Complexo de Jabuticaba. Por Meraldo Zisman
COMPLEXO DE JABUTICABA
MERALDO ZISMAN
Já é tempo de também nos livrarmos do recém criado “complexo de jabuticaba”, que seria de exclusividade nacional. Não nos esqueçamos de que nossos desmandos, safadezas, corrupções são atributos da espécie Homo sapiens…
A jabuticaba não é tão exclusiva assim do Brasil, encontrada que foi na Argentina e no México. Ultimamente, a jabuticaba passou a ser o símbolo das nossas peculiaridades. Esse significado da jabuticaba foi evocado por vez primeira pelo econômico Pérsio Arida, um dos pais do Plano Real, que mencionou essa fruta da família vegetal das mirtáceas (Myrciaria jaboticaba) para definir coisas que só existem/acontecem/ocorrem no Brasil.
A nossa formação pode ter sido até diferente dos outros povos, mais a NAÇÃO BRASILEIRA sempre foi constituída com muita luta e sofrimentos.
Chegou a hora de sermos respeitados por nós mesmos. Tivemos guerras, revoluções, escravatura e estamos maduros para assumirmos o nosso lugar no consenso das nações.
O brasileiro não é diferente de nenhum povo, por mais que sejamos grandes territorialmente e tenhamos uma população de mais de duzentos milhões de pessoas. Petrolão, mensalão e outros desmandos devem ser punidos/combatidos/ajustados/corrigidos e jamais devemos pensar que o nosso País é o único lugar onde ocorre corrupção, entre outras tantas “cositas más” …
As crises fazem parte da vida, tanto das pessoas quanto das nações.
Basta desse complexo de vira-lata, como dizia nosso jornalista-mor Nelson Rodrigues (1912-1980) e do Brasil País do Futuro do escritor judeu austríaco Stefan Zweig (1881-1942).
Já é tempo de também nos livrarmos do recém criado “complexo de jabuticaba”, que seria de exclusividade nacional.
Não nos esqueçamos de que nossos desmandos, safadezas, corrupções são atributos da espécie Homo sapiens.
Intrincados, sim, são os nossos complexos— sentimento de depreciação por si mesmo que sobrevém regularmente; medo e ressentimento reprimidos de sentir-se inferiorizado, que levam as condutas desviadas e as polarizações desmedidas, como estamos todos vivenciando.
Como aposentado pediatra, sei que a sociedade tem de sofrer, à semelhança dos seres humanos, suas próprias dores de crescimento para vir a se tornar adulta.
Em tempo: dores de crescimento não são associadas a alguma doença e geralmente se resolvem ao final da infância, embora episódios frequentes possam ser capazes de ter um efeito substancial durante a vida.
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