Um diálogo
Anônimo disse:
“Alex graças as medidas ortodoxas que você defende de subir juros para controlar a inflação,está valorizando o cambio prejudicando as transações correntes.O deficit bateu recorde nesse semestre puxado pelo envio de lucros das empresas para fora.O BC deveria controlar o envio de lucro dessas empresas para fora,evitando um deficit maior nas transações correntes,ou aumentar o protecionismo para aumentar o superavit na balança comercial.Se o BC aumentar mais o juros a tendência é uma piora nas contas externas.”
Alex disse:
Anônimo:
Eu sei que isto pode ser difícil para você, mas tente (apenas) uma vez: pare e pense.
Se o BC aumentar o protecionismo (coisa que não é da alçada do BC, diga-se, mas é só um detalhe) as importações deverão cair, certo? Com importações menores e saldo maior na balança você acha que o câmbio se aprecia mais, ou se deprecia?
Não responda. Apenas pense (pode doer no começo, mas depois você se acostuma).
É, o câmbio se aprecia mais e reduz as exportações também.
Parabéns: você acabou de descobrir o Teorema de Lerner.
Novo desafio: se o BC proibir as empresas de mandar dividendos (coisa que a Lei 4.131 só permite em condições de crise de balanço de pagamentos, mas, de novo, deixemos para lá) o que acontece com a taxa de câmbio dada a menor demanda por moeda estrangeira?
De novo, calma. Pense. Respire fundo…
Sim, a resposta é a mesma do caso anterior. O câmbio se aprecia mais e as exportações perdem fôlego…
Agora uma pergunta mais difícil. O que acontece com a demanda doméstica se o BC aumentar os juros?
Não é mais difícil (estava só brincando). A demanda se desacelera do atual patamar, em que cresce próxima a 7,5%-8% contra um PIB que se expande (violando todos os limites) a 6%.
Agora sim, o mais difícil. Quem cobre a diferença entre a demanda doméstica crescendo 1,5-2% mais rápido que o PIB?
Você já deve ter se acostumado agora… Respire fundo. Pense…Respire de novo…Devagar…
Sim! O que cobre a diferença são as importações crescendo mais rápido que as exportações!
Como as importações são pouco mais de 12% do PIB (12,4% para ser preciso), a taxa de crescimento das importações (menos a taxa de crescimento das exportações) precisa ser 8x mais rápida que a diferença entre a demanda doméstica e o PIB, isto é, 8*1,5% ou 8*2%, algo entre 12-16% a.a.
Neste momento, se as aulas de pensamento funcionaram, você deve ter percebido que o déficit em conta corrente resulta de importações crescendo mais rápido que exportações devido à demanda doméstica crescendo mais rápido que o PIB. Portanto, se o demanda doméstica desacelerar com o aumento de juros, o déficit externo deve se reduzir.
Opa! Mais uma vez a conclusão foi o contrário do que o seu senso comum sugeriria… Viu como é bom raciocinar? Evita falar um bocado de bobagem…
Simplesmente perfeito, rsrss
Alex você não acha Amorim defendeu o Brasil muito bem na Rodada de Doha?
Nada como uma aulinha virtual! 🙂
Abraços Alex!
=**
Sacanagem.
Alex,
E você ainda dá trelas a esse bestunto. Haja paciência.
olá alex!
considerando a importância do assunto, e as opiniões divergentes, é passada a hora de um J’accuse parte II.
[ ]’s
joão Carlos
Alex:
Manda essa aulinha para a FIESP que os pariu! E não se esqueça de desenhar, porque o pessoal lá é duro de doer!!!
E gostei particularmente do seu tom levemente (levemente?) irritadiço.
Abraço
Olá Alex,
Quando o BC sobe juros, ocorre uma maior entrada de capital estrangeiro(maior atratividade por títulos), o que aprecia o câmbio. Certo?
Além disso, o câmbio se aprecia pelo fato mencionado por você no Post.
Você tem idéia de qual fato influencia mais o câmbio?
Abs!
