Em dia com (quase todos) os comentários
“Alex, aproveitando as indicações de livros, vc poderia me indicar um bom livro de contabilidade social?”
O melhor que conheço neste tópico é o Simonsen & Cysne. Contas nacionais, balanço de pagamentos e contas monetárias, tudo está lá.
“O pior cenário seria inflação em alta via câmbio (apesar dos preços de commodities estarem despencando), uma vez que o real está se depreciando muito, com uma desaceleração forte do PIB por conta da turbulência financeira (estou com o multiplicador financeiro do Krugman em mente).
Na verdade, com preços de commodities em queda… bem… as expectativas não são das melhores para o futuro, para nós e los hermanos, e não podemos fazer rigorosamente nada que possa resolver isso de uma vez (pelo menos em um prazo curto).”
Adolpho: para mim o choque externo é claramente inflacionário. Publiquei há pouco uma nota extensa examinando o assunto (um dos motivos para o pouco tempo que pude dedicar ao blog esta semana) concluindo exatamente isto.
Em resumo, a queda de preços de commodities implica piora de termos de troca, que, dado o volume de exportações, reduz a capacidade para importar, portanto a oferta total. Por outra ótica, implica câmbio mais fraco e pressão inflacionária (mesmo se o câmbio se estabilizar na casa dos 2-2.10, o impacto sobre a inflação deve ficar ao redor de 2-3% sobre a inflação dos próximos 12 meses). Pedreira para o BC.
“Então pergunto: Com este governo de irresponsáveis inchando o aparelho estatal ao máximo que podem e na falta de grana na econômica e conseqüente falta de criação de riqueza e crédito e os salários dos funcionários públicos tendo que ser pagos todo mês e, logicamente, funcionando como base da economia brasileira, o Banco Central será obrigado liberar a chave do maquinário de rodar “real” e a inflação voltará com gosto de gás aos moldes do governo Sarney guiado por gênios do naipe do Bresser Pereira?”
Acredito que não. Ainda que tenhamos mesmo contratado uma grande expansão do gasto para o ano que vem (e a resposta do governo parece ser aumentar o gasto em resposta à crise externa!), e mesmo considerando que a arrecadação será mais fraca em 2009, nas minhas contas o primário que sobra ainda continua trazendo a dívida para baixo. Além disto, graças aos ativos em dólar a relação dívida-PIB já caiu muito nas últimas semanas. Assim, chances que sejamos obrigados a voltar ao financiamento inflacionário do déficit são reduzidas.
“Para manter a taxa de juros dentro da meta os bancos centrais tem que cada vez mais ofertar dinheiro e pegar títulos públicos dos bancos. Sendo assim, os bancos centrais não vão ficar descaptalizados? pois baixando a meta da taxa de juros eles vão precisar injetar dinheiro e pegar títulos públicos pra deixar a taxa efetiva na meta. minha pergunta é se não há risco de os bancos centrais se descapitalizarem ?”
Há sim e, pegando carona em outra pergunta do Adolpho (“Que coisa engraçada, o Fed vai pagar juros sobre as reservas bancárias! Tempo estranhos.”) é por este motivo que o Fed vai pagar juros sobre as reservas.
O que ocorre é que o Fed vem dando redesconto, isto é, trocando títulos privados por base monetária e esterilizando via colocação de títulos públicos. Mas a esterilização está ficando cada vez mais difícil. Por exemplo, quando o Fed adquire uma carteira de “commercial paper” o dinheiro fica na conta que o Banco X mantém no Fed. Antes do Fed remunerar esta conta, o Banco podia deixar o dinheiro lá ganhando zero, ou passar no interbancário, a taxas inferiores à meta dos Fed Funds. Para esterilizar este volume de caixa sem gastar seus títulos o Fed começou a remunerar estas contas. “Mutatis mutandis”, é semelhante aos tempos que o BC brasileiro podia emitir seus títulos (prática proibida pela LRF).
