O desonesto discurso. Por Edmilson Siqueira
O DESONESTO DISCURSO
Edmilson Siqueira
Chico continua pensando como um esquerdista, e o final de seu discurso mostra, de forma inequívoca, o que a esquerda faz para trazer para si uma realidade que só lhe trará vantagens. Ou seja: ela tenta escrever a história sempre do seu ponto de vista mesmo que falsa, torta e mentirosa..
“… Mas agora fica explícito, pra quem quiser ver, pra quem quiser aprender o quanto se armou, o quanto se tramou pra eleger esse governo. O que se armou por baixo dos panos pelos grandes lobbies de comunicação exaltando seus heróis juízes e procuradores. O juiz Sérgio Moro, por exemplo, foi eleito o Homem do Ano, o homem que faz a diferença, e hoje a gente sabe que tipo de diferença ele andou fazendo. Claro que sempre haverá quem diga ‘Lula tá preso, babaca; a Dilma caiu, babaca; o Haddad perdeu, babaca’, mas, eu dentro da minha babaquice, quero deixar minha homenagem, minha solidariedade aos jornalistas da Intercept, especialmente a Glenn Greenwald, pelas ameaças que ele vem sofrendo do Bolsonaro, de pegar uma cana e do ministro Moro de ser deportado. Muito obrigado.”
O parágrafo acima é o trecho final de um discurso realizado num ato qualquer da esquerda, provavelmente de “desagravo” ao novo herói da moçada, o gringo Greenwald, dono do site Intercept que, aliado a um grupo de estelionatários, está fazendo alguns estragos no Brasil e dando “esperanças” aos adeptos de uma ideologia falida.
Mas a fala acima, de ninguém menos que Chico Buarque de Holanda, traz em seu bojo muito mais do que talvez pretendesse o bardo carioca. Ela é uma síntese do que é a esquerda, principalmente no Brasil, onde insinuações e mentiras ganham muito mais destaque em boa parte dos corações e mentes dos ingênuos e desmemoriados eleitores brasileiros.
Chico, como se sabe, era adepto, admirador, militante, sei lá, do Partidão (o velho PCB), ainda na juventude. Não se aliou ao PT na primeira hora, pois este ainda não era hegemônico na esquerda. Tanto que, em 1986, mesmo o PT concorrendo com Suplicy ao governo do Estado de São Paulo, Chico subiu no palanque de Orestes Quércia (PMDB), ajudando-o a se eleger. Depois, com o PT crescendo e praticamente dominando o cenário esquerdista brasileiro, Chico virou fã de Lula e hoje é o que é, mantendo sua ideologia socialista, mas vivendo no circuito Rio-Paris, que ninguém é de ferro. Música boa mesmo não faz há tempos, mas essa é outra história.
Portanto, Chico continua pensando como um esquerdista, e o final de seu discurso mostra, de forma inequívoca, o que a esquerda faz para trazer para si uma realidade que só lhe trará vantagens. Ou seja: ela tenta escrever a história sempre do seu ponto de vista mesmo que falsa, torta e mentirosa. E reveste essa versão com os ingredientes clássicos do convencimento atingindo facilmente os, digamos, “babacas” que ouvem e aplaudem.
O exemplar trecho do discurso começa com uma certeza que não encontra abrigo na realidade. Ao dizer que agora fica explícito o quanto se tramou para eleger esse governo, Chico sugere que a maioria do país se aplicou numa conspiração – e não numa eleição democrática – para tirar o PT do poder, transformando o voto dado a Bolsonaro no resultado de espetacular associação dos lobbies de comunicação para exaltar juízes e procuradores que estavam cumprindo a lei. A canalhice se revela logo no primeiro pensamento inserido no discurso. Mas tem mais.
Ao se referir a Moro, Chico planta a pérola esquerdista tão bem trabalhada desde os primeiros ensinamentos de Lênin de como fazer para destruir a sociedade “inimiga”. Joga-se uma acusação no ar, sem prova alguma, com um sorriso irônico, provocando a cumplicidade da plateia, que ri concordando, mesmo sem também ter prova alguma da acusação. Chico diz que Moro foi eleito o homem do ano, o homem que faz a diferença “e hoje a gente sabe que tipo de diferença ele andou fazendo”. Pois o riso da plateia demonstra que todos sabem que tipo de diferença ele andou fazendo, mas, na verdade, a plateia que ali está, tem Moro como inimigo maior (outra tática da esquerda) e o que ele andou fazendo só pode ser algo desonesto que precisa ser reparado. Ou seja: a prisão de Lula foi injusta, claro, porque, mesmo sem saber, todos sabem “o que Moro andou fazendo”.
Ao não revelar “o que ele (Moro) andou fazendo” e obter o apoio da plateia, Chico exerce uma das mais desonestas táticas que a esquerda talvez tenha inventado: a de acusar sem provas para ferir (às vezes definitivamente) a reputação dos que ela considera seus inimigos.
Bastaria perguntar a Chico o que Moro andou fazendo. Talvez ele respondesse que está tudo nos vazamentos do Intercept, onde até petistas admitem que não há uma única frase comprometedora do juiz. Mas, para a esquerda, vale a insinuação. Daquela plateia e de outros que viram na internet (eu recebi no Whatsapp), com certeza, muitos sairão repetindo o que Chico disse, como um mantra, como muitos outros mantras, aliás, que a esquerda espalha e a cambada repete à larga, transformando-os, muitas veze, em “verdades incontestáveis”.
Por fim, Chico rende suas homenagens ao “jornalista” que virou herói das esquerdas por dar um tímido sopro de esperança para o PT, que, mancomunado com membros do STF, sonha em soltar Lula. E o tal de Verdevaldo deu também, aliado a um bando de conhecidos escroques, um discurso, fraco, insípido, inodoro e irreal, à agonizante esquerda brasileira.
Não é muito. Não é o suficiente para a esquerdalhada que ainda infesta o Brasil sair por aí soltando rojões e arrotando mortadela. Mas é o que lhe resta: o discurso desonesto de um artista que já escreveu belas canções, autor de uma literatura pretensamente densa e que, mesmo na sua velhice “babaca”, como ele mesmo confessa, não conseguiu escapar da armadilha da esquerda na qual caiu quando jovem.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
Edmilson Siqueira não deixou barato a hipocrisia do Chico. Aliás, desonestidade intelectual sempre foi a praia dessa escumalha decadente que tudo vê e nada enxerga. Felizmente já estamos respirando um ar menos contaminado. O Brasil está saindo da UTI onde a Orcrim
o colocou. Vade retrum satanaz!