Pessoal:

Acabei de ler “The Undercover [tinha escrito Underground, num momento particularmente surtado, mas o Daniel corrigiu] Economist” (Tim Harford) e achei tão bom que já estou lendo o outro livro dele, “The Logic of Life”. Ele não é tão brilhante quanto o Levitt, mas, na minha opinião, ambos os livros são melhores que o “Freaknomics” (aliás, o “The Armchair Economist” do Steven Landsburg também é).

Bate até certo arrependimento de ter me concentrado tanto em macro. Aposto que o Shikida, se é que já não leu, vai se divertir muito com os livros.

Se tiver tempo (tenho uma tese de mestrado para ler) tento fazer uma resenha.

37 thoughts on “Leituras

  1. Eu tenho dois problemas com o Landsburg:

    (1) ele se vira de ponta-cabeca para ser contra-intuitivo, mas nem tudo que eh contra-intuitivo e “cute” eh relevante;

    (2) ele sabe tanto de macroeconomia quanto o porkman (em outras palavras, nada), ainda assim, ele nao consegue se conter e as vezes escreve artigos na imprensa tratando de temas macroeconomicos, com resultados desastrosos.

    “O” Anonimo

  2. Eu nunca li nada macro do Landsburg. Só conheço dele o “Armchair Economist” e o “Fair Play”, o primeiro bem melhor que o segundo.

    Ele ainda escreve na Slate?

  3. Eu trabalhei uma vez com um co-autor e orientando do Heckman, com artigo inclusive no Journal of Political Economy, mas que exibia esse mesmo desconhecimento de macroeconomia.

    Era libertario, republicano de carteirinha e leitor de Ayn Rand. Nao sabia a diferenca entre Keynes e Marx.

  4. ei alex, já ouvi por aí que você tem a maior biblioteca particular de economia do Brasil. É sério? ainda bem que isto é de fácil mensuração.

  5. alex, onde você tira tempo pra fazer tanta coisa? você deve trabalhar umas 10 horas por dia no abn, tem um blog, escreve pra jornais, participa de bancas de mestrado, le todos os livros de economia e sei la mais o que… daonde sai tanta motivação?

  6. É, eu sei a diferença entre Keynes e Marx (pelo menos acho que sei), mas trocaria fácil por um artigo no JPE.

    Quanto à biblioteca, infelizmente não é verdade. Aliás, tenho mais coisa de literatura do que economia. É que tenho uns dois mil volumes aqui no total (não, não li todos), mas é infinitamente menos do que o Delfim tem (dizem que anda na casa dos 30 mil) e, pelo que vi certa vez, também muito abaixo do que o Gustavo Franco tem,

    Quanto à motivação, sinceramente eu acho que ando devendo (não é falsa modéstia não). Bancas de mestrado aparecem de quando em vez (esta é minha quinta, acredito), o que é bom para me forçar a me atualizar. Mas, francamente, não tenho tido tempo (e paciência) para estudar alguns assuntos como deveria.

    Ah, sim. E o blog e os artigos de jornal são diversão, não trabalho.

    Abs

    Alex

  7. “É, eu sei a diferença entre Keynes e Marx (pelo menos acho que sei), mas trocaria fácil por um artigo no JPE.”

    Um dedo mindinho por um artigo no JPE?

  8. Oi Alex, o que vc acha dos mestrados profissionalizantes no Brasil? Vale a pena fazer um ou seria bom mesmo largar o emprego e encarar um academico?
    Abs

  9. Acho que depende muito do que você pretende do ponto de vista de carreira.

    Minha impressão é que os mestrados profissionalizantes, tanto da FGV quanto do Ibmec, dão uma boa base para aprofundar conhecimento e podem ajudar. Mas, se suas ambições são maiores (e depende um pouco da idade), parar de trabalhar e tentar uma coisa mais parruda vale a pena.

    Abs

    Alex

  10. Aproveitando a pergunta do nosso colega ai acima, como é que está o mercado de trabalho para o economista hoje, Alex? O que que as consultorias e os bancos procuram em um economista?
    Brigado pela atenção

  11. Alex, você acha que a idade, (no meu caso, 30 anos) pode ser um sério problema para a carreira para quem pretende ingressar no mestrado acadêmico, ainda que seja em um dos melhores centros? (PUC-RJ, EPGE, USP…)Um grande abraço e parabéns pelo blog.

