O Manifesto da Econometria Política

Esta é uma criação coletiva de uns 20 anos atrás. Surpreendentemente (ou não) continua bastante atual. * * *Cesse tudo o que a antiga musa canta
Que um valor mais alto se alevanta

Nós, os econometristas políticos, em nome da honra de nossa profissão (seja lá o que isto for), vimos por meio deste manifesto demonstrar nosso repúdio aos métodos quantitativos burgueses, neoclássicos, ortodoxos, tradicionais, estáticos e reacionários (vide M. POÇÇAS, 1988, pág. 24) e resgatar os valores político-sociais-morais-ideológicos-dialéticos-culturais-dinâmicos-e-acumulativos-de-capital: o caso brasileiro (vide M.C. TAVARICH, 1988, pág. 24) que hoje se põem como a única alternativa viável à feudalização da Econometria Brasileira (vide L.C. BELEZZA, Anais do XXIV Congresso do PE do B, 1988, pág. 24). Propomos uma nova formulação crítica da Econometria Política fundamentada nos princípios que se seguem:

1. Por que, de maneira autoritária, se impõe E(u) = 0? Isto é uma forma afintosa de camuflar a apropriação do excedente da clafe trabalhadora. Por que não 12% ao ano? (a este respeito vide F. GASPARIAN, 1988, Paz & Terra, pág. 24);
2. Por que o erro é denotado por “u” e não “e”? Isto é mais um artífifio para confundir a clafe trabalhadora (vide W. BARELLI, 1988, pág. 24);
3. Quem, afinal, define porque o estimador é justo? A justeza do estimador só pode ser definida após uma ampla discussão democrática com a clafe trabalhadora (vide P. A. SAMPAIO JR., 1988, pág. 24);
4. A lógica totalitária da Econometria Neoclássica impõe que os coeficientes sejam ou positivos ou negativos. Por que não coeficientes dialétricos, positivos e negativos ao mesmo tempo? (vide J. C. Braga, 1988, pág. 24);
5. Por que utilizar variáveis quantitativas quando as relações essenciais de produção são qualitativas? Sem embargo (vide C. FURTADO, 1988, pág. 24), propomos a utilização apenas de variáveis dummy (vide LESSA DE QUEIROZ, 1988, pág. 24);
6. Por que utilizar séries de tempo lógico (não veja G. SCHWARTZ, 1988, pág. 24), quando o correto é utilizar séries de tempo histórico (agora sim, vide G. SCHWARTZ, 1988, pág. 24)

Dadas as inconsistências não-contraditórias, imorais, totalitárias e estáticas, entre a realidade dinâmica e a Econometria Neoclássica, propomos aqui o programa de pesquisa da Econometria Política:

1. Aceitar e questionar a existência do Erro Tipo III: admitir que esteja errado quando não está certo. (vide, p. ex., Don João Manuel, In: O Capitalismo Retardado, passim.);
2. Consertar a curva de demanda quebrada, que a Econometria Neoclássica permitiu, por mais de cinqüenta anos, que permanecesse no mais hediondo abandono, apesar dos esforços do companheiro Sweezy (vide OLIVEIRA DE CHICO, 1988, pág, 24);
3. Mudar a sede das simulações de Monte Carlo para Cubatão (SP) (conf. proposta de RUHYM AFFONSO, In: Por que eu sou marxista-quercista-leninista?);
4. Substituir as equações de diferença por equações de igualdade, de forma a não reproduzir a estrutura social injusta do capitalismo monopolista-maduro-caindo-aos-pedaços-e-retardado (vide P.T.P.L.S. – porque é de menor – no seu famoso compêndio Isto é uma mierrrrda; ou Lo que Cuércia realmente quiso decir, Edições BADESP, 1988, pág. 24);
5. Substituir os métodos de regressão linear, de cunho claramente monetarista e recessivo (vide Wilson TUBOS & CONEXõES, 1988, pág. 24), pela progressão não linear em retrocesso (vide F. Masuqqelli, A esculhambação em processo, 1988, pág. 24);
6. Trocar os nomes de heterocedasticidade, homocedasticidade, homossexualidade (SMITH, KEYNES & quiçá RICARDO, 1988, pág. 24) e multicolinearidade por nomes mais simples, como joão, manuel, cardoso, dimello (vide D. MUNOZ, Pobremas da infração brasileiras e brasileiros, 1988, pág. 24);
7. Substituir os índices de Laspeyres e Paasche pelo índice do DIEESE (vide P. BAU’TAR, 1988, pág. 24);
8. Criar, como pólo de debate nacional, a REVISTA DE ECONOMETRIA POLÍTICA, destarte (vide FURTADO, 1988, pág. 24), a ser editada pela Ed. Motta & Conexão Brasiliense (ligada a futura Universidade Federal Tecnológica de Tocantins – UFETOCAN – a 88 mil quilômetros e 24 metros de São Paulo, a partir da Sé), cujo Conselho Editorial será formado por Brecha Pereira, Brecha Pereira, Brecha Pereira, Brecha Pereira, Brecha Pereira, Brecha Pereira, Nukano e Brecha Pereira