Alexandre,
Eu gostaria de enviar-lhe um paper – ainda em sua primeira versao – sobre a curva de Phillips no Brasil, mas eu nao tenho seu e-mail.
Abracos,
Irineu
Irineu:
Meu e-mail é alexandre.schwartsman@hotmail.com
Abs
Alex
Lasse:
Minhas estimativas sugerem que o diferencial de juros afeta o câmbio, mas que o fator mais importante é a expectativa para o câmvbio 12 meses à frente que PARECE estar associado a preços de commodities.
Anônimo:
É o fardo do economista neoclássico.
Abs
Alex
O Alex so esqueceu de mencionar que a queda dos juros depreciaria o cambio fortemente, anulando a preciaçao pelos outros fatores, e também aumentaria o investimento interno, o que poderia suprir a elevada demanda brasileira.
Nao concordo com o que o anonimo sugeriu, mas é muito fácil pega um comentário ingenuo e quere esculhamba com as outras idéias.
O Alex ainda vem falar de “seu senso comum” (frase incoerenete), se ha um senso comum na midia e no BC que é repetido várias vezes ( pode ate associar à frase do Amorim) é o senso neoliberal.
Ok,veja então se eu entendi certo.
A expectativa do câmbio estar ligada a variação do preço das commodities acontece porque os produtos agrícolas têm um grande peso na balança comercial brasilera?
Então se os preços das commodities exportadas sobem mais, o superávit cresce (ou défict decresce) o que aprecia o câmbio.
É isso?
Tenho outra pergunta, acho que um tanto idiota, que me tira o sono.
Por exemplo, as exportações (em valor) de um país aumentam, isso então aprecia a moeda do país. No futuro com o aumento da exportação a renda nacional aumenta, o que aumenta a demanda interna. Se o PIB não acompanhar, a importação cresce, o que deprecia o câmbio, … Duhh!!
Isso não faz nenhum sentido!!! Mas eu não sei onde estou errando.
Essa idéia é parecida com o texto do Post passado, uma coisa leva a outra e depois a outra e outra…
A explicação pro meu erro de raciocínio é que eu não estou levando em conta o tempo que leva cada reflexo?
Obrigado pela atenção
Abs!
Bernado (se você pode abandoná os “erres”, por que eu não poderia?)
Sobre investimento e demanda. Estou cansado de ouvir esta historinha e já era hora de vocês aprenderem a fazer conta (verdade que nem português vocês sabem, quanto mais matemática…).
Suponha – para facilitar sua vida – que miraculosamente o investimento virasse capacidade no mesmo instante que as companhias investissem.
Mas investimento é também demanda. 1% do PIB a mais de investimento é 1% a mais de demanda na veia. Quanto a mais de oferta é o investimento?
A menos que produtividade marginal do capital seja 100% (ou mais), o aumento de produto resultante será inferior ao aumento de demanda. Logo, na margem, será necessário AUMENTAR o déficit em conta corrente.
Portanto, a taxa real de câmbio tem que se VALORIZAR. Se a taxa nominal desvalorizar pela redução do diferencial de juros, a inflação terá que aumentar para valorizar o câmbio real.
E, note-se, isto tudo sob a suposição que o investimento se materializa imediatamente. Se demorar (como acho que demora), algo como um ano, a dinâmica é pior. Todo investimento novo vira déficit em conta corrente e o câmbio APRECIA ainda mais.
Sobre o “senso comum”, talvez o melhor seja dizer mesmo “a falta de senso”, comum a tantos que agridem a lógica econômica, a aritmética e, a língua portuguesa.
Lasse:
Pense nesta questão em termos de deslocamento da curva X deslocamentos ao longo da curva e você chegará à resposta.
Sobre a primeira parte, você entendeu o básico. Só noto que commodities engloba muita coisa industrial, não só agrícola.
Abs
Alex
Alex
O fenomeno conhecido como “mãopeludismo” parece estar se proliferando pela blogosfera.
Os sintomas da doença são: ignorância da função dos juros e câmbio no particular, e desconhecimento geral e irrestrito de economia.
