Só o Timão não é favorito. Blog do Mário Marinho
SÓ O TIMÃO NÃO É FAVORITO
BLOG DO MÁRIO MARINHO
O futebol escreve sua história percorrendo caminhos tortuosos, cheios de dificuldades e, às vezes, quase impossíveis de serem transpostos.
Taí a fase quarta de final do Paulistão para confirmar.
Como se esperava, desde que o regulamento foi feito, os quatro grandes se classificaram.
Esperar não é ter certeza.
O regulamento, como todo regulamento feito com seriedade, não favoreceu ninguém. Mas, claro, além dos presidentes e torcedores dos Clubes, todos esperavam e torciam para que os Quatro Cavaleiros estivessem, no mínimo, nessa fase.
E assim se fez.
Essa fase será disputada em jogo único, que dá um aspecto de loteria ao seu resultado.
Claro, o time mais bem preparado, de melhor campanha, de melhor estrutura tem mais chance.
Porém, o fato de ser jogo único e ainda mais em estádio sem torcida, dá a esses jogos uma característica muito especial: a da presença do Imponderável de Souza, aquela figura apocalíptica que derruba previsões.
Por exemplo, uma falha do goleiro. E, por melhor que ele seja, está sujeito a isso. Que o diga, por exemplo, o bom goleiro do São Paulo, Volpi, a quem o Corinthians deve parte de sua classificação, que pegou tudo, mas falhou no gol único do Guarani.
E tem mais: uma bola que pega na canela, no bico, no joelho, que pega de mau jeito na cabeça do defensor, pode ser o gol contra que coloca ou tira um favorito da classificação.
Isso sem contar com a possibilidade de erro da arbitragem.
Ontem, por exemplo, o Guarani foi vítima de um gol mal anulado – um impedimento que só o bandeirinha viu.
E aconteceu num momento crucial, quando o São Paulo vencia por 2 a 1. Seria o gol do empate. Poderia ter sido o gol da Classificação do Guarani.
Se o Imponderável de Souza resolver aparecer, não haverá tempo para a recuperação. Perdeu esse jogo, perdeu tudo.
O Corinthians chegou à quarta de final empurrado.
A retomada do futebol pegou o Timão pessimamente colocado, depois de campanha ridícula no começo do ano.
Para se classificar, precisava vencer seus dois jogos e torcer para que seu rival pela vaga, o Guarani, perdesse seus dois jogos.
Para complicar, um dos jogos seria contra o Palmeiras time de elenco sabidamente superior.
Pois deu no que deu: o Timão venceu seus dois jogos e o Guarani perdeu seus dois.
Agora, o adversário é o Bragantino Red Bull.
O time de Bragança Paulista fechou a classificação com a melhor campanha de todos: 23 pontos ganhos (o Palmeiras vem em segundo, com 22).
Além disso, o Bragantino deu um golpe do João Sem Braço e voltou aos treinamentos antes dos outros times. Foi apenas uma semana, mas tempo suficiente para fazer a diferença.
Assim, na balança da teoria, o Bragantino está mais bem preparado.
Bem, vão entrar aí outros detalhes, como o peso da camisa, experiência etc. etc.
Mas, dentro da lógica possível, não dá para cravar o Timão como favorito.
O Palmeiras pega o Santo André e tem todo o favoritismo.
O time presidido por Sidnei Riquetto fez excelente campanha antes da paralisação. Foi a melhor das campanhas.
Porém, perdeu jogadores.
Como é costume entre os times de menor poder aquisitivo, alguns jogadores fazem contrato por tempo muito curto.
Foi o caso do Santo André que teve que remontar o time às pressas.
Dos 26 jogadores inscritos no Paulistão, 11 ficaram sem contrato a partir do mês de junho, quando o Paulistão deveria ter acabado. Entre eles, o artilheiro Ronaldo.
E perdeu também até o campo para treinar na volta, já que o estádio Bruno José Daniel foi transformado em hospital de campanha.
O time, remontado às pressas, acabou perdendo para o Ituano no domingo, 3 a 1.
O Palmeiras, claro, é o favorito.
O irregular Santos, que somou 16 pontos em 12 jogos, pega a Ponte Preta que tem apenas 13 pontos.
Os números apontam com toda força para o Santos que teve 4 vitórias, 4 empates, 4 derrotas.
Já a Ponte teve 4 vitórias, 1 empate e 7 derrotas.
Com se vê, embora não tenha sido uma campanha brilhante, o Santos foi bem melhor do que a Ponte.
O São Paulo pega o Mirassol.
O Tricolor somou 6 vitórias, 3 empates, 3 derrotas.
Com 21 pontos, fez boa campanha. A sua torcida exige que o time seja campeão como compensação por ter ajudado o inimigo Corinthians a ter se classificado.
O Mirassol ficou um pouco abaixo, somando 17 pontos.
O Tricolor, claro, é favorito.
Não se esqueçam, porém, que o Imponderável de Souza é como um coronavírus: aparece onde menos se espera e é de letalidade implacável.
Cuidem-se, portanto.
Veja os gols do Fantástico.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Em 88 o Palmeiras ganhou do SPFC no Morumbi e classificou o Corinthians que jogava contra o Santos no Pacaembu.
Depois foi campeão.
Era o menos cotado.
Zancopé Simões
Boa noite! Aqui quem fala é Beatriz Duncan, estudante de jornalismo e neta de Bill Duncan do JT. Gostaria muito de conseguir trocar umas palavras com você sobre essa época do jornal. Se puder, entre em contato comigo pelo e-mail. Estarei no aguardo.
Beatriz! Vou repassar ao Marinho o mais rápido possível! Beijão. Gostava muito de seu pai