TODO PODER EMANA DO POVO, DE JOÃO, DE MANUEL, DE CARDOSO E DE MELLO

Campinas, primavera florida de 1988

43 thoughts on “O Manifesto da Econometria Política

  1. Edson:

    Este é o lendário “Manifesto da Econometria Política”, escrito (diz a lenda, numa toalha de papel) por um grupo de alunos de pós inspirados por muito chope numa noite quente.

    A data é mesmo 1988.

    Abs

    Alex

  2. O prof. Samuel Pessoa disse uma vez que vocês tinham o “costume” de escrever textos “heterodoxos” num boteco perto da USP…esse parece ser daquela safra… (risos). Com certeza, se fosse enviado para o encontro da Anpec, poderia ser aprovado (dependendo da área…) – tanto em 1988 quanto hoje em dia….(risos)
    Abs e parabéns mais uma vez pelo blog.
    Edson

  3. O comentario sobre o P.T.P.L.S. foi hilario. Onde ele estah agora? Ainda na USP? Eu gostei bastante do curso dele de Economia Brasileira pelos idos do comeco dos anos 90. Ele passou muita leitura e como resultado eu arrebentei na prova de Economia Brasileira da ANPEC. Naquela epoca ele estava empolgado com a abertura comercial e com o Quercia (?!) e minha impressao eh que as leituras favoritas dele eram do Barros de Castro.

    “O”

  4. Um grande Professor distribuiu este manifesto na minha turma numa Escola ortodoxa do Rio. Tem um humor meio Casseta & Planeta. Sensacional.
    Aí o Doutor da UFRJ faz uma “colocação”: “Como podem ser equações de diferenças se há um sinal de igualdade?”.

  5. Não conheço este som. Talvez você possa me iluminar a respeito.

    Quanto à outra pergunta: sim, sou, mas também me apraz parecê-lo.

    Mais alguma dúvida?

  6. Alex, foi um grande ano esse de 88 e eu achava que esse precioso documento tivesse se perdido. Belo trabalho de arqueologiam esse seu, ainda trouxe junto uma doce nostalgia. Que sorte a minha ter vindo espiar hoje seu blog. Grande beijo. L. H. Salgado

  7. Vamos lá…por outro lado, uma ênfase na econometria e em modelos, por si só, podem produzir resultados adversos na economia…segundo Greenspan. Abaixo, alguns trechos de um artigo publicado no Financial Times que questionam os modelos matemáticos e econométricos.

    …Also being questioned, tangentially, are the mathematically elegant economic forecasting models that once again have been unable to anticipate a financial crisis or the onset of recession…

    The essential problem is that our models – both risk models and econometric models – as complex as they have become, are still too simple to capture the full array of governing variables that drive global economic reality. A model, of necessity, is an abstraction from the full detail of the real world. In line with the time-honoured observation that diversification lowers risk, computers crunched reams of historical data in quest of negative correlations between prices of tradeable assets; correlations that could help insulate investment portfolios from the broad swings in an economy. When such asset prices, rather than offsetting each other’s movements, fell in unison on and following August 9 last year, huge losses across virtually all risk-asset classes ensued.