“Alex essas grandes vendas de dólares do BC ao mercado não é ruim? BC tem que suavizar o ritmo de alta do dólar porque todos foram pegos de surpresa com essa mega valorização. Meu medo é que o BC torre os dólares tentando suavizar o ritmo de alta do dólar. Esse é um dos problemas do cambio flutuante que ocorre perdas de reservas.Não poderiam ser adotadas medidas como diminuição da exposição de bancos…. para evitar uma alta muito grande do dólar?”
É, como de hábito nas intervenções do Ricardo, exatamente o contrário. Se o câmbio fosse fixo as reservas estariam caindo fortemente (aliás, alguém tem dados das reservas argentinas nos últimos dias?). Quem quer comprar dólares não são os bancos, mas as empresas que estavam muitíssimo alavancadas em venda de dólar e agora correm atrás do prejuízo. Se as compras de dólares pelos bancos forem limitadas, eles também não vendem para as empresas (bancos em geral não tomam posições direcionais grandes) e estas vão passar por tempos ainda piores.
“Não sei se essa pergunta faz sentido, mas ai vai: Será que a economia mundial está perto de viver a “armadilha da liquidez”?”
Perto eu não sei dizer, mas testemunhamos, há pouco, uma grande economia (Japão) nesta situação depois de enormes problemas após uma crise imobiliária que detonou seu sistema financeiro (ring any bells?) numa situação de taxas de juros já baixas. Isto dito, me parece que a resposta de política econômica, inspirada inclusive no exemplo japonês, é melhor. Concretamente, ao invés de permitir que os bancos varram a sujeira para baixo do tapete e sigam na contração de crédito, os bancos têm vindo a público com as perdas (por este motivo é insanidade acabar com a marcação a mercado) e, agora, os governos se engajam no esforço de recapitalizar o sistema. Neste momento é tudo que se põe entre a economia mundial e a “armadilha da liquidez”.
“Alex pelo que eu vejo o Brasil esse ano vai sofrer a mesma coisa que 2002. O regime de cambio flutuante não é um bom regime um.Estamos perdendo dolar, BC daqui a pouco vai torrar suas reservas tentando suavizar o aumento do dolar.
Em 2009 a inflação pela regressão que eu fiz pode rodar acima dos 6%,uma das causas vai ser o cambio.Deveriamos adotar algumas medidas como foram adotadas em 2002 na gestão de Arminio Fraga ,uma delas seria a diminuição de bancos a exposição cambial.
Segundo que sua teoria que o cambio flutuante ajuda com a perda de renda não faz sentido, se o cambio se desvaloriza ele diminui as importações e ajuda na inflação.Mas isso não tem acontecido e não existe correlação. Quando o cambio se desvaloriza impacta na inflação obrigando o BC a subir o juros.”
Isto faz tão pouco sentido que não vou perder tempo comentando, exceto que – sob câmbio fixo – a taxa de juros já estaria na casa de 20-30% aa. Quem sabe aí o Ricardo ficaria feliz.
“Alex ou “O”, tanto faz,
1) Me digam: Essas atuais medidas do BC brasileiro, injetando liquidez na economia, (redução do compulsorio, possivel mudança na tragetoria da SELIC) nao podem vir a desencadear no Brasil um processo inflacionario, ja que como o Alex havia demonstrado, estavamos no limite da nossa capacidade de produzir?
2) Com tanto papel sendo impresso nos EUA, Europa, Japão, podemos esperar uma inflação nestes países no longo prazo e recessão , ou, stagflação? Quais as chances?”
Jonas: o aumento da liquidez via compulsório é todo esterilizado pelas compromissadas do BC (sugiro que olhe a diferença entre a meta da Selic – definida pelo Copom – e a Selic efetiva: se forem próximas é porque a liquidez está sendo esterilizada). Em outras palavras, a política de compulsórios é um instrumento para lidar com o “empoçamento” de liquidez dos bancos, mas não com a taxa de juros.
