Este jogo vai ser anulado. Coluna Mario Marinho
ESTE JOGO VAI SER ANULADO
COLUNA MÁRIO MARINHO
Terminada a rodada desse fim deste semana, já na noite de ontem, eu pensava na minha coluna desta segunda-feira e elegi o meu personagem: o VAR.
Afinal de contas, o auxiliar de Vídeo esteve presente de forma decisiva nos jogos Palmeiras 1 x 0 Botafogo; Bahia 3 x 2 Fluminense; Santos 0 x 0 Internacional e no clássico Corinthians 1 x 0 São Paulo.
Pensei num texto otimista, mostrando que o VAR foi aplicado sem grandes polêmicas, mudando ou confirmando as decisões do mortal árbitro de campo.
Só que não.
Logo pela manhã, vejo que o Botafogo quer anular seu jogo contra o lideríssimo Palmeiras baseado numa verdade histórica do futebol: o erro de direito.
Existem duas situações que muitas vezes se confundem: o erro de direito e o erro de fato.
A diferenciação pode ser vista neste exemplo, até mesmo simplório:
Erro de direito: um time entra em campo e joga com 12 jogadores.
Erro de fato: o juiz dá um gol sem que a bola tenha realmente ultrapassado a linha de fundo.
No primeiro caso, há um inquestionável erro de aplicação da lei que diz que o time só pode ter em campo no máximo 11 jogadores. Aplicação errada da lei: anulação do jogo.
No segundo caso, há a interpretação do árbitro de que a bola entrou. É questionável, mas trata-se de interpretação. Não dá anulação de jogo.
No caso do jogo do Palmeiras, é interessante observar – e provocará muita polêmica –que trata-se de uma situação em que o VAR foi aplicado corretamente, mas, de maneira incorreta.
Vamos lá.
O atacante Deyverson, do Palmeiras, caiu dentro da área, pediu pênalti e recebeu cartão amarelo aplicado pelo juiz Paulo Roberto Alves Júnior. O juiz entendeu que houve simulação por parte do jogador.
Só que, na sequência, o juiz é advertido pelo VAR de que algo de errado pode ter acontecido.
O juiz vai então até à lateral do campo, revê e analisa detidamente o lance. Volta para o campo, anula o cartão amarelo dado ao jogador palmeirense e marca pênalti contra o Botafogo.
A decisão foi correta.
Mas, nasceu de uma nulidade.
Ensina o Direito que atos nulos de pleno direito, não geram qualquer efeito, uma vez que nasceram com vício de ilegalidade.
E onde está a ilegalidade?
Como diria aquele conhecido comentarista de arbitragem, Arnaldo César Coelho, a regra é clara: o juiz só pode mudar a sua decisão antes do recomeço da partida.
No caso de Botafogo e Palmeiras, uma câmara de televisão mostra claramente o árbitro mandando o jogo seguir e a bola rolando dando início a nova jogada. Só depois ele para o jogo e vai conferir as imagens com o VAR.
Errado. Não pode.
Trata-se de flagrante erro de direito.
O Botafogo está absolutamente correto em exigir a anulação da partida e a realização de um novo jogo.
Mas vai dar discussão.
Veja a reportagem e o lance.
https://youtu.be/P5k_i8VqgKw
Outras decisões
do VAR na rodada
No jogo Santos e Internacional, o atacante Rodrygo caiu dentro da área e o juiz, incontinente, apitou o pênalti.
Mas, com manda a nova lei, invocou o testemunho do VAR.
Imediatamente, anulou sua decisão.
O lance é um pouco confuso, mas a decisão do juiz foi acertada e até corroborada pelo próprio jogador santista, ao final do jogo, que disse em entrevista:
– Eu vi que não iria alcançar a bola e deixei o corpo para o zagueiro me acertar. Quer dizer: não dá para criticar o juiz por não ter marcado. Mas, se ele tivesse marcado, também não poderia ser criticado.
Antes, o VAR havia sido chamado para anular um gol do Internacional em que o atacante estava impedido.
Na vitória do Bahia sobre o Fluminense, 3 a 2, o VAR participou ativamente por duas vezes: no primeiro lance, na marcação do pênalti a favor do Bahia. Cobrado pênalti, o goleiro do Fluminense defendeu, mas o VAR acusou que ele se adiantou.
A cobrança foi repetida e o gol marcado.
No Corinthians 1 x 0 São Paulo, o juiz Flávio Rodrigues de Souza expulsou o atacante Hernanes, do São Paulo, por entender que ele havia agredido o jogador Sornoza, do Corinthians.
Chamado VAR, como é obrigatório em casos de cartão vermelho, verificou-se que tal agressão não aconteceu e o árbitro anulou o cartão vermelho.
Enfim, o VAR foi a vedete do fim de semana.
Veja os gols do Fantástico.
https://youtu.be/UlQ2fVjOVtQ
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Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Gostei muito da Coluna do Mario Marinho e também das outras colunas políticas e econômicas. Todas excelentes!!!
Obrigada! Volta todo dia, que todo dia tem coisa boa aqui
Oi Marinho, legal sua argumentação. Mas fica a pergunta: e o Palmeiras, que perdeu seus pontos sem ter culpa nenhuma, como fica?
valeria zamboni
Valéria,
Você tem razão: o Palmeiras não tem nenhuma culpa no acontecimento.
Porém, o gol nasceu de flagrante irregularidade.
O caso vai para julgamento e, se tudo correr normalmente, haverá um novo jogo.
Abração,
Mário Marinho