    The most credible explanation of why risk management based on state-of-the-art statistical models can perform so poorly is that the underlying data used to estimate a model’s structure are drawn generally from both periods of euphoria and periods of fear, that is, from regimes with importantly different dynamics.

    …But these models do not fully capture what I believe has been, to date, only a peripheral addendum to business-cycle and financial modelling – the innate human responses that result in swings between euphoria and fear that repeat themselves generation after generation with little evidence of a learning curve. Asset-price bubbles build and burst today as they have since the early 18th century, when modern competitive markets evolved. To be sure, we tend to label such behavioural responses as non-rational. But forecasters’ concerns should be not whether human response is rational or irrational, only that it is observable and systematic.

    This, to me, is the large missing “explanatory variable” in both risk-management and macroeconometric models. Current practice is to introduce notions of “animal spirits”, as John Maynard Keynes put it, through “add factors”. That is, we arbitrarily change the outcome of our model’s equations. Add-factoring, however, is an implicit recognition that models, as we currently employ them, are structurally deficient; it does not sufficiently address the problem of the missing variable…

    Abraço

    Frederico

  8. Sem dúvida muito bom.
    Tenho que confessar que o meu preferido foi o “Sem embargo” do Furtado…será que ele não conhecia o “todavia”, “entretando”?
    Quanto ao PT, o mierrrda também foi ótimo. Ele ta na USP ainda sim, e dá palestras mensais na PUC-SP.
    Esse manifesto me lembro agora daquele texto do G Franco, Os Parnasianos Alternativos.
    Lembranças

  9. Vcs leram o artigo de (Sic)sú no Valor de hoje? Não é má vontade, mas se juntarmos a estratégia macro q ele vem preconizando com o texto de hoje, só há uma coisa a dizer: Temei!

  10. Paula

    Obrigado pelas noticias do PTPLS,

    Abs

    Alex

    Anonimo

    Estou fora do pais e nao vi o artigo, mas deve exprimir o brilhantismo habitual do autor, nao?

    Abs

    Alex

  11. Frederico

    A enfase em maus modelos e econometria ruim pode fazer mal aa Economia.

    Nao acho que tenhamos alternativa aa abordagem metodologica que privilegia modelagem e teste empirico.

    Nao tenho (neste espaco) nem muito como desenvolver o tema, que, alias, foi muito melhor tratado por gente do calibre de Paul Krugman (nao lembro a referencia agora, mas publico depois) e Milton Friedman.

    Se a analise nao for expressa de uma forma concisa e consistente (e, acredite, eh para isto que serve a linguagem matematica) caimos todos nas armadilhas logicas que o “Joao Maina” caiu no post anterior. Se a analise nao gerar uma hipotese testavel, sorry, mas nao serve para muita coisa, a menos que estejamos falando de religiao, topico que tambem me interessa, mas por outros motivos.

    Analisando a acao do Greenspan voce acha que ele nao tinha um modelo na cabeca? Tinha, eh claro.

    Agora, voce pode errar usando modelos e econometria? Obvio que sim. Mas, se nao usar estes instrumentos voce vai errar sempre.

    Soh que modelos, sao, por definicao, uma representacao parcial da realidade, sem o que nao conseguiriamos entende-la.

    A licao eh exatamente que temos que usar estes instrumentos, mas sabendo (na medida do possivel) de suas forcas e fraquezas. Abandona-los, como os heterodoxos de plantao fazem, vai sempre nos levar a um beco sem saida.

    Abs

    Alex

  12. Concordo que o caminho não é abandonar os modelos e que eles tem sim utilidade. Uma vez escutei que o Ham, apesar de ter em muito colaborado para o modelo de equilíbrio geral, disse que políticas econômicas não deveriam ser tomadas sobre modelos de equilíbrio geral…talvez porque eles reproduzem parcialmente a realidade (não me lembro a fonte – talvez você possa ajudar).