Quanto ao longo prazo, se lá chegarmos, vai depender de como os países manejarem suas políticas monetárias depois que a recessão passar.
Alex países que tem uma maior % de comercio internacional em relação ao PIB sofrem menos que países que tem um comercio internacional baixo em relação ao PIB?
Países como México comparado ao Brasil ele podem sofrer uma menor desvalorização de sua moeda por causa do comercio internacional,que garante um maior fluxo de dólares?
Alex estamos vendo um “sub-prime” brasileiro no mercado de cambio. Muitas empresas perderam o governo poderia fazer um pacote para cobrir os prejuízos dessas empresas.
Um fundo também já quebrou 0 GWI fia.Governo poderia ajudar também.
Fernando:
Sim, uma participação maior de fluxos internacionais de comércio ajuda a reduzir a volatilidade do câmbio real.
Para ver isto, imagine dois países idênticos, exceto que A exporta e importa $ 50/ano e B exporta e importa $ 500/ano. Nenhum, é claro, registra qualquer saldo na balança.
Imagine agora que ambos sofram um choque que os obrigue a gerar um saldo de $ 10. Para facilitar a conta, suponha que a elasticidade-câmbio de exportações e importações seja 1, i.e., 10% de desvalorização reduz importações em 10% e aumenta exportações em 10% (a rigor não preciso desta hipótese, mas simplifica bastante o exemplo).
Assim, o câmbio real no país A tem que se desvalorizar 10%. Com isto as exportações aumentam 10% (de $ 50 para $ 55) e as importações caem 10% (de $ 50 para $45). No caso do país B, basta 1% de desvalorização para atingir o mesmo resultado (exportações aumentam de $ 500 para $ 505 e importações caem de $ 500 para $ 495).
Dá para complicar bastante a história, mas o resultado permanece: tudo o mais constante, países com maior participação de comércio internacional no PIB devem ter taxas de câmbio menos voláteis do que países com participação maior. E, até onde me lembro da evidência empírica, este resultado não foi desmentido pelos dados.
Abs
Alex
Alex o custo de se lançar um pacote para salvar essas empresas é menor do que se vender dólar.O México teve que vender 6 bilhões de USD para evitar ataques especulativos,mais esse é o regime que você julga ser “bom”.Minha proposta seria um cambio administrado e um programa de substituição das importações poderiam amenizar os efeitos dessa crise aqui.
O problema do Real é que muitas empresas se alavancaram,causando essa mega desvalorização,o melhor seria uma ajuda para cobrir as perdas delas.
Confesse Ricardo: a empresa em que você trabalha perdeu quanto? Por que vocÇe quer o meu (não o seu, mas o nosso) dinheiro?
Alex até agora não perdeu nada mas é bem possível que a CSN perca.Votorantim declarou perdas de 2.2 bilhões de reais,Sadia de 700 milhões,Aracruz 1 bilhão.Não duvido muito que as perdas podem chegar a 15 bilhões de reais.Problema é que essas perdas estão pressionando o cambio.Se essas empresas liquidarem suas posições poderíamos ter uma mair valorização do real.
Minha proposta seria um pacote do governo de 10 a 20 bilhões de reais para cobrir as perdas dessas empresas.Seria melhor porque o BC não perderia reservas vendendo dólares.O México já perdeu 6 bilhões de dólares vendendo suas reservas para conter o cambio.
Caro Ricardo, eu tenho uma outra “sujestao” para o governo ajudar as empresas imprevidentes.
1- Chamar uma reuniao em Brasilia com os presidentes dessas empresas.
2- Informa-las que devem fazer um grande shorting de reais.
3- Combinar com todas a mesma data de vencimento dos contratos.
4- No dia anterior ao vencimento, o Bacen entraria comprando dolar como se nao houvesse amanha.
