A bola fora da Justiça. Coluna Mário Marinho
A bola fora da Justiça
COLUNA MÁRIO MARINHO
Pra começo de conversa, quero dizer que não sou daqueles que confundem justiça com vingança.
É muito comum ouvirmos desabafos violentos exigindo justiça na base do olho por olho, dente por dente.
Coisas do tipo: esse cara tem que morrer; e preciso jogar ele lá do alto do prédio; tem que ser morte lenta… e por aí vai.
Mas, sabidamente, nosso amado País sofre de uma doença chamada impunidade.
Não é um mal novo, mas se agrava e torna-se mais resistente à medida que o tempo passa.
Os exemplos acontecem diuturnamente.
Vêm dos políticos os mais gritantes e revoltantes modelos de ação de quem sabe que está fazendo o errado, mas também sabe que não será punido.
Nesse ponto específico, a Lava Jato anda colocando alguns figurões em seu devido lugar – comumente, a cadeia.
No futebol, diversão que a cada dia se torna mais perigosa, volta e meia assistimos às cenas de violência, de agressões, de morte sem que haja a devida justiça.
O caso mais recente foi o julgamento, nesta quarta-feira, de dois corintianos que agrediram a facadas um palmeirense que acabou morrendo.
No ano passado, os torcedores corintianos Anderson da Cruz Andrade, 25 anos, e Nerivaldo Moura de Andrade, foram provocados pelo palmeirense Leandro de Paula Zanho e partiram para a agressão.
Armados de um pedaço de ferro e de um facão, os corintianos feriram Leandro Zanho que morreu no dia seguinte.
No julgamento desta quarta-feira, o juiz considerou o crime como “homicídio privilegiado” e aplicou atenuantes, condenando o mecânico Anderson a 5 anos e 10 meses seu companheiro a 5 anos, ambos em regime semiaberto.
É um caso de quase não punição.
A expressão “homicídio privilegiado”, que por si só parece absurda e difícil de engolir, é aplicada quando o crime é praticado sob emoção violenta, compaixão, desespero ou motivo de relevante valor social ou moral que diminuem sensivelmente a culpa do homicida.
É difícil enquadrar um crime covarde e estúpido como esse numa das prerrogativas citadas.
Daí, soa como impunidade as penas aplicadas.
E a Justiça deixa de cumprir um de seus dignos papéis que é a punição exemplar.
Se não há punição, o exemplo a seguir é esse dado no dia a dia pelos nossos políticos.
Que se danem o bem, o bom comportamento, o viver dentro da lei, a honestidade – a qualquer momento contrata-se um bom e ou esperto advogado e fica tudo bem.
Uma pena que assim seja.
Consequências
da Copa do Mundo
Tido e havido por muitos – corintianos ou não – como um vaca brava, eis que o paraguaio Romero torna-se não só o artilheiro, mas, mas também um jogador de algum refinamento, de passes e lançamentos criativos.
Ontem, quarta-feira, 1º, voltou a ser decisivo na vitória do Corinthians e marcou seu quinto gol em três jogos. Mais do que isso, foi o grande nome da vitória sobre a Chapecoense pela Copa do Brasil. Aliás, é preciso ressaltar também a ótima partida do jovem Pedrinho e o espetacular passe do goleiro Cássio para Pedrinho lá do outro lado do campo e, deste, para Romero.
Ao ser entrevistado após o jogo, o paraguaio disse que soube aproveitar o tempo sem jogos durante a Copa do Mundo para treinamento e aprimoramento.
Treinou e aproveitou.
Não foi o caso de Palmeiras e Santos.
Ambos passaram quase 40 dias sem jogar e apenas treinando.
Dez dias após o final da Copa demitiram seus treinadores.
Sinal que os treinos administrados por Roger Machado, no Palmeiras, e Jair Ventura, no Santos, não surtiram o menor efeito.
Efeito maléfico que ainda perdura no Santos, derrotado pelo Cruzeiro na noite de ontem, noite de estreia do novo técnico, o conhecido Cuca.
Claro, Cuca não poderia mudar tudo da noite para o dia.
Assim, o Cruzeiro soube se aproveitar e saiu na frente no mata-mata. O jogo de volta será no Mineirão, dentro de duas semanas.
O caso, em parte pelo menos, se repetiu no Palmeiras. Roger Machado passou o tempo todo treinando seu time para cair em 10 dias pós Copa.
Nos próximos dias, o Verdão apresenta como novidade o velho Felipão, de alegrias e tristezas inesquecíveis.
Veja os gols da quarta-feira:
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– Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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