Nacionalismo vacinal. Por Meraldo Zisman
NACIONALISMO VACINAL
MERALDO ZISMAN
…Se você pensava que a corrida espacial tinha sido estressante, ainda não viu nada. Em todo o mundo, cientistas de mais de uma centena de equipes estão trabalhando a uma velocidade vertiginosa para produzir uma vacina contra o coronavírus. Acrescento que, além de vidas humanas, estão na mesa bilhões de dólares e o mais importante status geopolítico.
“Em 8 de abril de 2020, 115 estudos sobre a produção da vacina estão em diferentes estágios de desenvolvimento”, afirma a revista “Nature” (uma revista científica interdisciplinar britânica, publicada pela primeira vez em 4 de novembro de 1869). Desses, 78 estudos são confirmados como “ativos”, enquanto os 37 restantes são ocultados do público.
A Fundação da Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI) com sede em Oslo (Noruega), foi considerada em 2017 como a principal entidade no desenvolvimento de vacinas contra vírus, como publicado por vários periódicos respeitados no meio médico. Ainda em 2017, a revista inglesa Nature afirmou: “É de longe a maior iniciativa de desenvolvimento de vacinas de todos os tempos contra vírus que são potenciais ameaças epidêmicas”. O desejo dessa instituição é criar um mundo em que as epidemias não sejam mais uma ameaça para a humanidade
Em 2020, a CEPI foi apontada como o principal ator na corrida para desenvolver uma vacina para neutralizar o Covid-19. Em suma, a CEPI quer galvanizar o desenvolvimento de novas vacinas contra doenças que sabemos que podem causar a próxima epidemia devastadora, ameaçando a extinção da espécie Homo Sapiens.
Apenas 63 dias após a sequência genética do Covid-19 ter sido elucidada pela primeira vez por cientistas chineses, empresas norte-americanas saíram em campo para encontrar a vacina para combater esse vírus.
Se você pensava que a corrida espacial tinha sido estressante, ainda não viu nada. Em todo o mundo, cientistas de mais de uma centena de equipes estão trabalhando a uma velocidade vertiginosa para produzir uma vacina contra o coronavírus. Acrescento que, além de vidas humanas, estão na mesa bilhões de dólares e o mais importante status geopolítico.
Ao contrário da corrida espacial, a corrida para a vacina Covid é dominada por empresas do setor privado. Das 78 vacinas confirmadas em desenvolvimento, 72% estão sendo pesquisadas pela indústria. Elas incluem grandes empresas farmacêuticas – como Janssen, Sanofi, Pfizer e GlaxoSmithKline – mas a maioria são empresas menores, de biotecnologia. Os 28% restantes estão sendo liderados por acadêmicos, setor público e outras organizações sem fins lucrativos. Certamente o problema não está exclusivamente na ciência, pois será indispensável conseguir que os líderes mundiais vejam essa corrida como sendo contra o vírus e não a olhem com nacionalismos extremados.
Mas existem grandes obstáculos pela frente. Criar uma vacina eficaz em tempo recorde é uma coisa, outra coisa é produzir e distribuir bilhões de doses individuais. E esses obstáculos têm mais a ver com o acesso ao capital e à política do que com a ciência.
Se você pensava que a corrida espacial tinha sido estressante, ainda não viu nada. Em todo o mundo, cientistas de mais de uma centena de equipes estão trabalhando a uma velocidade vertiginosa para produzir uma vacina contra o coronavírus. Acrescento que, além de vidas humanas, estão na mesa bilhões de dólares e o mais importante status geopolítico.
As vacinas nunca foram fabricadas em escala global e como ainda não são conhecidas as vacinas que acabarão provando funcionar, ainda não está claro que tipo de processo de fabricação ou fábricas serão necessários. Se um acordo internacional puder ser alcançado, todos vencerão. Caso contrário, a corrida pode se tornar uma criancice arcaica – um nacionalismo vacinal.
O Reino Unido está ‘jogando tudo’ em busca da vacina contra o coronavírus. Testes em humanos com essa possível vacina terão início amanhã. Matt Hancock (secretário da saúde do Reino Unido) está investindo 43 milhões de libras para tornar o Reino Unido o primeiro país a desenvolver a vacina, porque a “vantagem” de o Reino Unido sair em primeiro lugar seria “enorme”.
O Imperial College e o NHS Trus (Serviço Nacional de Saúde Inglês) estão recrutando 1,112 voluntários “saudáveis” para participar do teste de seis meses. Os participantes serão divididos em dois grupos, um dos quais receberá um medicamento de controle (placebo). Os voluntários receberão de 190 a 625 libras esterlinas pelo tempo dedicado ao teste e como reembolso de custos de viagem.
Acredito que o real antídoto contra uma epidemia não seja a segregação, mas a cooperação. A coisa mais importante que as pessoas precisam entender é que a propagação da epidemia em qualquer país ameaça toda a espécie humana.
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SIMPLESMENTE BRILHANTE enquanto preocupante, Dr. Meraldo. Analiso-a dizendo que, a impaciência pode redundar em frutos ácidos. PARABÉNS.