5- Com as cotacoes do dolar explodindo, ai’ todas ganhariam o dinheiro perdido e mais algum.
Um abracao
Kleber S.
Alex,
Interessantes os comentários deste post., que me levaram ao seguinte insight: o problema de uma economia como a brasileira não é cambio fixo ou cambio flutuante. É óbvio que o regime de cambio flutuamente é na prática muito mais eficiente que o de cambio fixo, já que com cambio flutuante o BC não perde o controle sobre a política monetária. O ideal seria o BC manter o controle sobre a política monetária e sobre o cambio simultaneamente, mas isso só é possível em um regime de controle de capitais, que não é o caso brasileiro. Ou seja o problema é controle de capitais vs livre movimentação de capitais. E pegando um gancho em seu comentário acima, talvez países como o Brasil devam atingir primeiro um nível mínimo de relação entre comércio exterior/PIB antes de liberalizar a conta de capital do balanço de pagamentos, de modo a não ficarem reféns de uma excessiva volatilidade cambial no regime de cambio flutuante.
Em poucas semanas o Real sofreu um desvalorização de uns 40%. Talvez um sinal que algo não vai bem no nosso mix de política economica?!
Sds
Ed
EM SET. OS BANCOS AUMENTARAM SUAS POSIÇÕES COMPRADAS DE DÓLARES EM 2,927 BILHÕES.
EM SET. O FLUXO CAMBIAL FOI POSITIVO EM 2,803 BI.
EM SET. AS RESERVAS AUMENTARAM 1,370 BI.
AS OPERAÇÕES CAMBIAIS INTERBANCÁRIAS NÃO ENTRAM NAS ESTATÍSTICAS DO BC.
O AUMENTO DAS RESERVAS (de 30/09 para 08/10; 206.486 para 208.303) DEMONSTROU QUE O BC COMPROU DÓLARES (CONSIDEROU NÃO SER PRECISO DAR LIQUIDEZ AO MERCADO). EM 09/10 O BC REDUZIU AS RESERVAS PARA 206.327 BI. (queda de 1,976 bi.). MESMO ASSIM O DÓLAR VALORIZOU NO DIA 10 PARA R$ 2,328.
A TENDÊNCIA DO DÓLAR A MÉDIO PRAZO SERÁ DE ALTA (A BRIGA DO BC SERÁ INÚTIL). O PISO INICIAL É QUE AINDA NÃO ESTÁ BEM DEFINIDO (ALGO EM TORNO DE 2,00 A 2,20?).
AS EMPRESAS QUE FIZERAM ACC NÃO PODEM RECLAMAR (GANHARAM MUITO E SABIAM QUE CORRIAM RISCOS). AS QUE FINANCIARAM INVESTIMENTOS GANHARAM NOS PREÇOS DE COMPRA (E A PERDA SERÁ AO LONGO DOS CONTRATOS DE FINANCIAMENTOS). QUEM APOSTOU ACIMA DO NEGÓCIO SABIA QUE CORRIA RISCO DE PERDER (NÃO COMPETE AO BC SOCORRER).
O BC TEM QUE GARANTIR: “Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro nacional”. EVITAR RISCO SISTÊMICO (através de socorro aos agentes financeiros).
O ERRO DO BC FOI FAZER SWAPS REVERSOS. DESFEZ INÚMEROS NEGÓCIOS EVITANDO PERDAS PARA OS BANCOS (É NECESSÁRIO, MAS ABSURDO). COMO O BC PODE REGULAR, MONITORAR E JOGAR? ISTO FOI O ABSURDO.
LM
Anônimo (17:06):
Eu ia explicar que a variação de reservas não corresponde necessariamente à atuação do BC no mercado spot, mas deixa pra lá… Você não ia entender mesmo.
“Minha proposta seria um pacote do governo de 10 a 20 bilhões de reais para cobrir as perdas dessas empresas.Seria melhor porque o BC não perderia reservas vendendo dólares.O México já perdeu 6 bilhões de dólares vendendo suas reservas para conter o cambio.”
