Só acaba quando termina – II. Blog do Mário Marinho
SÓ ACABA QUANDO TERMINA – II
BLOG DO MÁRIO MARINHO
Durante 20 anos, entre os anos 1960 e 1980, Abelardo Barbosa fez tremendo sucesso na televisão brasileira como o apresentador Chacrinha, do “Programa do Chacrinha”, da “Buzina do Chacrinha” e do “Cassino do Chacrinha”.
Era um fenômeno com suas chacretes escandalosamente vestidas – ou desvestidas – para aqueles anos, suas frases, seus bordões.
Um deles, era “Na televisão nada se cria, tudo se copia”. Outro, era autoexplicativo: “Eu não vim para explicar; eu vim para confundir”.
Outro até fazia parte da música de abertura de um dos programas: “Um programa que só acaba quando termina”.
Nos anos 60, quando passou a locutor número 1 da tv Globo, o excelente Luciano do Vale, quando narrava um gol nos últimos minutos de jogo, costumava filosofar: “É, meu amigo, o jogo só acaba quando termina”.
Pois neste último dia do ano, aprendemos também que a São Silvestre só acaba quando termina.
Assisti aos 30 minutos finais da corrida, acompanhando o interessante duelo entre o ugandês Jacob Kiplimo e o queniano Kibiwott Kandie que foram se revezando nos minutos finais, deixando longe, muito longe os outros competidores.
O representante de Uganda, de apenas 19 anos de idade, entrou inteiro, tranquilo, na Avenida Paulista, depois de vencer a desafiadora subida da Brigadeiro.
Poucos metros atrás, o representante do Quênia, de 25 anos, parecia vencido a apenas 15 metros da chegada.
Foi aí que Kandie empreendeu forte arrancada e quando o jovem de Uganda já levantava os braços para cortar a fita de chegada, foi ultrapassado.
Primeiro, a cara de espanto; depois, de decepção do jovem ugandês, estreante na internacional corrida, e que, certamente, já vislumbrava a recepção que teria em sua terra natal, ao colocar Uganda pela primeira vez no alto do pódio da São Silvestre.
Faltou ao jovem ugandês a experiência que o queniano mostrou ter de sobra com apenas 25 anos.
Uma rápida olhada para trás, seria o bastante para o rapaz dar um salto à frente e vencer a corrida.
Não o fez.
Coube a espetacular vitória do queniano Kandie.
Na prova feminina a vitória coube também ao Quênia, com Brigid Kosgei, atleta de 25 anos, mãe de dois gêmeos, que passeou com santa tranquilidade durante toda a prova.
Além da impensável vitória, Kandie bateu o recorde da prova, com 42m59s. O recorde anterior era do lendário Paul Tegart, também queniano, com 43m12seg.
Lá de cima, o bem-humorado Luciano do Vale deve ter dito ao também bem-humorado Chacrinha:
– É, Velho Guerreiro, nós avisamos: o jogo só acaba quando termina.
O ugandês pode também ter aprendido que o preço da vitória é a eterna vigilância.
Veja a sensacional chegada.
https://youtu.be/7De5kKYrvPQ
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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