    Acho que a crítica dos heterodoxos sobre os modelos não deve ser vista a partir da possível falta de habilidades ou conhecimentos matemáticos e econométricos (vide que até mesmo na REP a maioria dos artigos contém equações econométricas e várias hipóteses). É legal tirar sarro disto, mas este não é o ponto. Creio que o ponto central é a crença que a economia não gira ao redor de um ponto de equilíbrio, se é que isto de fato existe (no ponto de vista heterodoxo) e que a atenção deve se centrar na dinâmica da economia, por exemplo, através de modelos stock-flow consistent. Neste sentido, hipóteses testáveis também podem ser tiradas de modelos “heterodoxos”, mas os pressupostos são outros. Porém, para a tristeza da maioria dos economistas, elas são baseadas em uma visão distinta de mundo (seria uma diferente religião?) como, por exemplo, a incerteza que não pode ser “probabilizada”, o papel não-neutro da moeda, a determinação do gasto que gera poupança, etc. No fundo, acho que tudo converge para estas discussões – o que você acha? Os heterodoxos chegaram tarde nos modelos, mas agora estão utilizando-os cada vez mais e continuam emitindo pareceres opostos à corrente dominante…então, voltemos aos pressupostos e hipóteses…

    Obrigado pela resposta anterior e um abraço

    Frederico

  13. Frederico, o problema não é haver discussão a respeito de modelos e hipóteses, ou de quão aplicáveis são esses modelos a determinados aspectos da realidade. Todos os bons manuais de economia (por exemplo, Mas-Colell et al, ou o Game Theory de Fudenberg e Tirole) incluem grandes discussões sobre os nossos conceitos de equilíbrio, nossos hipóteses. Quando é mais ou menos razoável utilizá-los para explicar algo? Quando o modelo já deu o que tinha que dar?

    Como o Alexandre disse, o importante é que o modelo gere implicações testáveis. Um modelo ser “reprovado” num teste empírico significa simplesmente que alguma das hipóteses simplificadoras é inadequada para o que se pretende estudar (ou que alguém fez uma grande lambança no desenvolvimento do modelo, mas isso é bem mais difícil). O que não vale é o cara jogar fora o modelo simples pq a realidade é mais complexa, colocar um blábláblá inconsistente no lugar e chegar na conclusão que bem entende.

    E o que é irritante é um bando de heterodoxos sem nada na cabeça seqüestrar agendas de pesquisa e dizer que ortodoxos são uns bocós que não questionam suas hipóteses, quando esse questionamento é essencial na boa academia. Como exemplo, esse negócio de incerteza não poder ser “probalizada”, como vc disse. O mainstream já trabalha com isso há pelo menos vinte anos: incerteza knightiana, exatamente quando o indivíduo não conhece a distribuição de probabilidade verdadeira sobre um evento – mas essa expressão já está até um tanto caduca… O Sergio Werlang ensina isso na EPGE há uns quinze anos, pelo menos. O Sargent, expoente da ortodoxia, faz isso com bons resultados empíricos. E sempre que converso com alguém da UFRJ, ouço a mesma ladainha: “ortodoxos acreditam (!) que as pessoas sabem a distribuição de probabilidade dos eventos, Keynes já disse que não é assim, logo ortodoxos são idiotas.” Vale o mesmo para a discussão de existência de equilíbrio. Os caras inventam um estereótipo imbecilizado de “ortodoxo”, batem no estereótipo e depois não entendem porque a gente ri deles…

  14. Aliás, o artigo do Sicsú hoje é uma pérola. Começa assim: “uma estratégia de desenvolvimento para o Brasil deve ser composta de três partes. A primeira é o ponto final”

  15. “Acho que a crítica dos heterodoxos sobre os modelos não deve ser vista a partir da possível falta de habilidades ou conhecimentos matemáticos e econométricos (vide que até mesmo na REP a maioria dos artigos contém equações econométricas e várias hipóteses).”

    Nao. Voce estah dando credito demais aos heterodoxos. Operar um processador de texto com letrinhas gregas nao faz um economista com boa capacidade analitica.