Comprar dólares de forma alguma; receber uma grana do governo, sim. Dá para ver para quem você trabalha…
Quer uns bicoitinhos também?
Alex tenho uma dúvida, a desvalorização cambial ira ter efeito “benigno” na inflação?
Aquele estudo do Pastore que você colocou pode ser aplicado atualmente? As commodities em geral baixaram de preço (petróleo a 77 usd). Essa desvalorização cambial foi causada pela desvalorização das commodities,ou também existe outros fatores como as transações correntes?
ABS Fábio.
Alex porque a você poderia me explicar que a variação de reservas não corresponde à atuação do BC no mercado spot?
Fabio:
1) Não. Mesmo se o preço em real das commodities ficar mais ou menos estável (o que tem sido a norma até aqui), isto não é verdade para o resto dos bens comercializáveis.
2) Porque as variações das taxas internacionais de câmbio muda o valor das reservas em dólares. Mesmo sem intervenção no mecado spot as reservas podem variar.
Abs
Alex
1- Com a falencia absoluta da Islandia, um novo bichinho se acrescentou ‘a fauna do planeta: os “mikkassons”. Os primeiros exemplares foram encontrados neste fim de semana na Austria! Os bancos Raiffeisen e Erste informaram que uma quantidade nao-especificada dos bichinhos se encontra em seus cofres. O boato e’ que neste momento os conselhos de administracao dos respectivos bancos estao reunidos para decidir sobre uma mocao de mudanca de seus nomes para Tiefscheissen e Letzte. A Austria entrou in play.
2- Quem leu a coluna do Krugman no Estadao de hoje pode comprovar o que eu disse sobre sua honestidade intelectual. Ele disse que “a crise que comecou com uma bolha nos condominios da Florida e nas McMansions da California causou uma catastrofe monetaria na Islandia.”
Nao. A catastrofe financeira na Islandia foi causada por quem foi estupido o suficiente para emprestar ‘aqueles bancos uma quantidade de dinheiro que e’ uma ordem de grandeza superior ao PIB do pais, e a um governo irresponsavel que deixou sua regulacao bancaria frouxa o suficiente para que isso acontecesse.
3- A Islandia, o pais mais ambientalmente devastado sobre a Terra, tem hoje duas opcoes:
a- Se tornar mendigo.
b- Se tornar chantagista militar.
As negociacoes com os russos parecem indicar que tendem a escolher a segunda opcao.
Um grande abraco
Kleber S.
Minha proposta para as empresas que se alavancaram é dar o livro do Hull e o do Neftci de presente para elas.
http://www.amazon.com/Options-Futures-Derivatives-Derivagem-Prentice/dp/0136015867/ref=pd_sim_b_1
http://www.amazon.com/Principles-Financial-Engineering-Academic-Advanced/dp/0123735742/ref=pd_bbs_sr_1?ie=UTF8&s=books&qid=1223758878&sr=1-1
Apesar de estar mais caro comprar livros pela amazon agora, ainda sai mais barato que patrociná-las como foi proposto acima.
Abs!
SE AS RESERVAS SUBIRAM EM DÓLARES, SIGINIFICA QUE O BC ATUOU VENDENDO (NA VERDADE ATUOU COM INTENSIDADE APENAS DOIS DIAS) EM MENOR INTENSIDADE DO QUE SEUS GANHOS COM RESERVAS (CONCEITO DE CAIXA E LIQUIDEZ INTERNACIONAL). ATUAÇÃO TÍMIDA (MAIS TÍMIDA DO QUE COM AS PERDAS DOS SWAPS REVERSOS). EXCEÇÃO PARA O DIA 9.
O ESPAÇO É PEQUENO E ESPERA-SE QUE NÃO SEJA NECESSÁRIOS EXPLICAR TUDO COM DETALHES.
