Quando o “À” não tem vez. Por Josué Machado

QUANDO O “À” NÃO TEM VEZ

JOSUÉ MACHADO

…nomes que rejeitam o artigo passam exigi-lo se forem modificados por algum especificador; nesse caso, se femininos, haverá fusão dos “A”, marcado com o sinal correspondente: vou À VERDEJANTE Londrina; vamos À Santa Catarina DAS GEADAS…

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A seguinte frase do analista político poderia suscitar dúvida sobre o muitas vezes discutido uso do acento no “A”:

“ … a menos que o Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, ou seu chefe declare guerra à Venezuela, a Cuba, à Rússia e à China.”

Na frase algo irreverente, por que o “A” aparece acentuado antes de Venezuela, Rússia e China e não antes de Cuba?

Porque o nome “Cuba”, como os de outros países, rejeita o artigo. Entre eles, Angola, Cabo Verde, Costa Rica, Honduras, Israel, Nicarágua, Moçambique, Portugal.

E, se o rejeitam, quando nomes femininos, o “A” que aparece antes deles é apenas preposição, e não a fusão da preposição “A” com o artigo “A”, marcado pelo acento grave que identifica a crase.

A maioria dos nomes de países, no entanto, é usada com artigo.

Dos estados brasileiros, os seguintes o rejeitam:  Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. (Há quem use artigo, e, portanto, acento antes de Alagoas e de Minas Gerais, quando usados como nomes plurais, em frases coloquiais: vou às Alagoas, fui às Minas Gerais.)

Fora isso, é evidente, portanto, que não se escreve: vou “À” Santa Catarina, “À” Londrina,  “À” Paris, “À” Nicarágua, etc.

Mas escreve-se bem:  vou AOS EUA, À Colômbia, À Argentina, AO Chile, AO Brasil, etc.

Enfim, basta avaliar que nomes aceitam ou rejeitam o artigo. Se o aceitam, e a palavra for feminina, cabe a fusão dos dois “AS” (artigo e preposição) e, portanto, o acento marcador da crase.

Basicamente, de acordo com a ilustração:

Se vou A, volto DA, crase haverá; se vou A, volto DE, crase pra quê?

No entanto, nomes que rejeitam o artigo passam exigi-lo se forem modificados por algum especificador; nesse caso, se femininos, haverá fusão dos “A”, marcado com o sinal correspondente: vou À VERDEJANTE Londrina; vamos À Santa Catarina DAS GEADAS; fui À São Paulo DA GAROA (que garoa?).

E assim por diante.

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JOSUE 2Josué Rodrigues Silva Machado, jornalista, autor de “Manual da Falta de Estilo”, Best Seller, SP, 1995; e “Língua sem Vergonha”, Civilização Brasileira, RJ, 2011, livros de avaliação crítica e análise bem-humorada de textos torturados de jornais, revistas, TV, rádio e publicidade

 

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