ESCOLA SEM PARTIDO V

(Lei da oferta e procura)

MERALDO ZISMAN

…a riqueza de uma Nação, não depende da sua riqueza natural, tamanho, poderio econômico, militar, e outros insumos.  Seu maior capital é o sistema educacional, grau de instrução, conhecimento e inventividade dos seus pesquisadores e pensadores...

A lei da oferta e da procura é um dos conceitos mais importantes da economia pois funciona como um modelo de definição de preços e determina a melhor forma de se alocar recursos. Devido essa função regulamentadora, a lei da oferta e da procura é a própria essência do liberalismo econômico, que defende um mercado independente e autorregulado (https://www.significados.com.br/lei-da-oferta-e-procura/)

A Riqueza das Nações, publicado em 1776, de autoria do escocês Adam Smith (1723-1790), longe de ser um defensor ferrenho do capitalismo, aqui entendido como envolvimento direto do Estado nos setores produtivos e de serviços, foi um defensor da liberdade. É como se, ao provar que com liberdade todos nós podemos ter mais dinheiro. Também afirma que dinheiro não compra felicidade e que a guerra é mais dispendiosa para o povo mesmo da vencedora.

Mais próximo ao nosso tempo não podemos esquecer que a riqueza de uma nação é construída, antes de tudo, por um bom sistema educacional à população, principalmente quando dirigida as crianças. Deste modo a importância do(a) Mestre/Escola na formação da mocidade é tão importante quanto o emprego de capital na instrução. Não é à toa ao afirmar ser as guerras pagas pelo povo. Não importa quem vença.

Como falei em guerras refiro-me ao escritor alemão Erich Maria Remarque   onde o protagonista do seu romance NADA DE NOVO NO FRONT (Nobel de Literatura), o personagem principal  o jovem Paul Baumer, filho de uma humilde família alemã durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), influenciado pelo seu mestre-escola alista-se para a guerra e lá chegando vê meninos como ele perecerem e percebe que trocou a sua juventude pelo absurdo da guerra; uma única certeza aprendeu: a do aberração da guerra. Até então, na Literatura, a guerra era retratada como um pano de fundo, patrioticamente heroica.  Pela voz pacifista o enredo do romance é considerado o fundador do caráter pacifista que habita a moderna Literatura ocidental.

 O acontecimento é que ensinar passou a ser uma oferta (mercadoria) e que não se preocupava e nem ouvia a queixa dos consumidores(alunos).  A balbúrdia está agora instalada. Esta nova situação não sabe como vão vender aos seus alunos ou se desejarem ou antigos consumidores que estavam amordaçados pelo medo. O silencio dos alunos deu lugar a tagarelice liquida…

Nas minhas leituras de adolescente lembro-me do jovem Paul, dizer mais ou menos assim:  não existe vale francês, montanha inglesa, lago espanhol. A designação é de acordo com a população que povoa aqueles “acidentes geográficos”.

E que tem com isso a educação, o colégio, o ensino, o professor?

Provado está que a riqueza de uma nação depende do grau da educação da sua população.  Paul (o personagem principal do livro do novelista alemão Erich Maria Remarque (1898-1970), também era indiferente ao nome das batalhas. Essas nem tinham nome, apenas representavam mais uma oportunidade para o matarem. Para ele, as batalhas serviam apenas para conquistar pequenos e inúteis pedaços de terra, nada mais.

Voltando  a Adam Smith, lembro que que a riqueza de uma Nação, não depende da sua riqueza natural, tamanho, poderio econômico, militar, e outros insumos.  Seu maior capital é o sistema educacional, grau de instrução, conhecimento e inventividade dos seus pesquisadores e pensadores.

O acontecimento é que ensinar passou a ser uma oferta (mercadoria) e que não se preocupava e nem ouvia a queixa dos consumidores(alunos).  A balbúrdia está agora instalada. Esta nova situação não sabe como vão vender aos seus alunos ou se desejarem ou antigos consumidores que estavam amordaçados pelo medo. O silencio dos alunos deu lugar a tagarelice liquida. E sem demanda não poderá haver oferta.

Em sumo as ideias humanísticas, mais que as tecnologias nos seus avanços acreditam que ensinar o estudante a pensar por si mesmos é a meta. Nem sempre os resultados são bons, mas isto é que um sistema educacional humanístico deve fazer.

No processo educativo os conhecimentos e habilidades são transferidos para as crianças, jovens e adultos com o desígnio crescer o raciocínio dos alunos, educar a pensar sobre diferentes problemas, auxiliar no crescimento intelectual e formação de cidadãos capazes de gerar pessoas capazes de gerarem modificações positivas numa sociedade a que pertençam e irão viver. Repito parafraseando Adam Smith:

” A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”

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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE).