Puro Sangue. Blog do Mário Marinho
PURO SANGUE
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Torcedor, principalmente o mais antigo, sonha que seu ídolo, aquele que veste a camisa de seu time, é também um torcedor.
Sonha que ele nasceu corintiano, cruzeirense, palmeirense, americano, atleticano, santista… Enfim, aquela camisa é para ele, jogador, um manto sagrado, assim como é para ele, torcedor.
Afinal, é nele, ídolo, que o torcedor se espelha.
As conquistas, as vitórias, os títulos que o jogador conquista são, na verdade, conquistas do torcedor.
Por isso, as muitas trocas de camisas, de cidades, de países, que acontecem atualmente, confundem e deixam o torcedor desacorçoado, meio perdido.
A importante vitória do Corinthians, ontem, sobre o Bahia, 3 a 2, foi construída também por um gol marcado por um personagem que pode estar solidificando história que tem tudo para ser pra lá de bonita.
Pra começar, ele, estamos falando de Roni Medeiros de Moura, que tem apenas 21 anos (nasceu em 15-04-1999) e fez ontem seu primeiro jogo e o primeiro gol no time titular.
Vejam só: o garoto está há 16 anos no Corinthians. Como assim? 16?
Chegou lá garotinho, lá deu seus primeiros passos, primeiros passes, primeiros tombos. Seu depoimento, após o jogo, foi muito legal.
– Eu fui criado aqui dentro. Foi aqui que recebi minha educação.
Roni tinha um irmão mais velho que chegou a treinar no Palmeiras, mas, foi obrigado a desistir do profissionalismo por ter um sério problema cardíaco.
Mesmo assim, continuou jogando na várzea para ganhar um trocado aqui, outro ali e ajudar à família.
O emocionado Roni disse ontem:
– Eu sempre falava com o meu irmão que iria conseguir ser profissional, ganhar dinheiro e ajudar minha família a ter uma casa própria como ele queria.
O irmão morreu vítima de ataque cardíaco.
Como o destino coloca linhas tortas em nossas vidas, muitas vezes para chegar a um resultado certo, foi preciso que o Corinthians tivesse um montão de problema para o jogo de ontem e, então, sobrar uma vaga para Roni.
Quando o técnico Dyego Coelho o chamou, explicou a situação do time à beira da zona de rebaixamento, pressão da torcida e o perguntou se ele estava pronto para enfrentar tudo isso, o garoto respondeu sem pestanejar:
– É realização de sonho, professor. Isso não tem data.
O garoto jogou bem, se movimentou, deu ritmo, jogou como gente grande.
É o sonho que começa a se realizar.
E com o sonho do grato, também o sonho do torcedor de ver vestindo a camisa do seu time alguém que realmente ama o time.
O
Jogo
Corinthians e Bahia fizeram um bom jogo.
Foi um futebol vistoso, envolvente que esteve muito perto do empolgante.
Talvez, o resultado justo fosse um empate, um 3 a 3.
Ambos precisavam da vitória, já que se encontravam em posições iguais nesse Brasileirão, beirando a escorregadia zona do rebaixamento, cada um com apenas 9 pontos ganhos.
O Corinthians se deu bem e se afastou um pouco da incômoda posição.
Não acredito na mágica que uma simples troca de técnico pode mudar tudo num time.
Mas, deu para ver um time mais leve, mais solto em campo.
Isso, sim, pode-se creditar ao novo técnico, ainda interino, Dyego Coelho.
Mas, a caminhada é longa e difícil.
Veja os gols da vitória corintiana.
Vitória
Nas alturas
Já fazia 37 anos que um time brasileiro não vencia nas grimpas de La Paz, com sua altitude de 3.600 metros que faz do ar uma joia rara, que cansa, que dá mais velocidade à bola – enfim, que atrapalha o normal do futebol.
A vitória, 2 a 1 sobre o Bolívar, acabou com esse tabu e, de quebra, mantém o Verdão com 100% de aproveitamento na Libertadores.
Assim, continua tudo bem dentro de campo lá pelos lados do Palmeiras.
Espera-se que o torcedor se comporte como quem realmente ama o time.
Ameaças a jogadores, a familiares, a lares são coisas de inimigos.
Veja os gols da quarta-feira.
Os melhores lances da vitória do Palmeiras:
______________________________________________________________________________
Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
_______________________________________________
Texto lindo, Marinho.
Edison Scatamachia
Obrigado, Scatamachia!
MMarinho
Mário Marinho…Parabéns sua referencia às “novas camisas” dos times. Bons tempos em que gente sabia , sempre, com qual camisa seu clube ia jogar. Cada agremiação tinha apenas duas camisas. Uma titular, outra reserva. O Corinthians, quando mandava usava senão a branca e calções negros. Quando não mandava, usava a camiseta negra com riscados branco. Me lembro quando começaram a “inventar”: camisa branca com um V. O São Paulo, usava a tricolor e a listrada qdo não era mandante. Que, dizem, dava azar. Hoje vejo times com camisas rosa, com cinza ratinho, completamente azuis, cor de vinho, amarelas, etc…