Freud explica? Acho que não…
Recebi o seguinte comentário do Pedro Barbosa:
“Alex,
Não sei se você viu no blog do Nassif uma crítica a este texto [refere-se ao post abaixo], sobre a promoção a grau de investimento]. Pelo que entendi ele não acredita que melhorar a capacidade de pagamento da dívida é uma melhoria para o país.”
Pedro:
Quando chegamos a qualquer assunto que envolva pagar dívidas este cidadão começa a ter reações esquisitas (presumo que seja alergia). Como o histórico de crédito dele sugere, ele não acredita mesmo que pagar o que se deve possa ser coisa boa, daí a “crítica”. Melhor, acho, é não prestar muita atenção, mas quem se interessar pelo assunto pode seguir uma historinha interessante aqui (http://arrastao.apostos.com/) e aqui (http://bndesnassif.blogspot.com/).
Abs,
Alex
Parece que o medo do Nassif é uma crise no balanço de pagamentos. Quais as chances de que isso aconteça?
Guilherme:
Com câmbio flutuante e um setor público credor em moeda estrangeira? Praticamente zero.
Suponha que o déficit em conta corrente se dirija a patamares cujo financiamento possa ser problemático. Bem, assim que isto for percebido, a taxa de câmbio se desvaloriza.
Aí é que entra a segunda condição. Com o setor público credor em moeda estrangeira, a desvalorização REDUZ a dívida pública, i.e., gera o movimento oposto ao observado em 2002, quando a desvalorização aumentava a dívida e gerava medo de insustentabilidade da dívida pública (portanto novas rodadas de desvalorização, etc).
Em outras palavras, o Brasil não sofre de “medo de flutuação” por conta de uma estrutura de dívida mais saudável.
A notar também que – do ponto de vista do país – a troca do financiamento via dívida pelo financiamento via investimmento tem um efeito parecido. Lucros são gerados em reais e, nos períodos negativos, quando o câmbio desvaloriza, o serviço dos investimentos, medido em moeda estrangeira, cai (ao contrário do que ocorre com a dívida).
Quando o câmbio se desvaloriza, o déficit em conta corrente muda a trajetória e a crise do balanço de pagamentos é devidamente evitada.
No entanto, para quem não consegue pensar muito profundamente, mas apenas olhar o passado em busca de guia para o futuro, esta transformação é ininteligível.
Abs
Alex
“Aí é que entra a segunda condição. Com o setor público credor em moeda estrangeira, a desvalorização REDUZ a dívida pública, i.e., gera o movimento oposto ao observado em 2002, quando a desvalorização aumentava a dívida e gerava medo de insustentabilidade da dívida pública (portanto novas rodadas de desvalorização, etc).”
Alex, você poderia explicar isso melhor? A dívida pública não é em moeda local? Qual a relação com o dólar?
Anônimo:
Não necessariamente. Em 2002 mais de metade da dívida era, ou em moeda estrangeira, ou indexada à moeda estrangeira.
Mesmo hoje o setor público tem dívida em moeda estrangeira, parte dela contraída sob a gestão deste que vos escreve (Globals 14, 19, e 34, Euro 12 e Floater 09), mas tem ativos em moeda estrangeira acima do que deve.
Para resumir: em 2002 uma desvalorização de 10% do câmbio AUMENTAVA a relação dívida-PIB em algo como 3,6% do PIB; hoje a mesma desvalorização REDUZ a dívida em algo como 1,1% do PIB.
Em outras palavras, corrigir o desequilíbrio externo no passado impunha pesados custos ao setor público e ameaça de insolvência. Hoje traz ganhos ao setor público e melhora a solvência.
Consegui explicar?
Abs
Alex
crystal clear
Antes eu achava que o Nassif fosse somente intelectualmente corrupto, um preguicoso que achava-se no direito de escrever por economia por 30 anos, e ainda assim nunca se dar ao trabalho de tentar aprender o minimo necessario para nao ser embaracoso.
Mas essa historia do BNDES para mim foi a gota d’agua. Como que um jornalista economico/politico tem cara de pau de se endividar em um banco estatal?!? Passa ao largo de qualquer padrao etico. Nao eh que sua renegociacao, favorecida ou nao, seja anti-etica, eh que o proprio fato de ser jornalista cobrindo afazeres do Estado e se endividar (subsidiado) em um banco estatal que eh anti-etico.
Pega ladrao!
Realmente, fica até difícil fazer o inventário de impropriedades da figura. O bacana é que posa de vítima e paladino, mas a verdade tem o incômodo hábito de vir à tona.
Abs
Alex
oi alex!
tenho acompanhado os comentários pouco elegantes de um certo jornalista a seu respeito e gostaria de algumas palavras.
A mania de alguns acharem que podem deformar a realidade simplesmente para qualificar suas ideias é temerário !!! esse é um dos grandes problemas da educação deficitária, ou seja, formar cabeças de procuram justificativas para suas loucuras.
continue sempre a combater esses sujeitos e estara fazendo um grande bem para todos nós.
[ ]’s
joão carlos
Perfeito João. Só não concordo que o Nassif seja jornalista. Deve haver uma outra palavra para defini-lo.
Abs
Alex
Mascate soa um pouco preconceituoso, eu gosto mais de “jornalista de servicos”, como ele mesmo se autointitula.
Anônimo:
É verdade, até porque não há motivos (fora o preconceito) para imaginar que mascates sejam desonestos (não devem ser, porque sempre dependeram de clientela).
Já o “jornalista de serviços”…
Pedi a Nassif um exemplo de país com câmbio flutuante que tivesse apresentado uma crise de balanço de pagamentos como a que ele vem prevendo para o Brasil agora. Ele respondeu: o Brasil em 2002.
Isto com mais da metade da dívida pública dolarizada, i.e., o mecanismo de ajuste de BP causando uma séria crise fiscal e um partido que sempre pregara a moratória prestes a tomar o poder. Ainda assim o país sobreviveu.
Isto só reforlça minha impressão que o Nassif não consegue pensar, apenas citar o passado, sem ter entendido muito bem o que de fato ocorreu.
Abs
Alex