lhes que Biden eram socialista/comunista e que iria tornar os Estados Unidos idêntico aos países latinos – este é um pequeno exemplo das suas muitas mentiras.
A grande maioria dos países no mundo sente-se muito satisfeito por o Trump ter sido derrotado pelos democratas.
Oi, só para complementar: a economia aqui estava melhor porém devido à pandemia, com 40 milhões de pessoas desempregadas, perdemos todo o crescimento dos últimos 4 anos. Na minha opinião (moro aqui há 45 anos), o motivo da divisão existente agora e que está refletindo no resultado da eleição vem de longos tempos, desde a guerra civil entre os estados do Norte e Sul: diferença de cultura, educação, ideologia, racismo, preconceito, mistura de raças – e claro, a economia. Os brancos, descendentes dos donos de escravos, atualmente não aceitam o mundo moderno com maneiras diferentes de se viver, principalmente, por exemplo: gays, casamentos entre o mesmo sexo, mulheres/pretos/imigrantes no poder, imposto maior para os bilionários, mais oportunidades para todos, etc. Daí o sentimento de “entitlement” – ou seja: eu mereço mais porque sou branco, meus antepassados chegaram aqui antes de você, porisso eu mereço mais “direitos” do que você. E eu não quero contribuir para programas sociais através de impostos para ajudar quem tem menos que eu: saúde, educação, empregos, moradia, etc. Eu tenho direito de ficar com 90% de tudo para mim, sem ter que dividir com ninguém. Principalmente com imigrantes!