Nem contra, nem a favor, muito pelo contrário e, aliás, sobre o quê mesmo eu estou escrevendo?
O desafio consiste em descobrir exatamente o que o autor quis dizer com este artigo. O vencedor leva o Prêmio João Sicsú de Economia Informal
Façanhas e mancadas da sabedoria financeira
A NOTA da Febraban sobre as conseqüências do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e do aumento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líqüido) ocupou boa parte do meu tempo na manhã do dia 11. Recebi cinco telefonemas de cidadãos indignados, empresários de porte, profissionais de alto coturno e outra gente de rendimentos graúdos.
A opinião pública está convencida: os bancos lavaram a égua nos últimos dez anos, depois que o Estado evitou uma crise bancária com o Proer. Nos anos 90 e no início do terceiro milênio, as operações de tesouraria saborearam as taxas dos títulos públicos e as delícias do real valorizado. A partir de 2005, o crédito aos consumidores passou a ser concedido com prazos cada vez mais generosos. Os volumes cresceram à velocidade da quinta marcha. Os “spreads” garantiram a rentabilidade.
Não topo teorias conspiratórias. Compartilho a admiração de Schumpeter, Marx, Keynes pela arquitetura do sistema de crédito erigida pelo capitalismo desde o último quarto do século 19, façanha dos Rotschild, dos Morgan, dos Warburg, dos Bleichröder. A leitura das biografias desses gigantes pode ser útil para evitar episódios em que a infelicidade de uma nota desperta ressentimentos.
Nos Estados Unidos dos anos 30, a quebra era generalizada. Os agricultores puxavam a fila. Em 1933, Roosevelt, recém-empossado, decretou feriado bancário. Utilizou a Reconstruction Finance Corporation, criada por Hoover, para promover a reestruturação das dívidas e limpar as carteiras dos bancos.
O Glass-Steagall Act já havia determinado a separação entre os bancos comerciais e de investimento. Em seguida, o governo aprovou a garantia de depósitos bancários, a proibição do pagamento de juros sobre depósitos à vista e o estabelecimento de tetos ao pagamento de juros para depósitos a prazo.
A American Bankers Association reagiu: as medidas eram “heterodoxas, não-científicas, injustas e perigosas”. Não obstante sua natureza maligna, elas brecaram a corrida bancária e favoreceram a recuperação do crédito.
Em 1935, ao desembarcar de uma viagem à Europa, “Jack” Morgan, o herdeiro de John Pierpont, adicionou gasolina ao fogo: “Os que ganham dinheiro nos Estados Unidos trabalham oito meses por ano para sustentar o governo”. A indignação popular avassalou o país. No livro “The House of Morgan”, Ron Chernow escreve que, depois da mancada, Jack deixou de ser uma pessoa. Tornou-se o símbolo dos ricos e reacionários que se opunham à justiça social. A multidão de desempregados sobrevivia à custa dos programas de obras públicas e da assistência social do Estado.
O conselheiro legal de Roosevelt (mais tarde juiz da Suprema Corte) Felix Frankfurter escreveu ao presidente: “Quando os homens mais proeminentes do mundo da finança escancaram atitudes moralmente obtusas e anti-sociais, chega-se à conclusão de que o verdadeiro inimigo do capital não é o comunismo, mas os capitalistas e sua corte de escribas e advogados”.
Queria mais uma vez parabenizar pelos seus textos. Muito legal
Abraço
Valeu Lasse. Obrgado.
Abs
Alex
Bilu, acho que o Beluzzo quis “adicionar gasolina ao fogo” (sic)… se esse pinta “economiza” como traduz, dá para entender porque ele ainda não sabe a que veio…
(sugestão: por que você não abre um balcão de apostas chamado “let’s talk business”? o tema destas 2 próximas semanas poderia ser: o que o Fed vai fazer diante da inflação absurda nos EUA e o índice de Initial Claims da 2a semana de janeiro? que desafio os caras tem nas mãos, inclusive porque o mundo todo joga a culpa – ou seja, rely on – nos EUA…)
Alguém ainda lê artigos do Beluzzo? Digo, alguém com custo de oportunidade do próprio tempo?
Caro Alexandre,
Acho que o autor quis dizer que não gosta de banqueiros (seria a interpretação de Madame Natasha).
Abraço.
Marcelo
Hum, eu esqueci de adivinhar o tema. Mas se eu acertar não quero esse prêmio não!Hehehe
Acho que o tema é sobre o que os Neoclássicos como o Friedman vivem defendendo, Laisser fair.
Cheguei perto?
