A Sexta-feira da Vergonha. Por Ignácio de Loyola Brandão
A SEXTA-FEIRA DA VERGONHA
IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
Achei curioso é que nenhum diretor, gerente, caixa, funcionário do Banco do Brasil se preocupou com o desclassificado posto Ipiranga da Economia dizer que o BB é puro estrume
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM O ESTADO DE S. PAULO, EDIÇÃO DE 26 DE MAIO
Quando criança, os adultos nos mandavam para fora da sala, porque não devíamos ouvir conversa de gente grande. A expressão era: tem gente descalça. Pois a reunião de 22 de abril dos ministros brasileiros, devia ter sido poupada a menores de 100 anos. Jamais vi tanta sem-vergonhice junta, tanta grossura exposta, conversa de boteco, total descalabro.
Se houve a Noite de São Bartolomeu, se houve Baile da Ilha Fiscal, também aconteceu a Farra dos Guardanapos, houve igualmente a Sexta-Feira dos Sem-vergonhas. Ali só faltaram Waldemar da Costa Neto e Roberto Jefferson, medalhas de ouro das indecências.
Mario Souto Maior, folclorista pernambucano da mesma estirpe de Câmara Cascudo, celebrado até por Gilberto Freire, poderia processar o governo por direitos autorais, uma vez que todos os palavrões constantes de seu ótimo Dicionário do Palavrão e Termos Afins (tenho a edição da Guararapes, Recife 1980) foram ditos e repetidos pelo presidente. Desde o usual, sonoro, FDP ao modesto e quase ignorado prexeca, órgão sexual feminino em Goiás.
Souto Maior definiria aquele bando de ministros (porque é um bando, aglomerado, quadrilha, gangue) como Filhos-de-Guarda-Noturno, para não dizer FDP, uma vez que segundo Jan, filho de Mário, o pai nunca disse uma palavrão. Difícil escrever sobre palavrões sem poder nomeá-los explicitamente para não parecer mal educado.
O que acharam as mães se é que eles têm – filhas, tias, avós, mulheres e irmãs daquela máfia de desclassificados? Falta de pudor, diriam, de compostura, respeito, vergonha na cara, pura grosseria, achincalhe, rusticidade, enfim, a maior alarvaria, se me entendem Enfim, Mario Souto maior definiria aquele conjunto de ministros como uma bando de Cheira-fundo que ele definia como “chaleira, capacho, pessoa sem personalidade”.
O sinônimo é pior: “Cheira-rabo”. para não dizer outra coisa. É o que se viu. Achei curioso é que nenhum diretor, gerente, caixa, funcionário do Banco do Brasil se preocupou com o desclassificado posto Ipiranga da Economia dizer que o BB é puro estrume. O Supremo então fez como se não fosse com ele. Todos aceitaram serem chamados de vagabundos. O que há minha gente? Todo mundo dopado?
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IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO – JORNALISTA, ESCRITOR, IMORTAL