Chuva de ouro. Blog do Mário Marinho
Foram três medalhas de ouro nas últimas horas de competição Olímpica.
Todas elas com sua história, com sua emoção.
A medalha da canoagem foi uma medalha contada.
O irreverente e guerreiro Isaquias Queiroz depois de não conseguir classificação para disputar o ouro na primeira competição de que participou, de duplas, desatou em incontido choro. O choro de uma criança que teve seu brinquedo tirado de suas mãos.
Mas, ao invés de falar em saúde mental, Isaquias partiu para o confronto:
– Vou buscar o ouro! – exclamou.
Depois, mais contido, disse que se viesse prata ou bronze, não tinha importância, mas, ele não estava em Tóquio para brincadeira.
Nessa noite, foi para os mil metros solo e, aí, sim, brincou na raia. Saiu um pouco atrás para logo na frente passar à dianteira e não deixar mais: era o ouro que ele havia anunciado.
Veja as imagens:
Mas, a noite trouxe mais ouro, também de um baiano irreverente e ousado: Hebert Conceição, na categoria dos médios, até 75 quilos.
Hebert chegou à final contra o rápido ucraniano Oleksandr Khyzhniak.
No primeiro assalto, foi totalmente dominado pelo adversário que venceu por pontos segundo decisão unânime dos jurados.
A história se repetiu no segundo assalto.
Se a decisão fosse por pontos, Hebert já estaria derrotado. Mas, ele não se entregou. Faltando um minuto e meio para terminar o assalto, conseguiu espetacular golpe de esquerda que mandou o adversário à lona.
Vitória por nocaute.
Mais uma história em que a determinação, a vontade e a raça superam a preocupação com a saúde mental.
Veja:
E veio o futebol, esse esporte arrebatador.
O Brasil chegou à final para disputar o ouro com a Espanha.
As campanhas das duas seleções rumo a essa final foram numericamente iguais: três vitórias e dois empates.
A Seleção espanhola chegou com o que poderia ter sido uma vantagem: três jogadores que participaram da recente EuroCopa.
Fizemos um bom primeiro tempo, alternando jogadas de ataque com o perigoso time espanhol.
O Brasil teve a primeira grande chance de marca aos 33 minutos, quando o goleiro espanhol fez pênalti em Matheus Cunha, decisão apontada pelo VAR.
O artilheiro Richarlison foi para a cobrança e mandou a bola para as nuvens.
Mas, logo aos 2 minutos do segundo tempo, uma bola que parecia perdida foi recuperada velo veterano Daniel Alves que a colocou dentro da área. Os zagueiros deram bobeira e Matheus Cunha marcou com classe: 1 a 0.
O gol de empate da Espanha veio aos 16 minutos com Mikel Oyarzabal aproveitando uma bola cruzada sobre a área brasileira.
Fim de jogo no tempo normal: 1 a 1.
Apesar de alguns jogadores demonstrarem cansaço, o técnico André Jardine não fez modificações durante o jogo.
Para a prorrogação, entretanto, o time voltou com o veloz Malcom no lugar de Matheus Cunha.
E foi dele o gol que colocou a medalha de ouro no peito dos brasileiros: Malcom recebeu um passe longo de Anthony, venceu seu marcador na corrida e completou na saída do goleiro.
O Brasil é bicampeão olímpico de futebol.
Esse nosso futebol tão vencedor, há cinco anos não tinha uma medalha de ouro no futebol. Agora, é bi.
E aqui é sempre bom lembrar o Barão de Coubertin: o importante é competir.
Porém, melhor é se competir e vencer.
E, mais ainda: provocar emoções.
E emoção é o que não falta nesta Olimpíada.
Veja os gols.
PS – Perder para a Argentina é muito, não é?
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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