A segunda característica, é que os mãos peludas são exemplares arrogantes em sua burrice, megalomaníacos em sua ignorância!
abs
Alex,
Achei interessante sua constatação sobre câmbio presente e câmbio futuro (dada a dificuldade de projetar o câmbio presente) e fui dar uma olhada nos dados. Há exatamente 1 ano, o dólar futuro 12 meses à frente era R$1,9517. Hoje o dólar futuro 12 meses à frente indica R$1,7146.
Como você bem sabe, recentemente tem havido uma certa desvalorização de algumas commodities, porém o real continuou se valorizando no mercado futuro.
Se possível, gostaria que você elaborasse um pouco mais sobre sua constatação, já que na primeira olhada nos dados não achei evidências significativas sobre sua tese.
Abraço
A
Qual a sua opinião sobre o cenário econômico global no momento? A crise é estrutural e veio para ficar, ou estamos apenas verificando correções de excessos cometidos no passado?
A correlação entre o crescimento econômico do resto do mundo e o dos Estados Unidos vem caindo nas últimas décadas. Você acredita que isso é suficiente para acreditarmos na tese do “descolamento”, onde a dinâmica interna da Ásia, por exemplo, não seria tão afetada pela crise americana? Ou a influência americana ainda é crucial para o mundo?
O economista austríaco Ludwig von Mises escreveu o seguinte: “Não há meio algum de se evitar o colapso final de uma expansão econômica gerada pela expansão do crédito. A alternativa é apenas se a crise deve chegar antes como o resultado de um abandono voluntário de mais expansão do crédito, ou depois como uma catástrofe final e total do sistema monetário envolvido”. O que você acha desta afirmação? Qual o grau de confiança que você deposita no Fed para salvar a economia da crise? E qual seria a parcela de culpa que você atribuiria ao próprio Fed pela crise, já que este manteve por um longo período as taxas de juros em patamares absurdamente baixos?
Em seu livro de memórias A Era da Turbulência, o ex-chairman do Fed, Alan Greenspan, dedica um capítulo ao problema do populismo na América Latina. Ele afirma: “[…] com muito poucas exceções, a América Latina não conseguiu desarmar-se do populismo econômico que, em sentido figurado, desarmou todo um continente em sua competição com o resto do mundo”. Em resumo, apesar da esquerda colocar a culpa dos nossos males no “neoliberalismo” ou na globalização, o fato é que ambos passaram longe da região. Em sua opinião, quais os principais obstáculos para que o capitalismo de livre mercado possa nos dar o ar de sua graça?
Qual a sua avaliação do governo Bush? Quais teriam sido seus principais erros e acertos?
Um dos principais riscos que podem surgir com a crise econômica mundial é o crescimento do protecionismo comercial, criando entraves ao processo da globalização, que tanto tem beneficiado o mundo. Como você enxerga esse risco? Nesse contexto, você diria que uma vitória dos Democratas, tradicionalmente mais protecionistas, poderia criar um problema nesse sentido?
Muitos focam nos excessos supostamente cometidos pelos consumidores americanos nesta fase de bonança mundial, mas poucos falam dos crescentes gastos governamentais na Europa. Os principais países europeus possuem patamares elevados de endividamento sobre o PIB, carga tributária já extremamente elevada e um rombo previdenciário crescente e explosivo, com uma população envelhecendo rapidamente. Como você encara esses perigos provenientes da Europa? Acredita que governantes como Sarkozy, cujo discurso defende reformas nessas áreas, serão capazes de enfrentar os privilégios dos grupos de interesses e atacar os pilares dos problemas, reduzindo os gastos estatais? Ou estaria a Europa fadada a se transformar num grande museu?
Você defende a volta do padrão ouro para pararmos de inflacionar moeda?
Meu deus! Essa foi a maior demostração de falta de raciocínio que eu já vi!!! E olha que o rapaz sabe o que são transações correntes, déficit, etc…
Essa foi incrível!
Frodo:
Perfeito. O Léo Monastério seu blog registra mais um Prêmio Eço para o mascate. Olha só que beleza a obra do Mão Peluda:
“A grande investida da Coréia, nas últimas décadas, deu-se através de um amplíssimo esquema de contrabando, valendo-se de uma estrutura internacional de coreanos que migraram para diversas partes do mundo. Em São Paulo, Promocenter era um exemplo vivo desse jogo.”