    “Creio que o ponto central é a crença que a economia não gira ao redor de um ponto de equilíbrio, se é que isto de fato existe (no ponto de vista heterodoxo) e que a atenção deve se centrar na dinâmica da economia, por exemplo, através de modelos stock-flow consistent.”

    Novamente estah dando credito completamente indevido aos heterodoxos. Geralmente eles nao conseguem nem consistencia intra-artigo. POr exemplo, um dos lideres da malta recentemente colocou um artigo na REP argumentando que a demanda agregada eh insensivel a taxa de juros, mas na pagina seguinte, disse que a politica de juros do Bacen estah causando uma recessao 🙂 Serio!

    “Neste sentido, hipóteses testáveis também podem ser tiradas de modelos “heterodoxos”, mas os pressupostos são outros.”

    A principio, sim. Na pratica, nao. Eh o que eu chamei de nao-falseabilidade. Os heterodoxos comumente usam argumentos nao-falseaveis (“Se a politica fiscal fosse tao irresponsavel quanto eu gostaria que ela fosse, o Brasil poderia crescer a 15 por cento ao ano por 15 anos, nao haveria problema algum de inflacao.”)

    “Porém, para a tristeza da maioria dos economistas, elas são baseadas em uma visão distinta de mundo (seria uma diferente religião?) como, por exemplo, a incerteza que não pode ser “probabilizada”, o papel não-neutro da moeda, a determinação do gasto que gera poupança, etc. No fundo, acho que tudo converge para estas discussões – o que você acha? Os heterodoxos chegaram tarde nos modelos, mas agora estão utilizando-os cada vez mais e continuam emitindo pareceres opostos à corrente dominante…então, voltemos aos pressupostos e hipóteses…”

    De novo, credito demais para os heterodoxos. Qualquer convergencia vai ocorrer na medida em que o Brasil se torne um pais de melhor distribuicao de oportunidades educacionais e com mais capital humano. Entao, nao havera mais heterodoxos, pois todos os economistas, de direita ou de esquerda, terao uma formacao adequada.

    Um exemplo de capital humano adequado eh o artigo recente do sicsu no Valor – a profundidade da discussao faz-me lembrar de redacao de colegial. Uma grande peca de humor involuntario…

    “O”

  16. Frederico,
    onde é q vc encontra esses heterodoxos brasileiros q usam modelos e testam hipóteses?
    A maior parte dos que aparecem na mídia continua com as mesmas críticas e sem apresentar nenhuma evidência. Tem uns professores heterodoxos no Paraná que dizem modelar. Mas os trabalhos q vi deles ainda estavam na mesma linha. Outro que está no governo e é da UFRJ chegou à discussão de PIB potencial com uns 20 anos de atraso, apresentando críticas q os próprios economistas que trabalham com este conceito sempre fazem nas introduções dos seus trabalhos. Meus contatos com a jovem guarda da UFRJ mostram q a tradição continua pouco abalada. Finalmente, aquelas críticas de M. Possas à noção de equilíbrio já foram bem respondidas por Marcos Lisboa em “A miséria da crítica heterodoxa”.
    O problema é q os heterodoxos se consideram o “bem” e consideram o “outro lado” como “inumanos serviçais da banca”. Acho q isso é um dos fatores q emperram o debate.

  17. “Tem uns professores heterodoxos no Paraná que dizem modelar.”

    Sabem, uma virgula. Eles aprenderam um pouco dos metodos para resolver problemas deterministicos dinamicos (tecnicas massificadas lah pelo comeco dos anos 80), e aplicam tais tecnicas para problemas eminentemente probabilisticos.

    Por exemplo, um deles publicou recentemente na REE um artigo em que mostra que controles de capitais podem ser bons ou ruins, dependendo do tipo de choque na economia — uma resposta inadequada, que serve apenas para o comeco da conversa, pois o segundo passo que eh levar o modelo para os dados, medir qual choque eh mais importante etc eles nao podem fazer por falta de treinamento.