Ah, e tem essa, bem lembrado Lasse: a culpa é sempre do “laisser faire” e, portanto, dos EUA, ou então da preguiça e das saúvas, como diria Mário de Andrade!
Ler artigos do autor em questao e’ sempre uma perda de tempo. Dessa vez nao foi diferente. No entanto a crise que se desenrola agora nos US ira’ demonstrar que regulamentacao financeira e’ imprescindivel para se evitar crises sistemicas. O Fed tem em suas maos o respaldo legal que se utilizado teria evitado a formacao da bolha imobiliaria desde 94. Se recusou a usar. Quando a bolha ja’ estava em pleno desenvolvimento eles disseram, com ar de pitonisa: “Nao e’ funcao do Banco Central intervir nos precos dos ativos”. O que e’ que eles etao fazendo agora, com cortes de juros seguidos e profundamente desesperados? Tambem disseram que nao cabia intervencao porque pessoas que de outra forma nao teriam credito estavam agora tendo sua oportunidade com os mecanismos do subprime. Como se operacao de cretido fosse obra de caridade.
Uma pergunta aos participantes:
Em dezembro de 2006 Uncle Ben veio a publico e disse: “The worst of the housing problem is behind us”. Ele estava mentindo ou trata-se apenas de uma pessoa totalmente desvinculada da realidade?
abracao
kleber
Realmente sem pé nem cabeça. Por que o Beluzzo não escreve um artigo comentando a empresa laranja que contrata jogadores para o Palmeiras? No free lunch.
Lucy in the Sky with Diamonds. The lunatic is on the grass. Ele sempre foi o Maluco Belleza. Né? Não q eu tenha alguma coisa contra doidões, mas escrever um artigo (e lecionar) nesse estado dá nisso. Se eu ganhar o prêmio declino em favor do próprio Belleza.
Caro Alexandre,
‘Descobri’seu blog recentemente, não resisti e li todas os posts anteriores.
Hoje pela manhã acessei novamente e levei um susto : não deu p entender nada.
Agora ficou esclarecido…ganha o Prêmio João Sicsú quem decifrar o indecifrável…
Parabéns por defender a racionalidade econômica e demonstrar a força da teoria num ambiente em que cada vez mais impera o ‘achismo’ e a falta de seriedade na análise da realidade.
Continue assim e obrigado por compartilhar suas análises.
Abs,
Marcelo
Pessoal:
Perdão pelo atraso em comentar os comentários, mas passei boa parte do dia imerso num estudo bem interessante.
Em primeiro lugar, obrigado por deixarem os seus comentários, o que enriquece muito o blog. A idéia é mesmo um espaço para discutir economia a sério e “denunciar” (sacanear talvez seja um termo melhor) certo tipo de “análise” que ainda viceja nestas plagas, sem pé, sem cabeça, sem número, e sem modelo, mas, em compensação, com a arrogância infinita de quem conhece os desígnios divinos.
Abs,
Alex
Bilu, não caberia retormarmos um pouco a discussão sobre as especul_ações?
quanto vale uma ação, senão o valor da empresa correspondente? acima disso, vira cassino, ou não?
o que está acontecendo nas bolsas é reflexo da especulação que este mercado permite e “auto-regula” em períodos como o que vemos há 2 semanas…
e hoje, principalmente, a sinalização que Bernanke deu foi bem essa, né? ou seja, de que há remédios muito específicos para cada um dos efeitos das atividades econômicas, ao ressaltar a importância de medidas fiscais no atual momento…
o fato é que os caras têm uma percepção de que o “mercado” é algo muito vivo, e isso é “amazing”, né?
Caro Alexandre,
Desculpe a curiosidade, mas, sobre o que era o estudo interessante ???
Henrique:
É uma excelente pergunta. Depois de muito refletir, creio que se trata de uma crítica aos bancos (que valentia, não?), por terem reclamado de um aumento de carga tributária baseada em premissas falsas e raciocínio frouxo.
Só não se sabe porque a crítica em si é tão tortuosa. Talvez porque a valentia não seja tão grande assim.
Abs
Alex
Bilu, você deve estar bizu: tenho a impressão que Henrique perguntou sobre o estudo em que você tinha mergulhado…
Prezado Alexandre,
abro mão do prêmio em favor do Fome Zero porque vou ganhar fácil: o Sr. Beluzzo está querendo ser consultor da Febraban. Este é o objetivo único do artigo. O texto inteiro não tem pé, nem cabeça por este motivo. Não é verdadeiro. Ele finge analisar uma questão, não analisa coisa nenhuma, porque sua intenção é o emprego de assessor/consultor dos donos/diretores dos bancos. Uma vergonha que órgãos de informação desavisados divulguem textos destes picaretas. Não dizem nada a nós, leitores. Em vez de prêmio,sugiro que você faça uma campanha: “Doe um neurônio para os desenvolvimentistas. Não vai fazer falta a você, mas pode melhorar a qualidade do debate econômico no Brasil”. Adianto que o meu neurônio vai para João Sicsú.