Se o cara acha que contrabando é o caminho do desenvolvimento, dá para entender porque defende o calote e o achaque, não?
Anônimo:
Quando falo câmbio 12 meses à frente não é o câmbio futuro, mas sim a expectativa de taxa de câmbio. Aqui não dá para mostrar, mas em outros trabalhos já mostrei a relação entre câmbio esperado 12 meses à frente e preço de commodities. É uma bela relação negativa.
Abs
Alex
Alex o que acontece com um país com defict nominal zero e mantenha um superavit fiscal próximo de 2% do PIB
seria necessário manter taxa básica de juros?
Caio:
Embora me escape a diferença conceitual entre déficit nominal zero e superávit fiscal de 2% do PIB [superávit fiscal = déficit nominal*(-1)], um país com superávit fiscal de 2% do PIB ao invés de déficit de 2% do PIB poderia controlar a inflação com uma taxa de juros mais baixa.
Abs
Alex
Um país que zere sua dívida pública e mantenha superavit,precisaria de taxa básica de juros?
Opa
bem interessante essa relacao entre a expectativa da taxa de cambio e o preco dos commodities.
Me corrija se eu estiver errado, a ideia eh que a expectativa em t do cambio em t+12 eh correlacionada com o preco das commodities em t+12.
A relacao mais intuitiva nao deveria ser entre o preco esperado do cambio e o preco esperado das commodities?
abs
Bruno
Bruno:
A relação é entre a taxa de câmbio experada em t+12 e preços de commodities em t. Vou ver se consigo postar o gráfico.
Abs
Alex
kkkk quase tenho um ataque do coração com o seu humor Alex, mas ao invéz de taxar o infeliz que escreveu sem pensar eu entendo a confusão e talvez por isso não me atreva até a formular algum raciocínnio econômico primitivo.
Em um comentario anterior alguém tocou no assunto Doha e é esse que eu questiono:
Não vejo poder real na diplomacia brasileira (nada contra o Celso Amorim, mas sim ao Itamaraty como um todo) a ponto de influir em decisões de nível global. Me irrito com a mídia que endeusa a nossa diplomacia e faz com que ela pareça ter mais poder do que tem.
Doha pra mim foi mais uma amostra de como somos marionetes:
1 Brasil tinha um discurso de “fracos e oprimidos” inicialmente e agora trai os mesmos aceitadno pressões dos desenvolvidos.
2 Só ao fracassar diz que agora vai enfocar acordos bilaterais (porque não fez simultâneo) (7 anos perdidos?).
3 Desagradou a Kirchner, que adora um motivo pra entrar em atrito com o Brasil, seja de trigo à geladeiras.
4 E um ultimo ponto que me dá a impressão de que o Brasil não tem moral é o Haiti: EUA estava desgastado com o Iraque e não quiz intervir, nos manda liderar e aceitamos para ver se ganhamos respeito e nos deparamos com um pepino gigante com problemas sociais que uma mera ocupação (eterna) não resolve.
vlw
Rafael
Professor Alex, ler seus posts e, ainda mais, seus comentários, é receber, de graça, aulas e aulas de Economia. Bom domingo e continue colocando no bom caminho, certos pensamentos que não conseguem identificar que 2+2=4.
Abraço, João Melo, direto da selva!
“A”
Voce esta fazendo confusao entre cambio futuro e expectativa de cambio. O cambio futuro nada mais e do que o cambio a vista acrescido de taxa de juros brasileiras e decrescido de taxas de juros externas (se este nao for o caso, ha possibilidade de arbitragem). O que faz sentido e o que Alex usa e a expectativa de cambio dos agentes. Abs G
Show de Bola!!!
Um prazer ler esses posts…
Otima aula… tio Alex.
Amplexos.
Alexandre,
Não daria pra você deixar de ser arrogante e mal criado na hora de responder os comentários dos simples mortais que visitam o seu blog para tirar dúvidas de economia?