Um sonho realizado há 90 anos. Blog do Mário Marinho
UM SONHO REALIZADO HÁ 90 ANOS
BLOG DO MÁRIO MARINHO
O dia 13 de julho de 1930 caiu num domingo.
Poderia ter sido um domingo como outro qualquer, não fosse o dia da abertura da primeira Copa do Mundo, disputada no Uruguai.
Para o Uruguai, era o ápice dos festejos do Centenário da primeira Constituição do País.
Para o futebol, o marco histórico do esporte que já estava se tornando o mais popular do mundo.
Para o senhor Jules Rimet, a concretização de um sonho.
O francês Jules Rimet assumiu a presidência da Fifa em 1921 com a ideia fixa de promover uma competição entre os times de futebol do mundo inteiro.
No Congresso da Fifa de 1928, Rimet apresentou o projeto da realização da primeira competição em 1930.
Itália, Suécia, Holanda, Espanha e Uruguai se apresentaram como candidatos a sede da competição. Porém, os europeus se retiraram. O Uruguai, que comemorava o Centenário de sua constituição, permaneceu firme e ganhou o direito. O Uruguai era bicampeão olímpico de futebol, tendo conquistado os dois títulos nas Olimpíadas de 1924 (Paris) e 1928 (Amsterdã).
Imediatamente, deu início à construção de um estádio que recebeu o nome de Centenário e foi o palco da abertura e final da Copa. Outros dois estádios, todos em Montevidéu, receberam jogos da Copa: Gran Parque Central e Pocitos.
Até um ano antes da Copa, nenhum país europeu se interessou em participar.
As razões eram simples.
Alegavam a distância e o tempo viagem: 15 dias de navio.
Além disso, o futebol europeu já era profissional e os times queriam saber quem iria pagar os salários dos jogadores.
Estavam inscritos, além do Uruguai, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai e Peru.
Após empenho pessoal de Jules Rime junto a dirigentes, governantes e até reis europeus, a França, Bélgica, Iugoslávia e Romênia também decidiram participar.
A competição teve sua abertura na tarde do dia 13 e terminou também na tarde do dia 30 de julho.
O Brasil fez apenas dois jogos.
Perdeu para a Iugoslávia, 2 a 1, e venceu a Bolívia, 4 a 0. Como a Iugoslávia venceu a Bolívia também por 4 a 0, conquistou a vaga única do Grupo.
A atuação foi considerada normal, para uma primeira competição daquela envergadura, mas brilhante o bastante para que consagrasse um herói brasileiro: Preguinho (foto ao alto).
O atacante do Fluminense marcou 3 dos 5 gols brasileiros (os outros dois foram marcados pelo atacante Moderato, na época, jogador do Flamengo-RJ).
Preguinho foi um personagem singular no futebol.
João Coelho Neto nasceu no Rio de Janeiro, em 08-02-1905 e morreu, também no Rio de Janeiro, em 01-10-1979. Era filho do escritor Coelho Neto.
Foi jogador do Fluminense de 1925 a 1938. Seu único clube e sempre amador pois não admitia a ideia de ganhar algum dinheiro para defender o clube do coração.
Preguinho era mais do que um jogador de futebol: era um atleta e defendia o Fluminense em mais sete modalidades esportivas: vôlei, basquete, pólo aquático, saltos ornamentais, natação, hóquei e atletismo.
Em 1925, depois de nadar a prova dos 600 metros e ajudar o Fluminense a ser tricampeão estadual de natação, foi de táxi até as Laranjeiras e entrou em campo a tempo de conquistar o título de campeão do torneio início. Ganhou para o seu clube 387 medalhas e 55 títulos nas modalidades em que disputou.
É um dos mais amados ídolos do Tricolor carioca, que o homenageou com o título de Grande Benemérito Atleta, o nome de um dos ginásios e um busto na sede.
A final da Copa do Mundo de 1930 foi disputada entre Uruguai e Argentina, com vitória, como se sabe, dos Uruguaios, 4 a 2.
Uma curiosidade nessa final.
As bolas da competição foram fornecidas pelos organizadores. Porém, na final, os argentinos alegaram que não seria justo disputar o jogo com bolas uruguaias.
A solução, salomônica, foi disputar um tempo com bola uruguaia, outro com bola argentina.
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Hoje, 13 de Julho, é o Dia Mundial do Rock. Toca Raul.
https://youtu.be/AQJi8EJuhMo
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Marinho,
Como sempre boas histórias, eu não sabia das outras modalidades que o Preguinho praticava. Valeu.
Abraços,
Ricardo
Parabéns pelo texto.
Essas histórias desaparecem.
Abraços
Zancopé Simões
Bela foto de Preginho, bela cabeleira, do qual eu muito ouvia falar no fim dos 1940s e ao longo dos 1950s quando eu crescia e enfim me tornava adulto; parecia-me que era apenas dirigente esportivo, um dos chamados ‘cartolas’ da época. Nunca tinha sabido que tivesse sido brilhante jogador de futebol e muito menos poli-atleta. E nem sonhava que fosse filho de um de nossos mais brilhantes escritores. Muito esclarecedor o artigo. Parabéns para Mário Marinho!
Wilson Chiareli
Em Roanoke, Virginia, EUA
Caro Mário,
Dá ainda para dar uma ajeitada no meu nome de família? É Chiareli .
Obrigado.
Arrumei. No comentário, né?
abração, Marli Gonçalves