Totalmente sem rumo. Por Edmilson Siqueira

TOTALMENTE SEM RUMO

Edmilson Siqueira

… Mas havia uma boa notícia para ser dada e um, finalmente, atendimento do presidente a um pedido da possível base aliada. Só que não. Ao chegar ao Congresso, o desmentido já ganhava as ruas. O Planalto avisara que o telefonema de Bolsonaro ao ministro nem existiu.

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São tantas as evidências de que o governo de Jair Bolsonaro está sem rumo, que às vezes eu chego a pensar se essa total incompatibilidade entre a arte de governar e as autoridades eleitas e nomeadas não seria uma estratégia inteligentíssima para expor as mazelas todas e depois apresentar uma solução genial.

Infelizmente meu devaneio não passa disso mesmo: um sonho de alguém totalmente frustrado com o que assiste em Brasília. Hoje, quarta-feira, 15 de maio de 2019, o país amanheceu com uma notícia que ultrapassa os limites do surrealismo. Na frente de dez deputados o presidente telefonou para o ministro da Educação e mandou que ele suspendesse os cortes anunciados nas áreas do ensino brasileiro. Os deputados saíram do Planalto com uma notícia que eles consideraram boa, afinal são líderes de partidos que querem formar a base governista e nada melhor, para tanto, que ter algum pedido atendido pelo presidente. O pedido, diga-se, era para evitar, ou pelo menos diminuir o impacto de manifestações contra os cortes, que ganharam vulto, pois o poder de arregimentação na área da educação ainda é grande no Brasil, aliado, claro, às mentiras que a esquerda costuma criar nesses momentos e que servem também para agregar incautos.

Resultado de imagem para DESORIENTADO…se queria mesmo suspender os cortes e foi avisado que não podia fazê-lo, é que a autoridade presidencial vale tanto quanto a autoridade do guardador de carros perante o ladrão armado…

 

Mas havia uma boa notícia para ser dada e um, finalmente, atendimento do presidente a um pedido da possível base aliada. Só que não. Ao chegar ao Congresso, o desmentido já ganhava as ruas. O Planalto avisara que o telefonema de Bolsonaro ao ministro nem existiu.

O episódio revela várias facetas de um governo sem rumo. A primeira delas – e talvez a mais terrível – é que o presidente é capaz de fazer uma coisa e dez minutos depois dizer que não fez, mesmo tendo um time de testemunhas à sua frente no momento do, digamos, acometimento do ato. A segunda é que, se queria mesmo suspender os cortes e foi avisado que não podia fazê-lo, é que a autoridade presidencial vale tanto quanto a autoridade do guardador de carros perante o ladrão armado. A terceira é que, se um contingenciamento de verbas importantíssimo para que as finanças do governo se mantenham quase estáveis pode ser descartado com um telefonema, é porque falta plano, falta convicção, falta conhecimento básico do que é governar.

Há outras facetas, entre as quais a cara de pau do presidente ao deixar vazar que nem houve tal telefonema, mas vamos ficar por aqui, pois já há elementos suficientes pra gente querer conferir o passaporte e, se possível, consultar preços de passagens para o exterior.

O fato é que o Brasil caminha para o caos. O Congresso é esperto e o governo ingênuo. O Congresso é forte e o governo fraco. O Congresso tem bem mais que uns três quartos de deputados e senadores unidos e o governo está mais dividido que reunião de partidos de esquerda.

Resultado de imagem para DESORIENTADO… A inacreditável confusão e a total ausência de ações positivas ocorreram por obra e graça do próprio governo e seus aliados. Fosse esse governo constituído apenas pelos “laranjas” usados para desviar fundos partidários na ultima eleição, creio que não conseguiria atingir tal grau de imperfeição. 

Pra completar, hoje a imprensa já especula o que será do Brasil sem, repito SEM a reforma da Previdência. O que é impensável para Paulo Guedes, de repente começa a se materializar como um pesadelo, não só para o ministro, mas para o país inteiro. O discurso que a reforma é prejudicial, baseado em mentiras e desinformações, parece ter conquistado mais adeptos do que a retórica – verdadeira – da situação do Brasil e da necessidade premente de mudar. Se a reforma for rejeitada, ou totalmente descaracterizada, fica impossível governar. Juntar-se-ão a incompetência com a falta de dinheiro e não dá pra imaginar o que pode sair desse angu.

Agora, ao avistar do alto esse cenário de fim de feira de um governo que recém começou, o distraído leitor pode pensar que a oposição vem fazendo um espetacular trabalho de desmanche, pois em cinco meses conseguiu transformar o céu de brigadeiro da posse na antessala do inferno.

Nada disso. A oposição petista e dos partidos de esquerda nada fez a não ser repetir os mantras de sempre contra um governo que não é o dela. A inacreditável confusão e a total ausência de ações positivas ocorreram por obra e graça do próprio governo e seus aliados. Fosse esse governo constituído apenas pelos “laranjas” usados para desviar fundos partidários na ultima eleição, creio que não conseguiria atingir tal grau de imperfeição.

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