  18. Alex,

    Acho que o método é uma questão central neste debate. A modelagem heterodoxa já nasce morta pelo fato de que eles criticam o método indutivo. Na verdade, a agenda deles é de crítica e não de construção. Estão sempre atrás, uma vez que não reinventaram a ciência econômica. Acho que é por aí…
    Abç.
    M.

  19. Aliás esse onanismo Keynesiano da UFRJ é algo q devia ser acompanhado pelo pessoal do prédio ao lado :))

    (P quem não sabe onde fica o instituto de economia da UFRJ, fica ao lado do Pinel)

  20. A mulambada do Novo Ipea ataca novamente hoje no Valor!
    Analisam os determinantes da inflação de cabo a rabo. Lindo. Olham oferta, demanda, expectativas, produtividade e câmbio. Fora a informação errada sobre expectativas no Focus, concluem faceiros: como pode haver inflação? Esqueceram de olhar se a conclusão batia com uma realidade na qual headline e núcleos estão em elevação……

  21. Vi a nota Bruno e, realmente, o primeiro topico (“exame da ANPEC não deve ter uma orientação teórica única e hegemônica”) eh um primor.

    Em mais detalhe “O primeiro ponto se justifica diante da grande heterogeneidade teórico-política da economia. Progressivamente o exame tem admitido uma formalização matemática excessiva nas diversas provas; a influência dos pensadores “ortodoxos” predomina; as questões se baseiam em superficiais manuais sem teor crítico (a maioria produzida por universidades estadunidenses); o exame sistematiza as informações em questões que medem a capacidade de memória e não análise ou compreensão; o exame é falho em medir a capacidade de aprendizado do candidato e privilegia aqueles com uma graduação mais formalizada, ou que fez um curso preparatório para ANPEC. Toda essa estrutura induz uma formação distorcida nas graduações pelo Brasil, que orientam sua grade curricular de acordo com a prova; o exame exclui da pós-graduação bons alunos; e o futuro das Ciências Econômicas que é capaz de pensar, ser criativa e contribuir ao desenvolvimento do país pode estar sendo comprometido.”

    Resumindo: mesmo sabendo que nao usaremos matematica ou estatistica nos centros de pos onde estudaremos, nao queremos passar pelo dissabor de ter que estudar matematica e estatistica para o exame da Anpec.

    Mais: como a teoria economica muda suas conclusoes toda vez que cruza a linha do equador, nao queremos tambem estudar macro e micro.

    Eh fogo…

    Abs

    Alex

  22. Prezados, como o PTPLS está na pauta, gostaria de dar uma informação, talvez não seja novidade para muitos, mas ai vai:
    O PTPLS é, hoje em dia, um anti-marxista declarado. Sobre os comunistas, a frase preferida dele é “voceich são uns insignificantich di merrrrda”. Em um seminario no ano passado, na PUC, ele passou perto de ser linxado pelos religiosos de lá. ABC

  23. Legal os comentários acima. Como só a discussão engrandece e este parece ser o objetivo do blog, seguem alguns comentários:

    – Seqüestrar agendas de pesquisa realmente não é legal. Entendo que obviamente o Pochmann queria colocar mais gente dele no IPEA, mas não deveria ter afastado o Giambiagi e outros, porque assim ele caiu na mesma crítica que ele (Pochmann) fazia durante a década de 90…que não havia espaço para críticas e discussões, etc. E mesmo o concurso que haverá neste ano para 80 cargos, não parece uma medida administrativa coerente…

    – Sobre os modelos, o meu ponto é que eles continuam válidos e talvez sejam a única alternativa para testar hipóteses. Porém crises financeiras gravíssimas podem ser produzidos a partir de um uso incondicional do modelo e da sua aplicação na realidade. Seja porque faltava uma variável ou porque o que era exógeno se mostrou endógeno, o apego a modelos pode trazer consequências não muito boas para a economia. E continuar a estudar matemática e estatística deve ser obrigatório a um economista…

