Ainda sobre a “doença holandesa”

Procurando outras coisas no IBGE acabei esbarrando neste conjunto de dados que permite avaliar o desempenho relativo dos setores industriais com alta e baixa exposição às exportações. Pela choradeira habitual e análise dos suspeitos de sempre (keynesianos de quermesse e seus compadres intelectuais) era de se esperar um desempenho pior do setor mais exposto às exportações, certo?

Errado. Dêem só uma olhada no gráfico abaixo.

Estou cada vez mais convencido que “doença holandesa” é resultado de passear muito por Amsterdam…

11 thoughts on “Ainda sobre a “doença holandesa”

  1. Alexandre,
    Cá entre nós, você acredita mesmo nesses gráficos? Ainda mais com o excelentíssimo selo [IBGE] de qualidade ali embaixo? O camarada que mora aqui comigo é cientista social e trabalha no IBGE, as vezes eu dou uma mão pra ele com alguns gráficos que são publicados mundão a fora.Também não acredito que exista nenhuma ‘desindustrialização’… Mas camaradinha, vc é um homem bem sucedido, já devia ter aprendido que o pessoal do IBGE não gosta muito de trabalhar não. Eu me molho de rir toda vez que vejo uma empresas como a Syngenta, Monsanto por exemplo; usando dados do IBGE pra achar o potencial de mercado, gastam uma pequena fortuna pra adequar índices tecnológicos, criam um VPM ilusório e fazem um planejamento meia boca com base em informações de 7 anos atrás. Pior ainda, desenvolve projetos milionários visando o gordo mercado “identificado”.
    Como diria o nosso querido presidente “nóis vai pq deus ajuda memo.”
    C’est la vie.

  2. Bom, a gente usa o que tem, senão fica mesmo no chute e, na boa, “camaradinha”, chute é prá cara mais descolado e malandro.

    Quem faz análise séria usa dado; malandro fala o que quer, até em francês…

  3. Alex,

    Deixando de lado esta “mala” que agora frequenta este espaço devo dizer que o gráfico do IBGE (que é lugar de gente séria) parece corroborar a idéia que defendi em outro “post”, onde defendi que a desvalorização forçada do câmbio para induzir as exportações é um tiro no pé.
    Abç.
    M.

  4. Eu sou fã do IBGE. Acho que eles fazer milagres com a estrutura que têm.

    Isto dito, sem dúvida corrobora seu comentário. Uma desvalorização forçada do câmbio nas atuais circunstâncias, com produção destes setore “bombando” e utilização de capacidade no talo iria se dissipar em inflação.

    Não precisa nem imaginar: é só olhar para a Argentina, que mesmo mantendo o câmbio a 3,15 não consegue aumentar sua participação nas importações brasileiras ou americanas. O câmbio nominal desvalorizado está sendo corroído pela inflação.

    Abs

    Alex

  5. Fazer análise sem qualidade da base de dados é diferente de chutar?
    Não questiono sua argumentação, mas tenho dúvidas quanto a seus métodos… Como fui eu quem disparou a onda de ironia, lhe peço desculpas e paro ela por aqui.

    Agora falando de profissional pra profissional: Se você quer uma base de dados confiável, (que não é comodo nem barato) junte você e mais alguns interessados, contrate alguns estagiários (que certamente, terão o maior prazer de trabalhar com você por muito pouco) monte seu próprio órgão de pesquisas e estatística.

    O diferença maior entre informações ‘chutadas’ e informações sem qualidade, é que a maior parte das pessoas desinformadas as tomam como verdade, basta ser endossado por um especialista qualquer. Você acha justo que alguém com o seu poder de influência divulgue informações ‘meia boca’ como você fez aqui? Ou você tem uma responsabilidade maior do que a que acha que tem, ou é ingênuo (o que eu não acredito que seja). Tem gente que não pode ver um texto bem formatado e alguns gráficos coloridos.

    Quanto a ser chamado de “malandro”, me desagrada… Eu sei quem é você e o que você faz, mas você não me conhece e não tem direito de fazer nenhum juizo a priori. mas eu vou fingir que não vi. Até mesmo pq a culpa disso é minha.