LM
Alex quando o BC faz venda de dólares de reservas física no spot,ele faz alguma proteção para evitar a perda dela?
ABS Fernando
Fernando:
Não. Se você vendeu um carro, você naz faz seguro dele. Mas, se você está pensando se o BC compra dólar futuro para, à frete, “travar” o valor do dólar que poderia comprar, não.
Apenas nas operações de linha é que se determina simultaneamente a taxa à que o BC vende dólares e a taxa a que recomprará “x” dias à frente.
Anônimo:
Reitero meu comentário anterior (só notando que, caso o BC venda, as reservas deveriam cair, não subir, mas já me estendi demais).
Perfeito Ihara. Ou que contratem algum consultor que saiba fazer conta, porque seus diretores financeiros não sabem (acho um tremendo projeto comercial montar esta consultoria)
Abs
Alex
Alex a desculpa do BC sempre é o cambio.O problema que o BC sempre leva a subir o juros é o cambio,o que é um empecilho para o Brasil crescer.Controle de capitais funcionaria nessas horas.
Qual o problema do governo fazer um pacote para cobrir as perdas dessas empresas? Muitas fizeram Hedge e perderam isso criou uma volitividade no mercado de cambio.
ABS
Pela regressão que fiz a perda em regime de cambio fixo com um cambio estabilizado é menor que a de cambio flutuante.BC vende dólares para conter a alta do dólar fazendo as reservas caírem.BC vende dólares no mercado a vista e perde reservas,com cambio fixo e controle de capitais as reservas ficariam constante.
Continuo a insistir que temos que fazer um pacote para salvar as empresas que fizeram Hedge e perderam,isso diminuiria a pressão sobre o cambio e evitaria a perda de dólares.
ALEX; A LEITURA DA FRASE FOI MUITO RÁPIDA (PAROU NO INÍCIO). A FRASE COMPLETA É: “SE AS RESERVAS SUBIRAM EM DÓLARES, SIGINIFICA QUE O BC ATUOU VENDENDO EM MENOR INTENSIDADE DO QUE SEUS GANHOS COM RESERVAS (CONCEITO DE CAIXA E LIQUIDEZ INTERNACIONAL).” RETIREI O () DA FRASE PARA FACILITAR A LEITURA (QUE É CONTINUAÇÃO DO TEXTO ANTERIOR). DE FATO O BC VENDEU RESERVAS TIMIDAMENTE (DOIS DIAS COM MAIS CORAGEM).
MAS NÃO QUERO MANTER POLÊMICA NEM QUIZ SER INDELICADO. SE LI O BLOG FOI POR RECONHECER SEUS CONHECIMENTOS (NÃO PERDERIA TEMPO SE FOSSE DIFERENTE). MAS CONCORDAR COM TUDO EM ECONOMIA É QUASE IMPOSSÍVEL.
Ricardo movido para o doghouse. Aproveite para conversar com o Ionathan…
Alex a quermesse deve ficar no pé do BC para ele baixar o juros.Como você convivia com a criticas que você recebia por não querer aumentar juros principalmente em 2005?
Alex uma pergunta extra:O dono da empresa que eu trabalho é judeu,teve algum feriado quinta feira? O dono simplesmente deu folga para todos os funcionários na quinta.
ABS caio
Ricardo,
sei que você não pode postar, mas pode ler. Então lê esse artigo aqui do Levy-Yerati e do Sturzenegger que saiu na AER (2003): To float or to Fix
http://200.32.4.58/~fsturzen/November_2002.pdf
Vai estudar e para de usar o stata.
Alex a partir de que o BC definiu a meta de inflação de 4,5%?
Na sua opinião não seria uma meta de inflação um pouco alta? O BC brasileiro não poderia trabalhar com metas mais baixas como 3% (3% como teto) manter a inflação na faixa de 1% a 2,5%? Em 2007 o BC perdeu uma grande oportunidade de colocar a inflação em patamares mais baixos (2%).
