Decisões de vésperas. Coluna Mário Marinho
DECISÕES DE VÉSPERAS
COLUNA MÁRIO MARINHO
Dizem os sabichões que somente o peru morre de véspera.
Também dizem que ninguém ganha na véspera e até mesmo que o jogo só acaba quando termina.
Mas como as verdades costumam ser mutáveis e o futebol imprevisível (ah!, velha caixinha…) pode-se dizer que na Copa do Brasil as coisas são diferentes.
Daí, não temo dizer que Corinthians e Cruzeiro conseguiram suas classificações na véspera.
O Corinthians foi enfrentar o Flamengo no Rio de Janeiro, há duas semanas, e entrou no Maracanã cônscio de seu real tamanho diante de um pungente Rubro Negro pronto para executar seus adversários até com requintes de crueldade.
Nada disso.
O Timão soube levar o Flamengo na conversar e enrolou e enrolou até o jogo acabar e trouxe de lá um comemorado empate.
Decisão então em Itaquera.
Na véspera do jogo, em plena terça-feira, dia de trabalho, o Corinthians abriu seus portões e recebeu 45 mil torcedores que gritaram e vibraram no treino como se estivessem em decisão de Mundial.
Embalado por essa força, o Corinthians entrou em campo buscando vitória simples para garantir seu lugar ao sol da finalíssima.
Fez um 1 a 0 em belíssima jogada de Jadson que o lateral Danilo Avelar finalizou.
Como o Flamengo é mais time, chegou ao empate.
Depois, foi aquela história de martelar, martelar e não consegui vencer a barreira Alvinegra.
E aí deu-se o momento mágico: o meia Pedrinho, 20 anos, xodó da torcida, camisa 38 às costas, entrou em campo. Aos 38 segundo tocou na bola pela primeira vez para fazer o gol da vitória.
Ao final, o Timão se classificou em já embolsou R$ 20 milhões, prêmio para quem chega à final e que pode chegar a R$ 50 milhões se conquistar o título. Nada mal para quem anda fraco de bolso e até atrasando alguns pagamentos.
Lá no também belo Mineirão, o Cruzeiro entrou em campo com a vantagem conseguida na véspera: no jogo de ida, em São Paulo, venceu por 1 a 0.
Como se sabe, a última vez que Felipão passou pelo Mineirão decidindo alguma coisa, levou uma sapatada de 7 a 1 e ficou então decidido que o Brasil estava fora da Copa do Mundo de 2014. E decidido também que carregaremos para sempre essa dor tão doída quanto pode ser uma dor.
Assim, Felipão foi visto se benzendo 9 vezes, porque o 9 representa a realização total do homem com todas as suas aspirações atendidas e seus desejos satisfeitos. E tudo o que ele queria era sair dali com a vitória e a classificação.
Mas, logo no comecinho do jogo, Barcos, ex-palmeirense, que em campo faz o papel do centroavante camisa 9, tratou de atrapalhar e fez 1 a 0.
O Palmeiras não se mostrou tão grande e tão determinado como tem sido em seus últimos jogos. Teve força apenas para chegar ao empate com belo gol de cabeça de Felipe Melo, ex-jogador do Cruzeiro.
Assim, o empate não foi capaz de reverter a vantagem conseguida de véspera pelo Cruzeiro que está na finalíssima e irá enfrentar o Corinthians dentro de duas semanas.
No fim do jogo, como se fosse uma daquelas pelas das envolvendo os times da Rua de Cima contra o time da Rua de Baixo, jogadores profissionais, adultos e, teoricamente, responsáveis, se engalfinharam e trocaram socos e ponta-pés.
Lamentável.
Veja os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/KYvuC1o87mg
– Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)