A patacoada argentina. Blog do Mário Marinho
Todo País tem a sua lei maior, chamada de Carta Magna ou Constituição.
É ela que dita as normas a serem cumpridas pelo seus cidadãos ou pelos cidadãos de outros países que queriam entrar no Brasil.
Toda competição tem sua lei, uma espécie de Constituição, chamada de Regulamento Geral da Competição.
No caso das Eliminatórias há um artigo bem explícito que diz que as lei visando o combate da pandemia dos Países estão acima de qualquer determinação esportiva.
Por causa da pandemia, baixou-se uma determinação federal que determina que qualquer cidadão com passagem pela Inglaterra, Índia e África do Sul nos últimos 14 dias, precisam passar por um período de quarentena de 14 dias. Esta é uma determinação que vigora desde o dia 24 de junho.
Ao chegar ao Brasil, quatro dos jogadores da Argentina deveriam ter declarado que haviam passado pela Inglaterra nos últimos 14 dias.
Feita a declaração, eles seriam encaminhados ao isolamento, à quarentena.
Mas, espertinhos, Los Hermanos resolveram dar o Golpe do João Sem Braço, dar um chapéu na lei brasileira.
Talvez, tenha chegado até eles que o Brasil é o País do jeitinho. Portanto, seria dado um jeitinho e tudo ficaria numa boa.
A nossa lei diz também que não se pode alegar desconhecimento da lei para não aplicá-la. Aliás esse é um conceito internacional.
Se você vai a um País, é obrigado a conhecer a legislação local.
Pelo menos o mais importante.
E essa determinação a respeito da pandemia não só é básica, como também importantíssima.
É impossível que os dirigentes argentinos não tenham noção disso.
Também é verdade que esses jogadores deveriam ter sido barrados no aeroporto. Constatado no passaporte que eles tiveram passagem nos 14 dias pela Inglaterra, onde jogam, não deveria ter sido permitida sua entrada.
Foi uma falha.
Segundo Antônio Barra Torres, diretor geral da Anvisa, o que aconteceu é que sua entidade acreditou que estava tratando com pessoas sérias. E que essas pessoas sérias, uma vez constatadas que havia estado na Inglaterra, assinariam o documento próprio antes de desembarcar. Ou seja: confiou na boa fé argentina.
A Anvisa tentou sanar essa falha procurando os jogadores no hotel onde estavam hospedados e não foi recebida.
Na manhã de domingo foi feita nova e frustrada tentativa no hotel.
Os agentes da Anvisa foram para o estádio e encontraram as portas do vestiário fechadas.
Deu no que deu: a saída foi parar o jogo em andamento.
Um vexame.
Vexame para o Brasil?
Não, para mim, vexame dado por quem tentou aplicar o velho Golpe do João Sem Braço e foi pego em flagrante. Quem quis dar uma de malandro.
O povo ficou sem futebol, a Fifa ganhou um imbróglio de todo tamanho para resolver, a Anvisa deve ter aprendido uma lição que não se pode confiar em determinadas pessoas e Argentina deve ter aprendido a lição de que ainda existem coisas que funcionam no Brasil.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Muito bom, Marinho! Parabéns!