    Dan.

  12. Bruno:

    Até onde eu sei o mercado ainda é bom para economistas, mas, acredito, já esteve melhor (ano ano passado, principalmente). Com os bancos americanos (principalmente) se retraindo e meno apetitie poer risco, não vejo ninguém aumentando as equipes.

    O que bancos e consultorias procuram? Não saberia dizer. O que eu procuro num economista que queira contratar é capacidade analítica, i.e., habilidade para resolver problemas por meio da divisão do problema principal em vários problemas menores. Ajuda boa capacidade de se expressar, seja por escrito, seja no blá.

    Abs

    Alex

  13. Dan:

    Não acho que idade seja obstáculo para entrar num mestrado acadêmico. O teste da Anpec é bastante objetivo e idade não é um fator. De qualquer forma, seria bom conversar com o pessoal destes centros também.

    Abs

    Alex

  14. Sabe por que o Brasil vai ficar na lama para sempre? Porque praticamente ninguém por aqui lê os textos mencionados neste post, procurando analisá-los com cuidado e postura crítica. O que campeia por aqui é o seguinte:

    http://desempregozero.org/2008/03/22/por-que-o-brasil-ainda-e-um-dos-que-menos-cresce-entre-os-emergentes-porque-o-meirelles-ainda-nao-e-presidente-da-republica/

    Destaco um trecho: “JÁ, SE O INVESTIMENTO AUMENTAR, ELA (A POUPANÇA) AUMENTA POR TAUTOLOGIA, PORQUE ELA É APENAS A CONTA DE DÉBITO CONTÁBIL DO INVESTIMENTO NA CONTABILIDADE NACIONAL.”

    Perdoem o tom pessimista, mas existe um cancro no ensino de pesquisa no Brasil (será tão forte assim no resto do mundo?). O sujeito que escreveu isso é DOUTOR em economia pela UFRJ. Isso é um desrespeito pelo dinheiro público, pela universidade pública, e uma ameaça permanente à política econômica. Precisa de radioterapia pesada para acabar com isso, ou vamos ficar na lama para sempre.

  15. Pessoas como esse Dotô da UFRJ são burras, desonestas e causam danos enormes pro país. Agora, o que faz essas pessoas ainda serem escutadas? Aonde as pessoas sérias erram no convencimento da opinião pública? To de saco cheio desses parasitas!

  16. Boa pergunta Anônimo. Eu desconfio que parte da resposta vem de uma tolerância muito grande com qualquer bobagem proferida por qualquer um que se opusesse ao regime militar.

    Isto deu a fama a um bando de campineiros e quetais, os quais, a partir daí, forjaram um bando de picaretas mal-formados que se acham no direito de proferir mais cretinices.

    O mais engraçado é ver os “opositires da ditadura” de braços dados com o Delfim protestando contra câmbio e juros.

    Abs

    Alex

  17. Eu acho que nao devemos omitir que muitos desses “dotores” nao sao ouvidos por ninguem, e que o Brasil eh um pais institucionalizado e existem limites para as paspalhices…

    Afinal, eh uma completamente diferente controlar o Banco Central do que controlar o IPEA ou o escritorio de representacao do Brasil no Fundo.

    Quanto ao Alex, concordo sobre a questao das viuvas da ditadura, acho que com o tempo esse efeito vai diluir, basta esperar, as viuvas nao vao durar para sempre.

  18. Para se ter uma idéia de como essa turma sabe tudo de economia, para a seleção de mestrado lá em campinas eles dão peso zero às provas de macro, micro, estatística e matemática. Só vêem as provas de economia brasileira. Eles só querem a “nata”. E quando saem daquele centro, eles saem arrotando peru, quando na verdade eles só comeram galinha.

  19. Alex,

    Acho que este “cancro” não tem cura. O Brasil tem este viés heterodoxo, essa ligação com o socialismo ultrapassado. Estes caras sempre são ouvidos pela mídia e ocupam cargos públicos em todos os governos. Se sustentam porque trabalham em universidades federais e não precisam produzir para manter seus empregos (existem honrosas exceções e não há demérito em ser servidor público).Mas o fato é que sobrevivem. Até entendo a necessidade de termos caminhos mais curtos e menos dolorosos para os nossos problemas, e é isso que eles oferecem, mas como não existe mágica é a sociedade que paga pelos equívocos destes gênios. As “federais” serão sempre o local apropriado para a difusão destas idéias alternativas. Fazer o que…?
    Abç.
    M.

