Um negócio chamado futebol. Blog do Mário Marinho
UM NEGÓCIO CHAMADO FUTEBOL
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Há 500 anos, na França, disse Nostradamus:
E então haverá o futebol, que terá um rei, que contaminará populações. Dentre os eventos menos importantes do mundo, será o mais importante.
Brincadeirinha.
Nostradamus não disse nada disso, mas poderia ter dito.
O futebol arrasta multidões em todo e qualquer rincão do mundo.
A última Copa do Mundo, 2018, na Rússia, foi assistida por 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo. Ou seja: metade da população do mundo se ligou nos jogos da Rússia.
Os números do futebol são estratosféricos.
Aqui no Brasil, o campeonato brasileiro de 2019 foi assistido por 8 milhões de pessoas nos estádios. Os jogos são transmitidos para uma centena de países por televisão aberta e fechada.
Os números de audiência de 2019 colocaram o futebol, por vezes, acima das imbatíveis novelas globais.
Flamengo x Grêmio, no mês de outubro, pela Libertadores, rendeu a globo 32,5 pontos de audiência, ultrapassando a Dona do Pedaço que, no mesmo dia, alcançou 30 pontos.
Segundo relatório divulgado pela CBF, o futebol brasileiro movimentou, dentro do País, cerca de 53 bilhões de reais no ano passado.
Direta e indiretamente, o futebol empregou em torno de 160 mil pessoas.
No dia de jogo são envolvidas milhares de pessoas: os torcedores que efetivamente vão ao estádio; os atletas; comissões técnicas e dirigentes, os policias que trabalham na segurança; os profissionais dos transportes (metrô, ônibus, vans); estacionamentos, incluindo aí os abomináveis flanelinhas), restaurantes, ambulantes etc.
Isso porque aqui no Brasil ainda não se desenvolveu o conceito do Match Day usado há tempos nos Estados Unidos e na Europa.
Nesses lugares, o torcedor segue quase que uma programação já determinada.
E essa programação começa horas antes do torcedor sair de casa.
Ele sai de casa, de condução própria ou coletiva e vai para o estádio. Chega bem cedo.
Lá, ele encontra lojas do próprio estádio onde comprar lembranças e artigos esportivos referentes ao seu clube; um bom restaurante onde vai almoçar, tomar sua cervejinha à espera do horário do jogo.
No estádio, tem boas lanchonetes para o lanche rápido ou mesmo o saco de pipoca tão usados lá, como se fosse no cinema.
Quando acaba o jogo, novamente as lojas e restaurantes oferecem a ele os momentos de relax, enquanto espera o trânsito fluir.
Tudo bem planejado.
Ainda estamos longe disso.
Agora,
a pandemia
O futebol passa por um momento muito difícil.
Assim, claro, como outros negócios mais importantes e, o mais importante de todos, a saúde.
Não há jogos, portanto não há rendas; não há transmissão de televisão, portanto os patrocinadores não estão sendo expostos e, consequentemente, não pagarão.
As televisões estão se virando. No quesito de novelas, estão reprisando velhos sucessos. Transformando-os em novos sucessos.
A Globo vai aplicar a receita no futebol e, no próximo domingo, no horário do futebol, 16 horas, vai reprisar a última grande conquista do Brasil: o pentacampeonato em 2002.
Certamente, terá um bom público.
Uma ideia a se pensar poderia ser a realização e treinos de times aos domingo, nesse horário das 16 horas.
Claro que os estádios ficariam vazios. Nada de torcedor.
A imprensa, em número reduzido, acompanharia os treinos.
E para tornar mais atraente, o treino poderia reunir, por exemplo, jogadores do Corinthians e Palmeiras.
Êpa, aí será um jogo!!!
Não, os jogadores, após os aquecimentos, seriam misturados. Ninguém vestiria camisa de seu time, mas camisas neutras.
Em outro estádio, talvez na Vila Belmiro, jogadores do Santos e do São Paulo estariam no gramado.
Um misto de Atlético, Cruzeiro e América no Independência, em Belo Horizonte.
Ponte Preta e Guarani, em Campinas.
Fla-Flu no Maracanã; Vasco e Botafogo, em São Januário.
Uma forma de manter o torcedor ligado, os jogadores em movimento, patrocinadores recebendo visibilidade…
Quem sabe dá certo?
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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