ABS Fernando
Alex você trabalha com economia meta matica? Aplicação de equilíbrio geral,aplicações da teoria de von Neumann-Morgenstein.
Eu iniciei iniciação cientifica em economia matemática no DP de matemática da Unicamp.Meu orientador mandou estudar esses livros de econometria.
– Econometric Analysis — by William H. Greene
– Econometric Analysis of Cross Section and Panel Data by Jeffrey M. Wooldridge
Financial Econometrics (Kindle Edition)
Peijie Wang
Bayesian Inference in Dynamic Econometric Models (Kindle Edition)
by Luc Bauwens
– Applied Econometric Time Series, 2nd Edition by Walter Enders
– Econometrics by Fumio Hayashi
– Limited-Dependent and Qualitative Variables in Econometrics (Econometric Society Monographs) by G. S. Maddala, et al (Paperback – June 27, 1986)
– Estimation and Inference in Econometrics by Russell Davidson, James G. Mackinnon
– Spatial Econometrics: Methods and Models (Studies in Operational Regional Science) —
Mathematical Economics , Jeffrey Baldani,
Advanced Mathematical Economics (Routledge Advanced Texts in Economics and Finance)
Introductory Mathematical Economics
by D. Wade Hand
Bayesian Inference in Dynamic Econometric Models (Kindle Edition)
by Luc Bauwens
Econometric Methods
by Johnston
Statistics and Econometrics: Methods and Applications Orley Ashenfelter .
The Econometrics of Sequential Trade Models: Theory and Applications Using High Frequency Data (Lecture Notes in Economics and Mathematical Systems)
Contemporary Bayesian Econometrics and Statistics (Wiley Series in Probability and Statistics, John Geweke .
Analysis of Financial Time Series (Wiley Series in Probability and Statistics)
by Ruey S. Tsay
Time Series Analysis and Its Applications: With R Examples (Springer Texts in Statistics)
by Robert H. Shumwa
Applied Econometric Time Series, 2nd Edition
Handbook for Econometric Time Series Walter Enders
Nonlinear Regression Analysis and Its Applications (Wiley Series in Probability and Statistics) (Paperback)
by Douglas M. Bates
Vc ja leu algum desses?
ABS Guilherme.
Fernando:
Quem definie a meta não é o BC, mas sim o Conselho Monetário Nacional (CMN), ou seja, em última análise, o Presidente.
Dada a meta, o BC tem que buscá-la. Por este motivo não se pode dizer que em 2007 o BC tenha perdido a oportunidade de entregar uma inflação mais baixa. Pelo Decreto 3088/99 (que regula o regime de metas), o BC tem que perseguir a meta do CMN.
Abs
Alex
Guiilherme:
Isto é bem mais econometria, área pela qual nunca nutri muita afeição (nem ela por mim, diga-se). Usei o Greene e o Enders, que me lembre.
Em matemática mesmo foi o Intriligator (otimização), Peter Lambert (mas não conheço ninguém mais que usou) e, é claro, o onipresente Alpha Chiang.
Abs
A
Alex isso eu acho ruim até para o BC,não acredita que seria melhor o BC ter garantir a meta de inflação?
O BC Brasileiro é subordinado ao executivo,ele deveria ser independente quanto a meta de inflação.Aqui no Chile se não me falha a memória o BC é independente do governo para definir a inflação.
Caro Gilherme,
O seu orientador estah lhe fazendo um grande desservico ao recomendar esta lista de leitura gigantesca, sem conexao nenhuma a um projeto especifico ou um objetivo pratico. Aposto que seu orientador nao entende metade da literatura que ele lhe passou. Infelizmente, esse tipo de picaretagem eh a cara da academia brasileira. Muita pose, conteudo zero.