    – Onde encontrar heterodoxos usando? Realmente tem que procurar (como disse anteriormente, demoraram a começar), mas existem e a nova geração deve usar cada vez mais, espero. Por exemplo, na USP tem o Gilberto Tadeu de Lima que assina papers pós-keynesianos; o prêmio BNDES de 2005 (ou 2004?? não me lembro) era de uma economista de Campinas; os caras da UFPR estão usando cada vez mais, podem ser simples ou simplórios, mas estão; o próprio Mário Possas tem desenvolvido pesquisas sobre modelos dinâmicos multi-setoriais (só para provocar..rsrs); tem um cara que está no IPEA que passou pela UFRJ e pela New School, etc. Entendo que ainda estão longe da modelagem presente, por exemplo, na EPGE e PUC-RJ, mas duvido que eles vão mudar de opinião quando aperfeiçoarem os seus modelos. O blá blá blá continuará o mesmo.

    – Sobre a crítica do Marcos Lisboa, não encontrei a versão eletrônica pdf, mas vou procurar e ler…aliás parece que são dois papers, né? Obrigado pela indicação.

    -Sobre incerteza, vou procurar algum paper do Werlang.

    Obrigado pelos comentários e indicações.

    Frederico

  24. Pergunta: qual é o problema da economia brasileira atualmente – gasto público ou câmbio? Se o problema do gasto público for resolvido e a volatilidade do câmbio permanecer a mesma da última década, terão os investidores privados horizonte de cálculo para investir e conduzir o crescimento do PIB?
    “A”

  25. Alex,

    Eu não sei se a essa altura você já deve tá sabendo, mas semana que vem, nos dias 16,17 e 18, vai haver a fundação da Associação Keynesiana Brasileira, lá em Campinas. Olha os centros que vão está lá: UFRJ, Unicamp…
    Belluzzo vai, Coutinho vai…a turma toda. Vai ser ‘o’ encontro. Paul Davidson vai prestigiar também.

    E ai, vamos nessa? (brincadeira)

    Abs
    Bruno

    Obs: Enquanto ao protesto da Anpec, já já vão querer que se faça a seleção por sorteio, tipo bingo.

  26. “A”:

    Na minha opinião o problema é o gasto público; o câmbio é decorrência.

    Um aumento do gasto implica elevação da demanda interna, ou seja, juros domésticos mais altos e apreciação cambial.

    Já a volatilidade do câmbio caiu muito de uns anos para cá, resultadi, creio, da composição da dívida pública (o setor público passou a credor em moeda estrangeira).

    Abs

    Alex

    Anônimo:

    PTPLS é Paulo de Tarso Pesgrave Leite Soares, também conhecido como Paulinho, professor da FEA-USP. Como ele é baixinho (“de menor”) colocamos só as iniciais.

    Abs

    Alex

  27. “qual é o problema da economia brasileira atualmente – gasto público ou câmbio?”

    Eh o gasto publico, e o gasto publico. E tambem o gasto publico.

    Uma dica. Quando voce pergunta qual o problema “x” ou “y”, eh interessante separar o que eh variavel de politica, isto eh, uma alavanca sob controle direto dos fazedores de politica, e o que eh variavel endogena, isto eh, uma variavel que vai ser determinada no sistema.

    Portanto, a pergunta mais interessante seria: o gasto publico ou o regime cambial? (Pois a escolha do regime cambial eh uma dessas alavancas).

    “O”

  28. Frederico,

    Sugiro que voce leia as criticas ao artigo que vc citou do Greenspan no FT. Economistas do calibre de Paul De Grawe, Martin Wolf, e Brad DeLong cairam em cima do artigo e nao e’ sem motivo.

    O proprio titulo do artigo e’ absurdo: “We will never have a perfect model of risk”. E’ claro que nunca teremos um modelo perfeito. Isso seria como tentar fazer um mapa 1:1 pra se localizar. O mapa seria tao complexo quanto a propria realidade e, portanto, inutil.

    Mas muito pior do que isso, o artigo coloca a culpa TODA da crise nos modelos complexos usados por bancos quando na realidade o modelo que estava realmente errado era o da auto-regulacao do mercado financeiro. Modelo este defendido por Greenspan de forma quase religiosa.