  6. Alex,

    A sua tirada sobre passear em Amsterdam é ótima!

    No livro do Greenspan ele faz longos comentários sobre a tal doença holandesa. Aí então, em um comentário no pé de página, ele sorrateiramente deixa escapar que não há evidência de que a tal doença tenha causado qualquer mal à economia da Holanda…

    Sds,

    Eduardo

  7. Óbvio que cada um de nós tende a “puxar a brasa para a própria sardinha”, mas sempre, quando vejo análises econômicas de dados estatísticos, lembro-me da seguinte piada:

    FULANO: – Caramba, você viu que está comprovado que 30% dos acidentes de tráfego são devidos a o motorista estar bêbado?!
    BELTRANO: – Impressionante mesmo, nunca imaginei que 70% desses acidentes pudesse SER DEVIDO À FALTA DE ÁLCOOL!

    Ou seja, não há ‘imput’ de dados que sobrevida a ‘softwares’ vagabundos.

    A palavra “choradeira”, em um dos textos que li aqui, deu-me vontade de falar sobre os defeitos dos ‘softwares’ de esquerda e de direita, usando o seguinte episódio, real:

    Quando fiz, em um coquetel, algumas observações sobre a recente auto-defenestração oficial de Castro – e como castrou! – ouvi de um interlocutor: “Uma das maiores figuras do último século!”
    Respondi: “Estou de absoluto acordo. Ele lembra-me, inclusive, algumas “grandes mães” que com quem lidei em meu labor clínico (sou psicanalista). Elas mantêm seus filhos eternamente juntos a suas saias (nada de ir para Maiami ou para as prais e hotéis freqüentados pelos gringos), pensando e decidindo por eles o que é “melhor” para eles, dizendo a que trabalho devem dedicar-se e com quem devem casar, e, como a “grande mãe” de um de meus pacientes, entrando porta a dentro no quarto do filho, na noite de Lua-de-Mel, para saber se “estava tudo indo bem”.

    Com efeito, se, como disse Millôr, “toda super-mãe cria infra-filhos”, vale parafraseá-lo dizendo que “todo super-estado cria infra-cidadãos”!

    O “pecado” das esquerdas – como o das “direitas” – não é econômico, é psicológico: as primeiras têm por objetivo manter no berço e amamentar quem já poderia estar no mercado, enfrentando riscos na tentativa de produzir com lucro, e as segundas o de tratar como adultos capazes competir mesmo aqueles que a quem a sociedade ainda não deu as condições mínimas para que possam fazê-lo.

    Políticas de esquerda ou de direita não deveriam ser “premissas” ou “princípios”: deviam ser “estratégias”, ambas igualmente válidas, a serem aplicadas segundo EXIGÊNCIAS CONJUNTURAIS.

    Quando me perguntam se sou de esquerda ou de direita, costumo responder que sou inteligente.

  8. Se entendi bem, Jorge Campos está propôs que, cada pensador, para falar com autoridade sobre certa matéria, deve montar uma equipe de pesquisas e obter assim os dados sobre o qual vai refletir, únicos passíveis de confiança…
    Os dados a que tem acesso a partir de outras fontes, naturalmente, seriam considerados suspeitos…
    Ou, de fato, não entendi, ou nosso amigo está propondo o “solipsismo(ou autismo) metodológico” como a melhor maneira de se fazer ciência?

    A “pessoalidade” proposta por Campos como critério para que um dado seja considerado respeitável, lembra-me a palavra grega “idios” – de que provém o “idiota” de nosso vernáculo. Tal “pessoalidade” aponta no sentido contrário da “replicabilidade” – algo eminentemente coletivo – que a ciência pede para validar seus dados.
    Mas, naturalmente, posso não ter entendido…

  9. Você entendeu bem Luiz. Como o Jorge sabe exatamente qual é a realidade e, aparentemente, os dados coletados pelo IBGE não amparam o que ele acredita, os dados devem estar errados.

    Só valem os dados que ele coletou, mas não se mostra interessado em dividir.

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