  20. M:

    O que resta a fazer é denunciar a picaretagem. Mostrar os erros lógicos, mostrar que as conclusões não batem com os fatos, insistir na necessidade de exposição dos argumentos de forma consistente e com consequências testáveis.

    Em suma, demonstrar que do nosso jeito funciona e do jeito deles não. Aliás, bem ou mal, do nosso jeito está funcionando e (aguardem a Argentina), do jeito deles não.

    Abs

    Alex

  21. O duro eh que o aprendizado eh lento demais. Afinal, o Chile tem sido um sucesso por mais de 20 anos, e pouco parece ter sido aprendido da experiencia chilena.

    Mas eu acho que o aprendizado vai acontecer. Os duendes magicos sao consequencia, nao causa, do baixo capital humano do pais. Na medida que mais jovens chegam a universidade, e a sociedade torna-se mais aberta e competitiva, reduz-se o espaco para os duendes magicos. Em um pais de medio ou alto capital humano, nao existe um instituto de economia da unicamp como nos o conhecemos.

    ———————

    Como o Alex disse, o exemplo argentino tambem pode ajudar. Nossos vizinhos ao sul abracaram os duendes e estao marchando rumo ao precipicio, tendo apostado a casa, a fazenda e o tumulo do Peron que os precos dos produtos agricolas vao ser altos para sempre. Nao vao. E quando cairem, todos os esquemas de subsidios vao ter de ser desmantelados, a massa vai bater panela na rua e os Kirchners perigam acabar como o Alan Garcia dos anos 80.

    “O” Anonimo
    Ou nao tao ruim assim, porque os argentinos sempre podem dar o calote nos venezuelanos 🙂

  22. Sem dúvida. São quase 10% das exportações brasileiras e parcela muito maior de manufaturados mais sofisticados.

    Em 2002 o impacto foi enorme (mas a participação da Argentina nas exportações brasileiras era maior do que hoje).

  23. Bruno, em comentário acima, afirmou
    “para a seleção de mestrado lá em campinas eles dão peso zero às provas de macro, micro, estatística e matemática”.

    Isso não é verdade.

    Para o curso de mestrado em Teoria Econômica, as ditas provas perfazem respectivamente 17,5%, 17,5%, 12,5% e 12,5% da nota final.

    Já para o curso de mestrado em Desenvolvimento Econômico, o processo de seleção é diferente: além do cv e do projeto de pesquisa , utiliza-se também a nota obtida em Economia Brasileira no exame da ANPEC como critério.

    Sugiro ao colega que, para se informar melhor, consulte o manual da ANPEC disponível em: http://www.anpec.org.br/exame.htm

  24. Anônimo:

    Ainda assim, você hé de convir que 40% do peso em economia brasileira no mestrado em “teoria econômica” e praticamente 100% no mestrado em “desenvolvimento econômico” dão á escola um poder discricionário muito maior que no caso, por exemplo, de uma USP, em que os pesos são (ou eram, na minha época) uniformes (20% para cada prova). Não me parece boa prática e o resultado final só me convence mais acerca desta conclusão.

  25. A alta concentracao do peso na prova de Economia Brasileira serve o proposito de evitar-se a comparacao da qualidade dos ingressantes com os outros departamentos.

    Todo ano sabe-se que dentre os melhores 10 ou 20 candidatos ao mestrado, a maioria vai para a PUC e EPGE, e alguns ainda para a USP, enquanto os melhores aprovados a UFRJ vem bem abaixo no ranking. Seria embaracoso se a Unicamp ficasse lah embaixo como a UFRJ e outras UFs menos cotadas, entao diverte-se a atencao com esse subterfugio de ponderar as provas diferentemente.

    “O”

  26. Meus caros,
    Gosto muito deste blog, mas esta eu não entendi. “Macr…”, “Marco…”, “Macro…”? Este negócio existe?
    Saudações

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