Bilu, com a decisão de cortar 75 pontos da taxa de juros, o Fed está empurrando a tarefa de controle da inflação para os bancos centrais dos outros países?
oia só o tamanho da encrenca:
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aWeKD16rnvJE&refer=home
simples. quem é contra o iof (banqueiros) são os piores inimigos do capitalismo, como jack morgan na época da depressão. o pior cego é o que não quer ver (ou no caso entender). mas o alexandre tá careca de saber o que o belluzzo e o sicsu dizem. vs só defende os interesses do seu patrão. portanto, vc carece do único relevante para o dialogo intelectual, qual seja: independência.
Anônimo:
Tem razão. Eu me confundio sobre qual estudo o Henrique estava falando.
Henrique:
O estudo interessante era o que eu estava mergulhado. Foi uma nota que publiquei pelo banco estimando o tempo que investimento demora para se tornar nova capacidade industrial (13 meses foi a melhor resposta, caso alguém se interesse). Sugere também que – para manter a utilização de capacidade constante – o investimento deve crescer (13 meses antes) algo como 3,5 vezes mais rápido que a produção. Em consequência, devemos continuar a ver a utilização de capacidade crescendo ao longo do primeiro semestre deste ano.
Prometeu:
Você matou a questão. Nenhum consultor gosta de desagradar potenciais clientes. E ainda posa como independente…
Anônimo:
Acho que não. O controle da inflação de cada país ainda depende essencialmente do que cada BC fizer. Não compro esta história de deflação/inflação mundial afetando a inflação em cada país. Se fosse verdade, as taxas de inflação nacionais teriam que mostrar um comportamente muito mais convergente do que mostram.
Acho que só seria o caso se o mundo todo estivesse com taxas fixas de câmbio contra o dólar. Aliás, vários países na década de 70 saíram de taxas fixas precisamente para poderem controlar a inflação local.
De fato careço da independência que dá o anonimato para postar um comentário tão corajoso como o do Belleza.
Aliás, careço de também de paciência para comentar afirmações do tipo “vs só defende os interesses do seu patrão”, porque mostram que o autor não consegue sequer articular um argumento contra o conteúdo e, portanto, atacam o oponente, não suas idéias (falácia “ad hominem” para quem aprecia este tipo de coisa).
Imagino também que a população que pagará mais caro seu financiamento – bem como as empresas que tomarem empréstimos e fizerem operações de câmbio – devem, ao contrário dos bancos, estar dando graças a Tupã por terem que pagar IOF, já que sabem que seu rico dinheirino será usado com sabedoria pelo governo.
Só os bancos não gostam de pagar imposto, imposto, aliás, que será em grande medida repassado aos clientes.
É, a você carece um pouco de inteligência, mas, infelizmente, não há transplate que resolva.
Caro Alex,
So agora pude ler o excepcional artigo do Prof Beluzzo.
Ele realmente entende muito de banco, assim como entende de futebol.
Acho que ele deveria assumir a presidencia do Palestra.
Teríamos então dois times na segundona. Só ele pode chegar onde o Dualib chegou.
Dualib e Beluzzo para eterno presidente!
O acordo com a Traffic foi o primeiro passo para a nova queda do Verdão. Sob as bênçãos do Belleza.
Nao sei se o Palmeiras com o Belluzzo dirigindo vai ser rebaixado, mas que vai falir, eh dificil duvidar…
Quanto ao Palmeiras, eu tenho um amigo proximo que estah empolgadissimo com a influencia do Belluzzo na organizacao. Ele diz que o Palmeiras na administracao anterior (grupo do Mustafa) estava sendo administrado como uma padaria, agora nao mais.
O keynesianismo de quermesse chega ao mundo do futebol.
(Alem da vergonha do Palmeiras ter contratado o filho do Lula, coincidentemente, o mesmo presidente da Republica que nomeou o Belluzzo para a televisao oficial).
Se antes era como uma padaria (que, dizem, é um excelente negócio), sob a administração Beluzzo parecerá o Ministério da Fazenda quando o Funaro esteve por lá. Quer dizer, falência à vista.