Parem os jogos. Blog do Mário Marinho
PAREM OS JOGOS
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Não é fácil mudar as datas de um megaevento como são os Jogos Olímpicos.
Os compromissos são enormes e os interesses comerciais maiores ainda.
Alguns números mostram a grandeza do evento:
– Atletas que participarão: 12.750
– Países participantes: 206
– Investimento previsto do Japão: 22 bilhões de dólares
– Público total que assistirá aos jogos pela Tv: estimado em 7 bilhões (público acumulado), lembrando que a população total da terra é hoje calculada em 8 bilhões de pessoas.
– Os atletas já classificados ou em vias de classificação estão se preparando há quatro anos, desde o fim dos Jogos do Rio, em 2016.
– Milhares de contratos, envolvendo diversos tipos de ações, já foram assinados e, normalmente, terminam nos meses de agosto e setembro, datas dos finais dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
– Já foram vendidos 4 milhões de ingressos.
– Investimentos específicos já foram feitos também para a realização dos Jogos Paralímpicos, que terão 22 modalidades esportivas, 4.500 atletas e que serão disputados a partir de setembro.
É uma conta difícil de fechar.
Mas, assim como é uma ousadia um país se candidatar a sede de tão descomunal e quase imensurável evento é preciso também coragem para reconhecer que o momento exige uma solução drástica: decidir-se por uma nova data dos Jogos.
Acima de toda as complicações comerciais, que são muitas, se alevanta a voz aguda da razão clamando que a saúde, em primeiro lugar, e o esporte, em segundo, sejam preservados, colocando-se os interesses comerciais em terceiro plano.
O Comitê Olímpico Internacional, COI, através de seu presidente Thomaz Bach, um ex-atleta alemão da esgrima anda resistindo, mas, parece, começa dar espaço para a razão e pressão exercidas por dirigentes e atletas do mundo inteiro.
O Canadá, por exemplo, disse que não mandará seus atletas caso a data não seja alterada.
No Brasil, o Comitê Olímpico, COB, através do seu presidente, Paulo Wanderley Teixeira, um ex-judoca, já pediu, oficialmente, o adiamento dos jogos, no que foi apoiado por diversas entidades, entre elas, o Sindbol, Sindicato das Associações de Futebol do Estado de São Paulo.
Seu presidente, Ayrton Santiago, divulgou comunicado pedindo que o “sonho não se transforme em pesadelo”:
– Todo atleta sonha em participar de uma Olimpíada, mas, o momento é muito grave. É preciso pensar na saúde primeiro.
A verdade é que os atletas, no mundo inteiro, estão perdidos.
Agora, é a reta final.
Atletas que já estão classificados, precisam do treinamento específico para chegar aos jogos, que começarão, oficialmente, no dia 24 de julho (e vão até 9 de agosto).
Aqueles que ainda não obtiveram o nível olímpico, precisam competir já.
Mas, onde treinar e onde competir, se o mundo todo, atingido pela pandemia do Coronavírus, está recolhido em confinamento domiciliar e todas as atividades esportivas estão suspensas?
Repito: não é uma decisão fácil. É preciso coragem, determinação, ousadia.
É preciso atitude.
Canelada
na CNN
Novo canal de televisão que se instalou no Brasil, totalmente voltado ao noticiário, a CNN anda proporcionando vexatórias caneladas.
Na semana passada, uma repórter afirmou, mostrando o mapa da América do Sul, que o Chile e o Equador não fazem parte da mesma América do Sul.
Afirmou e repetiu. Na verdade, queria dizer que os dois países não fazem fronteira com o Brasil.
Erro lamentável.
Ontem, um erro ainda pior: a CNN afirmou que os jogos Olímpicos do Japão haviam sido adiados.
Esse foi um erro mais grave.
No caso da repórter, pode-se culpar o nervosismo e a confusão. Como, por exemplo, é desculpável a mancada da experiente jornalista Monalisa Perrone que afirmou, sobre os cuidados com o coronavírus que “é preciso lavar a água com sabão”.
Mas, o adiamento dos Jogos mostra que a equipe esportiva se apressou a divulgar a notícia sem antes confirmá-la.
A notícia certa é que, pela primeira vez, o COI admitiu, em reunião neste domingo, a possibilidade de adiar os Jogos.
Miraitowa (de azul) representa os Jogos Olímpicos, enquanto a doce Someity representa os Jogos Paralímpicos
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
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