Duas decisões, dois continentes, dois mundos. Blog do Mário Marinho
O futebol mundial viveu neste fim de semana duas decisões envolvendo o que há de mais expressivo no futebol mundial: a Copa América e a Eurocopa.
No Brasil, decidiu-se o melhor da América do Sul, detentora de 9 Copas Mundiais da Fifa.
Na Inglaterra, decidiu-se o melhor da Europa, detentora de 12 Copas do Mundo.
Não dá para comparar. Mas é preciso.
No Brasil, a decisão de sábado aconteceu num Maracanã, nosso Templo do Futebol, praticamente vazio.
Os times do Brasil e da Argentina entraram em campo como se fosse um jogo comum, precedido apenas da execução do hino nacional, o que já é corriqueiro aqui no Brasil.
Nada mais que isso.
Na Inglaterra, o jogo no estádio de Wembley, o Templo do Futebol deles, foi precedido de uma abertura festiva no gramado, com direito até a exibição da esquadrilha da fumaça pelos céus londrinos.
Os hinos foram cantados com gosto, com ardor.
Aqui no Brasil, argentinos e brasileiros (mais nós do que eles) fizeram um arremedo de cantoria, quase uma dublagem.
No Maracanã, seis mil convidados estavam nas arquibancadas. O Maracanã tem capacidade para 72 mil torcedores.
Em Wembley, 60 mil torcedores para um estádio que tem a capacidade para 90 mil.
A diferença de público não é causada pela disparidade entre a riqueza de um e de outro País.
É causada pelo governo de cada.
No Brasil, patinamos no terrível patamar de cerca de dois mil mortos por dia e contamos mais 530 mil mortos no total.
A vacinação segue a passos lentos, desestimulada por um governo irresponsável, negacionista e cercado de escabroso escândalo na compra de vacinas.
O resultado disso é que hoje estamos com menos de 20% da população adulta imunizada.
Na Inglaterra, a imunização já chegou a 64% de adultos.
Por isso, se deram ao arriscado luxo de encher o Templo de Wembley.
No gramado as variantes foram também acentuadas.
A começar, lógico pelo impecável gramado de Wembley em contraposição aos nossos modestos gramados.
Quando a bola rola, as diferenças se acentuam.
Na Eurocopa, a competição é apenas de futebol; na Copa América, vê se um arremedo de futebol cercado de péssimos atores que, ao menor esbarrão, se estatelam no gramado e gritam como se estivessem sendo esfaqueados. E rolam pelo chão como se o gramado fosse um despenhadeiro.
Há, na Eurocopa, um respeito entre os jogadores. Eles se encaram como profissionais que estão em lados opostos; não como inimigos a serem liquidados.
O juiz é uma autoridade em campo e não um fantoche que deve ser ridicularizado e desrespeitado.
Dentro de campo, no sábado, o que se viu foi um espetáculo sonolento, desinteressante até mesmo para e pelas suas duas maiores estrelas: o campeão Messi e o vice Neymar.
Na Europa, foram 90 minutos de um futebol limpo, disputado, tenso, acrescido de 30 minutos de prorrogação e seguido da eletrizante disputa por pênaltis.
Não foi possível desgrudar os olhos da tevê.
No Brasil, foi difícil mantê-los abertos.
Eu acompanho futebol desde criancinha.
Calculo que ali pelos seis/sete anos, quando fui mascote do Madureira, time que meu saudoso pai, Paulo Marinho, presidiu no bairro Parque Riachuelo, em Belo Horizonte, onde morávamos.
Nos anos seguinte, jogando peladas de ruas ou nos times de várzea, até me tornar jornalista esportivo e acompanhar o futebol profissionalmente.
Ouvi, repetidamente, desde os tempos de criança, que os gringos eram cintura dura, que não sabiam dar um drible (ou dibra, com dizíamos) e eram incapazes de acompanhar um brasileiro por sua ginga toda especial.
Tornamo-nos os Reis do Futebol.
Mas, hoje, que tem futebol, quem encanta, quem dá drible e tem ginga são os gringos, são os estrangeiros.
Nós voltamos à época pré-Pelé, pré-1958.
Época de Puscas, Di Stefano, Stanley Matheus, Lev Yashin…
O que esperar do Brasil na próxima Copa do Mundo?
Veja os gols do Fantástico
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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