A noite dos vencedores batidos. Coluna Mário Marinho
A noite dos vencedores batidos
Coluna Mário Marinho
E é assim que se escreve a resenha da noite de Libertadores. Os vencedores perderam.
Lá no Mineirão, o Flamengo conseguiu a façanha de vencer o Cruzeiro por 1 a 0. Vitória pequena, inútil.
Como no primeiro jogo, no Maracanã, o Cruzeiro conseguiu façanha maior, vitória por 2 a 0, resultou inútil o esforço do rubro negro carioca.
Na arena corintiana, a história se repetiu.
Batido por 1 a 0 no jogo de ida restava ao Corinthians a vitória por 1 a 0 e levar a decisão aos pênaltis ou alcançar vitória maior e se classificar.
O primeiro gol corintiano saiu aos 17 minutos do primeiro tempo, num pênalti bem marcado pelo juiz.
Teoricamente, ainda havia muito tempo para alcançar o segundo gol. Porém, 15 minutos depois, a defesa do Timão dormiu no ponto e levou o gol de empate.
A situação ficou ruim porque a partir daí, como o Colo Colo fez o gol no campo do adversário, sobra ao Corinthians a opção única de vencer por dois gols de diferença.
E veio o segundo gol marcado pelo discutido Roger que a torcida vê com impaciência. O gol veio aos 22 minutos e, mais uma vez, teoricamente com tempo para chegar ao gol da classificação.
Mas o gol não veio. E lá se foi a classificação.
O Corinthians mereceu a vitória e até jogou bem. Mas, não o suficiente para a vitória.
Fiquei com dó do meu neto, o Vinicius, de 15 anos, que se declara corintiano há 15 anos. Pela manhãzinha, toca o telefone. E é ele, o Vinicius. Lá vem choro, penso eu. Suave engano. Com a voz viva, até quase alegre, ele me diz.
– Vô, até que ficou tudo bem. O time perdeu a classificação, mas jogou bem. Sabe de uma coisa: a gente não tem mesmo time para enfrentar a Libertadores. Melhor sair fora agora do que cair contra o Palmeiras. Agora, o time pode ficar de olho apenas na Copa do Brasil e garantir vaga na próxima Libertadores. O Brasileirão também não dá.
Fica aí o consolo do corintiano.
Noite do inadmissível
Em época de comunicação digital quando se fala com qualquer parte do mundo em questão de segundos, a lambança do Santos no caso da documentação do volante Carlos Sanches é inadmissível.
Tão inadmissível quanto o quebra-quebra que a torcida promoveu após o empate, 0 a 0, no jogo o Colo Colo e a consequente eliminação da Libertadores.
Tão inadmissível quanto a interferência do técnico Cuca no trabalho da Polícia Militar que imobilizava um torcedor que havia invadido o campo.
Tão inadmissível quanto a força empregada na imobilização do tal torcedor.
E como se não bastasse tudo isso, o Santos demite o profissional encarregado das comunicações digitais e diz que não tem nada a ver com o caso da documentação do volante Sanchez. Inadmissível!
A demissão do profissional é um problema interno do Santos. Mas não admitir a correlação dos fatos é querer fazer o povo de idiota.
Resumindo, em poucas palavras.
O Santos contratou o volante Sanchez sem tomar os devidos cuidados com a documentação. Agiu na boa fé ou deu bobeira.
O certo é que o rapaz não poderia jogar, pois, estava suspenso pela Conmebol. Ao infringir o regulamento, foi condenado com a derrota por 3 a 0.
Assim, precisava. No mínimo, vencer o jogo por 3 a 0 para levar a decisão sobre a vaga para os pênaltis ou vencer por 4 a 0 e se classificar.
A torcida compareceu em peso ao Pacaembu na expectativa da virada que não veio.
Torcedores resolveram culpar a Conmebol, como Santos estava fazendo, e partiram para o quebra-quebra de cadeiras e das instalações do Pacaembu, além de jogar rojões e objetos no gramado.
O juiz, por medida de segurança e acertadamente, terminou o jogo.
O Santos está fora da Libertadores.
Além de ficar fora, deverá ainda ser punido pela Conmebol. E não será punição leve.
Mais: vai pagar pelos estragos de sua torcida ao estádio Municipal. O que é muito justo: só faltava sobrar para nós, munícipes, arcar com as despesas provocadas pelos vândalos.
Fica lição para o Santos: é preciso mais profissionalismo, mais cuidadoso em suas futuras contratações.
Lição para o torcedor: violência e vandalismo não ajudam a ninguém.
Lição para o Cuca: não se meta no trabalho que não lhe diz respeito.
Enfim, lambanças com essas podem ser evitadas.
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– Mário Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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