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Conversas de 1/2 minuto. Por José Paulo Cavalcanti Filho (12)

Mais conversas de livro que estou escrevendo (título da coluna).

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FLÁVIO BRAYNER, filósofo. Colégio São Luiz. Professor de História, na prova, uma questão perguntava o significado da palavra sesmaria (área de terras, destinada à agricultura, que o governo português cedia para povoar o Brasil). Resposta

– As seis marias eram três: Santa Maria, Pinta e Niña.

E quase que o pobre aluno foi reprovado, por ele, no fim do ano.

 JARBAS VASCONCELOS, governador. Marqueteiros de São Paulo apresentaram campanha, já pronta, para a Prefeitura do Recife. Camisetas, santinhos e enorme outdoor com o lema “Jarbas, o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Aproveitando a bem conhecida música de Marino Pinto (Aos Pés da Cruz). Pediram opinião dos presentes. O cartunista Lailson, gênio da raça, subiu no palco, tirou do bolso o lápis que sempre leva consigo e, por baixo do outdoor, grafitou o complemento da letra: “Faz promessas, e juras, depois esquece”. Jarbas nem discutiu,

– Campanha cancelada.

MARCEL MORIN, cônsul da França no Recife. Fernando, filho do comendador Jordão Emerenciano, reclamou

– Não aguento mais esse amigo de Arraes. Só me chama de Fernanda. Já expliquei mil vezes que é com “o”, e ele continua Fernanda prá cá, Fernanda prá lá. Na próxima, vou mandar ele tomar no rabo.

Como por conspiração do Destino, precisamente neste momento, o velho gritou

– Fernanda, Fernanda, eu querer uma copa d’água.

– Morin, por favor, vai tomar na cuzinha!!!

E o cônsul não entendeu. Ainda bem.

RUY BARBOSA, a Águia de Haia, da ABL. Usava pince nez, aquele óculos sem haste que fica preso no nariz. Problema é que tinha o costume de marcar os livros que lia, com ele; e, quando fechava, não sabia mais onde o tinha posto. Na preparação de seu inventário, perdidos dentro, acharam mais de 40. Naquele dia, saiu de casa sem os tais óculos, digamos assim. Essa e tantas outras vezes. Vinha vindo a condução e não conseguia saber para onde iria. Perguntou a uma gorda, que estava no ponto,

‒ O que diz a placa?

‒ O senhor me desculpe, mas eu também sou analfabeta.

 SERGINHO, filho e Master on Law (Cyberlaw) por Harvard. Tentando explicar ao pai, que nunca bebeu álcool na vida,

– Sabia que há oito tipos diferentes de vinho?

– Pelo que vejo com vocês, meu filho, são só três: os caros demais, os que dá para beber e os que não vale a pena.

 ZECA, da banca Globo (em frente ao antigo cinema Trianon).

 – Tem a Folha (de São Paulo)?.

– Acabou.

– E o Brasil (Jornal do Brasil)?

– Estamos chegando lá.

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José Paulo Cavalcanti FilhoÉ advogado e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade. Vive no Recife.

jp@jpc.com.br

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