Ao ataque! Blog do Mário Marinho
Nos longínquos anos 1950, acompanhava-se futebol pelas românticas e apaixonadas transmissões pelo rádio, pelo noticiário dos jornais e nos álbuns de figurinhas.
O futebol era bastante regionalizado.
Do futebol internacional quase não se tinha notícias, pelo menos para um garoto.
Minhas primeiras lembranças de futebol são do meu pai me levando para assistir aos jogos do América, meu time até hoje.
Depois, morando no Rio de Janeiro, tornei-me flamenguista que tinha um time arrebatador e que viria a ser tricampeão carioca.
Como os jogadores dificilmente trocavam de time, era fácil não só guardar as escalações, como também acreditar firmemente que os jogadores eram também torcedores daquela camisa.
Assim, até hoje me lembro da escalação daquele Flamengo: Garcia, Tomires e Pavão; Jadir, Dequinha e Jordan; Joel, Henrique, Dida, Índio e Babá (Zagalo).
O técnico era Don Fleitas Solich.
De volta a Belo Horizonte e ao meu América, um ataque que me marcou foi formado por Miguel, Tomazinho, Gunga, Geraldo e Dodô.
Esse é o ataque da Seleção Mineira de 1957. Dos cinco, apenas Tomazinho (do Atlético) não era jogador do América.
Nessa década eu pouco sabia de futebol internacional, mas dois assuntos me chamaram a atenção: um tal de Real Madri que era o terror dos times da Europa e, por extensão, do mundo todo; o segundo assunto foi o acidente de avião que matou sete jogadores do Manchester United.
O Real Madrid tinha um ataque avassalador: Canário (que era brasileiro), Del Sol, Di Stefano, Puskas e Gento (foto abaixo)
A esse ataque, se opôs outro, tão avassalador: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
O Real Madrid se tornou penta campeão da Liga dos Campeões desde a sua primeira edição na temporada 1955-1956 até à temporada de 1959-1960.
No Brasil, não tínhamos um campeonato brasileiro, mas o Santos foi quase imbatível nessa época no Paulistão.
O Santos foi campeão em 1955 e 1956. Em 57, perdeu o título para o São Paulo. Voltou a ser campeão em 1958; no ano seguinte perdeu para o Palmeiras. Retomou em 1960-61-62; em 1963, o campeão foi novamente o Palmeiras. O Santos voltou a ser campeão em 1964 e 1965. Em 1966, foi o Palmeiras. O título voltou para o Santos em 1967, 68 e 1969.
Aquele ataque era arrasador e Pelé foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1957 a 1965 e voltou ao topo dos goleadores em 1969. Em 1958, ele estabeleceu o recorde até hoje não batido de 58 gols na competição. O Paulistão daquele ano teve 38 jogos e o time do Santos marcou 143 gols.
Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
No ano de 1958, a Seleção Brasileira também teve um ataque altamente realizador. Foram 16 gols em 6 jogos.
Eis o ataque: Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo.
Quanto ao fato triste da época, ele aconteceu em fevereiro de 1958.
O time do Manchester United voltava de um jogo na Alemanha. Quando o avião que o transportava, mais alguns jornalistas, não conseguiu decolar no aeroporto de Berlim.
Nevava muito e o comandante do voo já havia abortado a decolagem por duas vezes. Na terceira, o avião não conseguiu alcançar velocidade: havia muita lama provocada pelo derretimento da neve na parte final da pista.
O avião derrapou, uma das asas tocou ao chão e provocou todo o desastre.
Havia 44 pessoas a bordo. Morreram 23, sendo 7 jogadores do Manchester.
Uma tragédia que abalou o mundo.
Para matar saudades, veja alguns dos mais de 1200 gols de Pelé.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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O ataque (demolidor) do Santos em 58 era: Dorval, Jair (da Rosa Pinto), Pagão, Pelé e Pepe. O Mengálvio e o Coutinho vieram depois.