Mal traçadas linhas. Por Edmilson Siqueira

MAL TRAÇADAS LINHAS

EDMILSON SIQUEIRA

Ao elogiar Paris como “elevado posto de guardiã perene dos direitos humanos”, Lula se esquece do presente, onde partidos de direita, contrários a políticas benevolentes com terroristas de esquerda, têm crescido nas urnas e a própria eleição presidencial de lá, parecida no início com a brasileira ao eleger um outsider, mostra a insatisfação do povo…

Há alguns meses escrevi um artigo cujo título era “A esquerda só sobrevive na mentira”. Lembrei-me dele ao ler a carta que Lula escreveu à presidente da Câmara Municipal de Paris – cargo equivalente a prefeito –para agradecer o título de cidadão parisiense que lhe foi concedido por Anne Hidalgo, não por coincidência, pertencente ao Partido Socialista da França.

Falar mentiras e omitir fatos é próprio dos políticos desonestos. A desonestidade da esquerda é histórica, o que não quer dizer que a direita também não minta: a política, infelizmente, é feita muito mais de versões do que dos fatos que aconteceram.

Mas a carta de Lula, como muitos outros documentos do condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, é um farto campo para provar, mais uma vez, que a esquerda só sobrevive na mentira.

Lula diz que o gesto de Hidalgo “alcança a todas e todos que defendem a democracia e a justiça no Brasil e sofrem as consequências dessa lula”. Não, Lula e o PT não defendem – a não ser quando é dos seus estritos interesses – a democracia. Apoiar Cuba (com bilhões de dólares do povo brasileiro), dizer que na esfacelada Venezuela pela ditadura bolivariana havia democracia até demais, se aliar a ditaduras africanas e árabes para não só se enriquecer com as propinas advindas desses relacionamentos como para conseguir votos numa pretensa eleição para o Conselho de Segurança da ONU, não são atitudes de quem defende a democracia. Está posta, pois, a primeira mentira.

Lula encerra esse parágrafo afirmando que “é o povo brasileiro, não apenas este cidadão, que merece e precisa de sua proteção fraternal”. Outra bobagem: Paris, sob a direção da socialista, tem se transformado num inferno de manifestações violentas, com depredações, incêndios e ataques terroristas sem soluções aparentes. O brasileiro não precisa dessa “competência” protetora, pois já sofre o suficiente com a violência doméstica – uma das maiores do mundo – e a está combatendo com um esforço danado de autoridades que se elegeram com um discurso totalmente oposto ao de Lula e de seus aliados. E os resultados estão aí: os índices de criminalidade têm diminuído bastante.

Ao elogiar Paris como “elevado posto de guardiã perene dos direitos humanos”, Lula se esquece do presente, onde partidos de direita, contrários a políticas benevolentes com terroristas de esquerda, têm crescido nas urnas e a própria eleição presidencial de lá, parecida no início com a brasileira ao eleger um outsider, mostra a insatisfação do povo. E ao dizer que Paris abrigou exilados e, com isso, deu “imprescindível apoio à luta pela democracia em nossa região”, Lula comete outra mentira deslavada: a maioria dos exilados brasileiros e latino-americanos em Paris, na época das ditaduras militares por aqui, não lutava por democracia e sim por uma ditadura de esquerda, como provam inúmeros documentos e livros publicados por essa gente antes e depois do exílio.

Em seguida Lula traça um panorama totalmente falso sobre o Brasil atual, ao afirmar que as liberdades políticas e os direitos humanos estão “outra vez cerceados no Brasil e no continente, depois de três décadas de construção da democracia…”. Se ele estivesse falando da Venezuela, estaria certo. Mas como se refere ao Brasil, Lula mente descaradamente sobre a situação brasileira: nenhuma instituição democrática sofreu qualquer abalo depois que Lula foi preso e o PT perdeu as eleições nas urnas. O processo democrático continua, a Constituição e todos os poderes estão – bem ou mal – trabalhando e as “três décadas” de construção da democracia, se sofreram algum abalo foi durante os 14 anos de governos petistas, com o domínio sindicalista, a aliança com ditaduras de esquerda no continente e fora dele e as inúmeras tentativas de se implantar a censura à Imprensa, sem contar a gigantesca corrupção – a maior que se tem notícia na história do mundo – que se grassou sob seu governo e que foi responsável por milhares de mortes no país, consequência da falta de verbas para a saúde, para a infraestrutura, para a educação e para a segurança pública, entre outros.

… Nunca um prisioneiro – que cometeu crimes de corrupção no seu mais alto grau – teve tanto acesso a jornais, revistas, tvs e redes sociais – como Lula vem tendo. Dá entrevistas quase semanais e tem toda uma legião de fanáticos e beatos a proclamar sua inocência por aí. E tem hoje uma provável maioria no mais alta corte de Justiça do país, que pode livrá-lo de alguns processos, numa triste e suspeita mudança de posição sobre detalhes processuais que não causaram qualquer prejuízo ao réu.

Mais mentiras ocorrem na carta de Lula quando ele escreve que o caminho da democracia (que sob ele nunca existiu, diga-se) foi interrompido por métodos antidemocráticos que incluem a manipulação do sistema judicial. Aqui Lula tenta incluir as mentiras que ele e seu partido dizem sobre suas condenações, omitindo que essas condenações foram confirmadas em segunda e terceira instâncias. E omite também o privilegiadíssimo tratamento que tem recebido em todas as cortes, com recursos que geralmente demoram anos para entrar na pauta, sendo julgados quase no mesmo dia em que são protocolados.

Ao dizer que as redes sociais disseminam o ódio, caso ele se referisse à legião de jornalistas e blogueiros contratados pelo PT para acabar com a reputação dos adversários políticos, Lula estaria falando a verdade. Sim, há ódio nas redes sociais contra a esquerda, contra o PT e contra Lula, mas esse ódio foi uma reação à corrupção e ao esquema que o governo petista patrocinou, comprando blogueiros e jornalistas, quando não publicações inteiras com farto dinheiro de publicidade, para que se posicionassem a favor do governo e contra seus adversários.

Por fim, diz que o título recebido “será de inestimável valia para furar o muro de silêncio da mídia brasileira e para denunciar ao mundo os crimes que estão sendo cometidos contra a democracia em nosso país”. Um final triunfalmente mentiroso, próprio de quem não consegue viver dentro da honestidade de princípios e propósitos. Nunca um prisioneiro – que cometeu crimes de corrupção no seu mais alto grau – teve tanto acesso a jornais, revistas, tvs e redes sociais – como Lula vem tendo. Dá entrevistas quase semanais e tem toda uma legião de fanáticos e beatos a proclamar sua inocência por aí. E tem hoje uma provável maioria no mais alta corte de Justiça do país, que pode livrá-lo de alguns processos, numa triste e suspeita mudança de posição sobre detalhes processuais que não causaram qualquer prejuízo ao réu.

Lula, que se autoproclama um prisioneiro político, nada mais é que um corrupto e lavador de dinheiro sujo vulgar. Cartas como essa, que denigrem a imagem do Brasil no exterior, eivadas de notórias mentiras, só comprovam que sua vida política sempre se baseou na mentira e na desonestidade.

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Edmilson Siqueira–  é jornalista

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