    Como disse o Martin Wolfe: “the reason the regulatory net has to become broader is that, in the end, it is the state that is expected to save the day. Social insurance has its price. The financial industry cannot be allowed to privatise profits and socialise losses on any scale it wishes”.

    O problema nao esta’ em usar modelos errados pois todos o sao por definicao. O problema e’ transformar modelo em religiao a ponto de nao reconhecer por nada no mundo que o erro do modelo foi pra infinito…

  29. Caro Alexandre,
    Excelente dica o seu blog e reler “O Manifesto”. lava sempre a alma da gente. A FEA de 1988 nãp s edeixou levar pelo caminho fácil…

  30. Caros,
    como alguém que estudou economia, mas não estuda mais, porém tem amigos heterodoxos que continuam estudando, digo o seguinte:
    1. Se é verdade que os heterodoxos pintam um adversário que não corresponde à realidade, pra então criticar, vocês aqui estão fazendo o mesmo. É difícil acompanhar na ponta a agenda de pesquisa ortodoxa e heterodoxa ao mesmo tempo, de forma que vocês demonstram ter tanto conhecimento da agenda heterodoxa quanto os heterodoxos da agenda ordotodxa.
    2. O debate de política econômica que aparece nos jornais é obviamente superficial. Tanto os heterodoxos quanto os ortodoxos fazem um deabte pobre nos jornais. Basta ver o Schwartsman pra um exemplo de ortodoxo tosco.
    3. Modelos devem ser testados empiricamente, concordo. Porém, há parece-me uma divisão do trabalho na academia entre teoria (modelo) e empiria. Basta ler alguns artigos em jornais de economia pra ver que tem artigo que é só teórico. Basta pegar a teoria dos jogos como exemplo (teoria que eu gosto bastante, diga-se de passagem). Então, se alguém só faz modelo, não é um problema em si. O problema é se nunca forem testar esse modelo.
    4. Por fim, pra dar exemplos de heterodoxos bons na academia, cito aqui dois, um gringo e um brasileiro: Duncan Foley e o Gilberto Tadeu Lima.
    abçs
    Manoel

  31. Como o nome dele está sendo mencionado com certo respeito, e para evitar confundir leitores jovens e impressionáveis da USP, só queria deixar registrado, que:

    P.T.P.L.S. foi o pior professor que tive na vida, da pré-escola ao mestrado. Campeão da picaretagem multi-critério:
    -prova sobre cultura POP (ex: texto sobre as bundas das mulheres) cujas notas eram 4,5 ou 10 (e olha que eu tirei 10);
    – 60% das aulas "analisando" a novela;
    – Lenin como explicação para todos os fenômenos do universo;
    – Comentários sobre as gostosinhas da turma e suas preferências por caras ricos…

    Aliás este é um outro traço bizarro da heterodoxia brasileira: a valorização da cafajestada mesmo em sala de aula.

  32. Amigos,

    Sou um humilde estudante de Ciências Econômicas da UFRJ (aquela que fica do lado do Pinel e é confundida com o mesmo) mas peço que não me humilhem por tal fato.
    Lendo este Post (que encontrei no grupo dos alunos do IE-UFRJ), caí em risadas ao lembrar das aulas do meu amado (puramente irônico) professor M.Possas e sua família de heterodoxos inúteis que nada fazem além de darem aulas fracas e sem conteúdo, finalidade ou objetivo.

    Realmente, concordo plenamente com o Alex e com os outros opinadores do Blog… A heterodoxia aplica constantemente a fragilidade do pensamento ortodoxo, sempre rindo do tripé de friedman, da função de lucas, etc. (e o pior, tudo isso fazem em sala de aula, quebrando na cara de pau a ética em um ambiente acadêmico que deveria priorizar o pensamento criativo).Teorizam Marx, Keynes…Todavia, produzir, que é bom, NADA.

    A cada aula que passa me vejo enojado com o vazio teórico dessa corja.

    Atenciosamente,

    L.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter