Ah!, essas meninas… Coluna Mário Marinho
AH!, ESSAS MENINAS…
COLUNA MÁRIO MARINHO
Elas foram brilhantes, guerreiras, lutadoras e chegaram até onde podiam.
Nossas meninas caíram na tarde de domingo, frente à uma seleção mais forte, mais estruturada, num país onde o futebol feminino tem mais apoio, a França.
Mesmo jogando contra as donas da casa, as bravas brasileiras só perderam e foram eliminadas da Copa do Mundo na prorrogação, quando ficou evidente o melhor preparo físico das francesas.
A Seleção Brasileira, comandada pelo técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, enfrentou uma série de problemas.
Marta, seis vezes eleita a melhor do mundo, chegou à França machucada e, recuperada, jogou longe de suas melhores condições físicas.
Apesar disso, fez um gol que a tornou a maior artilheira de Copas do Mundo, incluindo aí a Copa dos marmanjos.
Formiga, a inacabável, também jogou machucada.
Mas esses foram problemas pontuais.
O mais sério são os problemas estruturais que o futebol feminino enfrenta no Brasil.
Na verdade, nós temos jogadoras de futebol feminino, incluindo a melhor do mundo, mas não temos um futebol feminino. Não temos campeonatos estruturados, bem disputados e, consequentemente, não temos também boa cobertura da mídia.
É um problema antigo.
Falta patrocinador, falta público, falta cobertura.
Há cerca de 20 anos, fiz o trabalho de assessoria de Imprensa da Seleção que era, na época, patrocinada pela Topper. Era muito difícil conseguir espaço na Imprensa.
Assim, nossas jogadoras foram obrigadas a se mandar para outros países à procura de reconhecimento e sobrevivência.
Vejam onde jogam as 23 que participaram da Copa do Mundo:
Bárbara – Goleira – Kindermann (é um clube de futsal feminino da cidade de Caçador, Santa Catarina).
Aline – Goleira, Tenerife, Espanha.
Letícia – Goleira – Corinthians.
Daiane – Zagueira – Paris Saint Germain.
Tayla – Zagueira, Benfica.
Kathellen – zagueira – Bordeaux.
Mônica – Zagueira – Corinthians.
Poliana – Lateral – São José-SP.
Tamires – Lateral – Fortuna Hjorring, Dinamarca.
Letícia Santos – Lateral, Sportclub Sand, Alemanha.
Camila – Lateral, Orlando Pride, EUA.
Thaisa – Meio campo, Milan.
Formiga – Meio campo, Paris Saint Germain
Andressinha – Meio campo, Portland Thorns, EUA.
Luana – Meio campo, KSPO, Coreia.
Andressa Alves – Atacante, Barcelona.
Debinha – Atacante, North Carolina, EUA.
Marta – Atacante, Orlando Pride, EUA.
Cristiane – atacante, São Paulo.
Beatriz – Atacante, Steel Red Angels, Coreia
Ludmila – atacante, Atletico de Madrid.
Raquel – Atacante, Sporting Huelva, Espanha
Geyse – Atacante, Benfica.
Como se vê, nossa seleção do futebol feminino é uma autêntica legião estrangeira. Aliás, o mesmo ocorre no futebol masculino. A diferença é que o futebol dos homens tem competições centenárias, estruturadas, profissionais.
Já as meninas vivem de competições esporádicas, disputadas quase que anonimamente.
Está na hora da milionária CBF dar uma forcinha a nível nacional seja batalhando um bom patrocinador, seja subsidiando competições.
De todo jeito, parabéns, meninas!
Copa
América
Foi lindo, gratificante, empolgante ver a Seleção mostrar em campo o verdadeiro futebol brasileiro.
Já fazia tempo, muito tempo, que não víamos o time brasileiro partindo para cima do adversário, sufocando, ousando.
Ousar é a palavra.
A torcida se cansou de ver a irritante troca de passes laterais que consumia quase todo o tempo de jogo.
Contra o Peru, 5 a 0, não: o Brasil teve maior posse de bola (70 a 30%), mas partiu para cima do adversário, marcou cinco vezes e poderia ter chegado aos seis.
O jogo já estava acabando e o Brasil teve um pênalti a seu favor, prova de que o time não se acomodou em tempo algum.
Muito, muito bom!
Muito, muito bom também o comportamento da torcida que lotou a Arena Corinthians que cantou, a plenos pulmões, o Hino Nacional, aplaudiu incentivou a Seleção.
Como agradecimento, recebeu um show de bola.
Gols do Fantástico:
https://youtu.be/cqR69SrB9nA
Há
100 anos
O Estadão do dia 23 de junho de 1919, segunda-feira, abre espaço para a rodada do campeonato paulista disputada no domingo, 22.
O destaque da cobertura foi o clássico Paulistano 1 x 1 Palestra (que não era o Palmeiras que, na época, se chamava Palestra Itália).
O cronista se derrama em elogios à atuação dos jogadores e dos torcedores. Veja trechos:
“Esplendidia, sob todos os aspectos, a tarde esportiva de hontem, que, pode-se dizer, resumiu-se no esperado encontro entre as turmas do Clube Athletico Paulistano e do Palestra Itália, levado a effeito no campo do Jardim America.”
“Que bom seria se pudéssemos dizer de todos os jogos que aqui se realisam o mesmo que fez jus o encontro de hontem! Aquillo é o verdadeiro “sport”, o legitimo “association”.
O jogo terminou empatado, 1 a 1.
Esse campeonato de 1919 foi vencido pelo Paulistano que disputou 14 jogos, empatou 2 e perdeu apenas 2.
Com esse título, conquistado na última rodada, quando venceu o Corinthians por 4 a 1, no dia 21 de dezembro, o Paulistano tornou- se tetra campeão (1916, 1917, 1918, 1919) e é até hoje o único tetracampeão paulista com os quatro títulos conquistados em quatro anos seguidos.
—————————————————————————————–
Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Parabéns novamente, Mário! Vc deu voz a milhões de fãs das meninas do futebol! Elas são valentes, guerreiras mesmo! Embora não tenham vencido, nós as aclamamos vencedoras!!!! Avante, meninas!!!!