Mídia e problemas psiquiátricos. Por Meraldo Zisman

MÍDIA E PROBLEMAS PSIQUIÁTRICOS

MERALDO ZISMAN

… Aos senhores profissionais de Jornalismo advogo prudência na interpretação dos fatos e na sua divulgação! A angústia em busca de picos de audiência pode transformá-los em prisioneiros-vítimas-cúmplices da própria violência que ocorre…

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), tanto a psicopatia como a sociopatia são consideradas como transtornos antissociais e têm muitas características semelhantes, o que explica o fato de muitas vezes serem vistos como sinônimos. Uma das principais diferenças é que frequentemente os psicopatas são pessoas encantadoras e populares, que muitas vezes exercem cargos de liderança e que conseguem atrair pessoas, enquanto o sociopata é avesso à sociedade.

Conferir: https://ww w.significados.com.br/sociopata/.

Por outro lado, para que possa cumprir sua missão de informar, o profissional da mídia tem de lutar contra dois fortes inimigos: o poder político e o poder econômico.

Como cidadão, observo apreensivo o agravamento de tal situação.

Voltando aos problemas psiquiátricos, há muitos anos a Medicina enfatiza a importância que tem um lar bem estruturado na formação da cidadania, bem como os perigos advindos da ausência dessa estrutura. Alguns leigos e certos estudiosos, em um primeiro impulso, acusam a mídia como um dos fatores causais do incremento da violência. Acredito que qualquer meio de comunicação de massa, por maior que seja o avanço tecnológico, não produz acontecimentos: ele os capta, interpreta e apresenta, escreve ou transmite, visando o que ele acha que o público deseja/deve assistir.

Já os ambientes domésticos deficitários, que estão presentes em todas as camadas sociais, facilitam a geração de sociopatas. Sociopata é um indivíduo cuja personalidade se caracteriza pelo desprezo às obrigações sociais, pela falta de consideração para com os sentimentos de outrem, por possuir um egocentrismo exacerbado cuja satisfação não leva em conta os meios e as pessoas a quem possa ferir, destruir, ou matar, em suas macabras empreitadas.

…a divulgação de notícias exige respeito à Ética, que é uma conquista da Humanidade, assim como a Liberdade de Imprensa.

 

Os portadores desses distúrbios geralmente apresentam um charme superficial em relação às outras pessoas, e possuem inteligência normal ou acima da média. Em outras palavras, não são considerados doentes mentais e, portanto, são responsáveis pelos atos antissociais que praticam.

Além disso, durante a formação da personalidade, quando a mãe não é “boa o suficiente” ou a família é disfuncional e não apresenta um ambiente adequado à educação dos filhos, é gerada uma “angústia de separação”, posto não ter havido oportunidade de introjetar as figuras materna e paterna como fonte de segurança para atender as necessidades vitais do paciente, numa fase em que ele é completamente dependente. Os comportamentos resultantes têm um elevado potencial destrutivo. Nesse sentido, urge que a profilaxia desse distúrbio seja focada no Lar, levando-se em conta a psicodinâmica do sentimento de amparo/desamparo e as etapa s de crescimento e desenvolvimento do ser humano.

Aos senhores profissionais de Jornalismo advogo prudência na interpretação dos fatos e na sua divulgação! A angústia em busca de picos de audiência pode transformá-los em prisioneiros-vítimas-cúmplices da própria violência que ocorre, o que um bom jornalista-cidadão deve abominar. Distorções maléficas superam o direito sagrado de informar.

Compreendo que ganhar o pão nosso de cada dia é essencial para vocês, assim como para todas as pessoas, mas a divulgação de notícias exige respeito à Ética, que é uma conquista da Humanidade, assim como a Liberdade de Imprensa.

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Veja os outros artigos onde o autor versa sobre “VIOLÊNCIA”:

artigo I Medicina e Política. Por Meraldo Zisman

artigo IIA Epidemiologia algorítmica na prevenção da violência. Por Meraldo Zisman

artigo IIICélulas espelhos. Por Meraldo Zisman

artigo IVViolência Interpessoal. Por Meraldo Zisman

artigo V – O Medo Ancestral. Por Meraldo Zisman

artigo VIViolência e Drogas. Por Meraldo Zisman

artigo VII Apreciações gerais e tipologia da violência. Por Meraldo Zisman

artigo VIIIViolência Oculta. Cripto-violência. Por Meraldo Zisman

artigo XIXGravidez na Adolescência. Por Meraldo Zisman

artigo XSíndrome da criança espancada. Por Meraldo Zisman


Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

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