A morte do famoso desconhecido. Blog do Mário Marinho
A MORTE DO FAMOSO DESCONHECIDO
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Como se sabe, Diego Maradona está acima do Papa, ao lado de Deus ou, quem sabe, Deus é que está sentado ao lado direito dele.
Claro, essa é a visão argentina da realidade.
Maradona é o maior do mundo e não se fala mais nisso. Assim, hablará cualquier hermano que for perguntado a respeito de Don Diego.
Mas, ele mesmo, Diego Armando Maradona, do alto de seus 1,65 metro, surpreendeu ao mundo e à Argentina, ao declarar, há três meses: “Trinche, Você era melhor que eu”.
A surpreendente declaração foi relembrada pelo jornal argentino El País, cujo recorte me foi enviado pelo jornalista e amigo Gabriel Manzano.
El Trinche morreu há poucos dias, aos 74 anos, após a tentativa trágica ao reagir a uma tentativa de roubo de sua bicicleta nova, presente dos vizinhos.
El Trinche nasceu Tomás Carlovich em 19 de abril de 1946, em um bairro popular da cidade de Rosário.
Contam maravilha dele.
Por exemplo, que jogava apenas pelo prazer de jogar. Era pura arte, brincadeira, prazer.
Seu pé esquerdo, dizem, era incomparável. Tinha um drible chamado duplo bico que era impossível de ser previsto e marcado.
Talvez, daí, tenha surgido o apelido de El Trinche que significa alguma coisa parecida com forquilha.
A descrição me lembra um pouco o elástico criado por Rivellino.
Reproduzo texto do El Pais:
“Vamos aos fatos demonstráveis. Ele era filho de um encanador de origem croata e o último de sete irmãos. Ele treinou nas categorias inferiores do Rosario Central, mas jogou uma única partida oficial contra o Los Andes, em 1969.
Entre 1972 e 1986, jogou com o Central Córdoba, na segunda ou terceira divisão e de forma intermitente. Em 1974, ele se alinhou com um grupo de jogadores de Rosario em um amistoso contra o time argentino (Kempes, Babington, Houseman, etc.) se preparando para a Copa do Mundo na Alemanha.
Nesse amistoso, os homens sem camisa de Rosario venceram por 3 a 0, com El Trinche dando um show, que levou o técnico Vladislao Cap a implorar para que substituíssem o meio-campista que afundava o moral de seus meninos.
Em 1976, César Luis Menotti o convocou para a seleção argentina. O próprio Menotti explica que El Trinche não apareceu porque preferiu pescar.
O Trinche disse que não se lembrava disso. Em 1979, o modesto Andes Talleres, de Godoy Cruz, o convidou para se juntar ao time para jogar contra o Milan, em turnê nos Estados Unidos, e o jornal relata que El Trinche conheceu um jovem zagueiro de 19 anos de Milão, chamado Franco Baresi.
Ele nunca treinou, nunca se submeteu a nenhuma disciplina, e não alcançou sucesso profissional. Ele se explicou assim:
– Eu não tinha outra ambição senão jogar futebol. E, acima de tudo, não queria me afastar do meu bairro, da casa dos velhos, de estar com Vasco Artola, um dos meus melhores amigos. Eu sou uma pessoa solitária. Eu gosto de ficar calmo, não é por má vontade.
Ele viveu a vida toda na mesma rua, na mesma casa onde nasceu.
Exatamente onde foi assaltado, caiu e bateu com a cabeça no chão. Perdeu a consciência e nunca mais a recuperou.
Assim, conta-se a história de um jogador que muitos julgam ter sido superior a Maradona.
Donde é possível se concluir: existe uma discussão mundial se Maradona foi o melhor do mundo ou o segundo melhor do mundo.
Já que Dieguito coloca El Trinche como melhor que ele, podemos concluir que o craque autor do famoso gol com “La mano de Dios” é, na verdade o terceiro melhor do mundo.
Porque o melhor, sem sombra de dúvida, foi e é Pelé.
Y no hables más de eso.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
MMarinho. Vimos craques fantásticos jogando futebol, estádios lotados. E vimos Pelé. Fomos privilegiados . Largavamos tudo, desmarcavamos compromissos e íamos pro campo ver futebol. Tínhamos a lusa briosa, tricolor, o peixe com seu time cinematográfico, a academia e o Corinthians. Todos eles com elenco pronto para um belo espetáculo. Mas quando tinha o Pelé em campo, nao existia cor de camisa nas gerais do Pacaembu. Toda a torcida era pra ele. O Rei do futebol.
Quanto ao Pelé, pare de falar obviedades!