Existe o gol, mas existe o golaço. Blog do Mário Marinho
EXISTE O GOL, MAS EXISTE O GOLAÇO
BLOG DO MÁRIO MARINHO
O gol pode ser de pé, na maioria das vezes; de cabeça, de ombro, de joelho, de canela. Já foram marcados gols de cara, de barriga e até mesmo de bumbum.
Pode ser com um chutão ou com uma série de dribles envolvendo quase e todo o time adversário como o célebre gol de placa marcado por Pelé no Maracanã, no dia 5 de março de 1961, na vitória santista, 3 a 1, sobre o Fluminense, pelo torneio Rio-São Paulo.
A Fifa, que manda e desmanda no futebol mundial, premia todos os anos com o Troféu Puskas o gol mais bonito da temporada.
Existe um gol que, por sua dificuldade, é festejado, aplaudido, comemorado e até louvado em todas as, raras, ocasiões em que acontece: é o Gol Olímpico – assim mesmo, com maiúsculas.
Foi esse o gol que o Corinthians tomou no sábado, gol que, além de tudo, lhe roubou a vitória contra o Ceará.
Há controvérsias sobre a origem do termo.
Sabe-se que nos primórdios do futebol era proibido o gol direto da cobrança do escanteio.
Em 1924, a Fifa baixou determinação validando o gol oriundo da cobrança direta do escanteio.
O primeiro registro de um gol marcado diretamente do escanteio, após a legitimação da Fifa, ocorreu no dia 2 de outubro de 1924, na vitória da Argentina, 2 a 1, sobre o Uruguai. O autor da façanha foi o atacante argentino Cesáreo Onzari.
Como o Uruguai havia conquistado naquele ano a Medalha de Ouro Olímpica no futebol, os argentinos, como gozação, passaram a chamar o gol de Gol Olímpico.
Pegou.
O Gol Olímpico se tornou uma sensação por sua quase impossibilidade de ser feito.
O chute em direção à meta adversário se torna gol contrariando os princípios da física, da matemática, da mecatrônica, e de todas as ciências exatas.
Ele parte de um ponto absolutamente sem ângulo. Só a competência e criatividade do cobrador é capaz de obrigar a bola a uma inesperada curva que trairá os defensores e o goleiro que, teoricamente, estão à postos e atentos.
O gol de Leandro Carvalho, atacante do Ceará, teve todos os ingredientes para glamorizar ainda mais o feito.
Leandro (foto ao alto) estava no banco de reservas e entrou para fazer o gol.
O gol foi marcado na casa do Corinthians, aos 47 minutos do segundo tempo, portanto, ao apagar-se das luzes como diria aquele narrador antigo.
Tirou do Corinthians a vitória que já se dava com certa.
Foi marcado contra o goleirão Cássio, excelente goleiro que não é dado a frangos.
E também estabeleceu um paradoxo: foi um golaço, mas, também incrível falha do goleiro Cássio que se colocou mal no momento da cobrança.
Veja e reveja essa linda obra do futebol:
https://youtu.be/1NmQY_0OW0g
O desabafo
de Rogério Ceni
O Cruzeiro perdeu mais uma e se aproximou perigosamente da pegajosa zona do rebaixamento.
Não só perdeu como foi goleado pelo Grêmio, 4 a 1, em Belo Horizonte, no Estádio Independência (campo do América) que o Cruzeiro conhece tão bem.
O time saiu de campo vaiado e sob chuva de pipocas atiradas pelos torcedores.
Ao final do jogo, Rogério Ceni, com a personalidade que marcou toda a sua carreira, foi à entrevista coletiva cobrar mudanças.
– Se não for para mudar, não tem sentido minha presença aqui (veja a entrevista no link dos gols).
O Cruzeiro é conhecido e afamado por sua organização administrativa, sua visão de futuro, dono de uma belíssima sede social e dois centros de treinamentos, a Toca I e a Toca II, centros de excelência nos treinamentos, concentração e formação de jogadores.
Nas últimas décadas, a palavra crise esteve fora do dicionário cruzeirense.
Nos últimos tempos, entretanto, ela virou arroz de festa.
Descobriram-se desfalques, pagamentos indevidos, dirigentes não profissionais com altos salários enquanto os salários de funcionários, jogadores entre eles, estão atrasados, vendas de jogadores super faturadas etc.
Escritórios e outras dependências do Cruzeiro foram vasculhados pela Polícia Federal em cenas comuns na caça a corruptos pela PF nas operações da Lava Jato.
Dirigentes se acusam em público e fogem do público passando longe dos estádios, talvez envergonhados, talvez temerosos de serem reconhecidos.
Após a derrota de domingo, o gerente Marcelo Djian (ex-jogador do Corinthians) confirmou que só na semana passada foi paga a segunda parcela do salário de julho.
Toda essa confusão reflete no desempenho do jogador dentro de campo.
Uma das características de time envolvido, enrolado, embrulhado nesse tipo de problema é o número alto de passes errados.
O jogador nervoso, sem a necessária estabilidade, erra passes de curta e curtíssima distância, além de não ter confiança para arriscar chutes de fora da área ou jogadas individuais.
É o retrato do Cruzeiro.
Lembro-me que no começo de minha carreira de repórter, há mais de meio século, no Diário da Tarde, de Belo Horizonte, fui entrevistar o presidente do Cruzeiro, Felício Brandi.
Naquela época, havia em Porto Alegre outro Cruzeiro. E quando a imprensa de fora de Minas se referia ao Cruzeiro, esclarecia: “…o Cruzeiro de Minas Gerais…”
Felício Brandi me recebeu com cortesia que lhe era peculiar, em determinado ponto da entrevista, colocou a mão no meu ombro e disse:
– Menino, escreve aí. Esse Cruzeiro que está nascendo aqui vai acabar com esse negócio de dizer Cruzeiro de Minas Gerais. Dentro de muito pouco tempo quando se falar em Cruzeiro todos saberão que é o nosso time.
Foi profético.
Naquele ano, o Cruzeiro bateu o Santos no Mineirão, 6 a 2, e venceu no Pacaembu, 3 a 2, e foi campeão da Copa do Brasil.
Tornou-se protagonista de uma história edificante.
Veja os gols do Fantástico:
https://youtu.be/hZghLpTblic
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Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
MMarinho. Tudo que vc falou do Cruzeiros também serve para uma duzia de outros clubes. Mas não ví comentário sobre o WAR que “deu” o penalti de presente para o Santos. Tempo de jogo esgotado, falta bem marcada pelo árbitro, fora da área, tudo preparado para a cobrança, ninguém reclamando. Daí, subtamente, o arbitro recebe alguma comunicação pelo seu aparelho auditivo….e muda tudo. Penalti para o Santos. O arbitro é soberano dentro do campo e aquilo que marcar e tiver convicção, não tem que ouvir ninguem. Do nada, mudou a falta fora da área para um penalti inexistente! Uma vergonha foi o que se viu. Não estava mais vendo futebol e vou continuar, salvo se não tiver coisa pior. Bola no meio do campo, dada a saida e fim do jogo. 1×1 dentro do “Alçapão da Vila” Uma vergonha.