“O”
Alex, é muito bom estes posts, verdadeiras aulas para este economista perdido aqui no interior da selva. Acredito que um pouco mais de paciência, um forte apoio ao Meirelles e que ninguém tenha idéia de empacotar algo, vejo uma luz no final do túnel. E não é a do trem.
Abrçao, João Melo
Discordo Fernando. Acho bom que a escolha da meta seja mesmo do executivo afinal de contas sempre haverá alguém por lá com, pelo menos, metade mais um dos votos). A autonomia do BC deve dizer respeito ao meios de atingir a meta, mais do que sua definição. E, neste quesito, estamos bem.
Isto dito, eu bem que preferiria uma meta mais baixa, mas, ao final das contas, a escolha da meta fora do BC mais o protege que prejudica sua independência.
João:
Valeu.
Abs
Alex
Alex eu andei fuçando alguns artigos,professores da PUC fazem bastantes pesquisas com econometria. Afonso Bevilaqua trabalha bastante com econometria pelo que vê em seus artigos acadêmicos.
ABS guilherme
“O” Minha areá de pesquisa vai ser a aplicação de analise de regressão não linear para precificação de inflação.
Guilherme:
Sim, mas você há de aprender (espero) a diferença entre ser usuário de econometria e ser econometrista. O Afonso é usuário (muito bom, diga-se), mas não é econometrista. Há gente que se especializa não apenas em usar os métodos, mas propor novos métodos, novos testes, etc.
A lista que seu orientador deu não é para usuário, mas para um econometrista. Francamente, não me parece sequer apropriada para graduação (veja lá o que o “O” escreveu), mas não vou meter o bedelho no que não me diz respeito.
P.S.
Acho que um aluno que saia da graduação com o Chiang bem estudado tem tudo para ser um excepcional aluno de pós, ainda mais a vesão mais recente, que traz otimização intertemporal.
Alex de fato reconheço que não é,mas aqui na Unicamp no DP de matemática eu paguei algumas cadeiras que são ofertadas.Inferências estatística ,analise de regressão,Series temporais e métodos econométricos.
Alex eu discordo de você quanto ao presidente/executivo definir a meta de inflação.O melhor seria o BC porque existem pessoas preparadas para isso.O executivo não tem pessoas com conhecimento profundo sobre economia,quanto as pessoas que estão no BC.
Aqui no Chile se eu não me engano o BC é “livre” para definir a inflação,(apesar de ter errado).Garanto que você como ex diretor do BC e outros membros se definissem a meta de inflação saberia qual seria a dosagem certa.Se o presidente quiser uma meta de inflação de 8% o BC vai ser obrigado a cumprir essa meta,coisa que não concordo.
ABS Fernando.
Qual do destino do financiamento imobiliário brasileiro com esta crise? O fato dele ser custeado com a poupança e o FGTS ameniza a situação?
Guilherme,
O Alex tem razão. Eu faço mestrado em economia da PUC, um dos meus campos é econometria e esses livros são de pós e é quase toda a a literatura sobre econometria. Se quiser lê-los boa sorte, são excelentes, mas vão dar muito trabalho. Se quiser diminuir sua lista fique com o Wooldridge para dados em corte, mas o que você quer mesmo é o Hamilton: Time Series.
Para fazer ANPEC esses livros são muito, muito além do necessário.
Boa sorte
Alex, valeu por responder os comentários. Mas devo discordar que o choque no câmbio associado a preço de commodities despencando é claramente inflacionário (a discordância é com o claramente). Se o aumento dos preços de commodities fizeram o IPCA cheio disparar, então é normal que o IPCA fique mais baixo. Depois se o efeito da alta das commodities aprecia o real, mas com um efeito apenas marginalmente deflacionário, é de se esperar que o efeito da queda dos preços seja só marginalmente inflacionário. Quanto a demanda agregada, não se sabe por quanto tempo permanecerá tão aquecida (e é de se surpreender que a demanda tão aquecida produziu um aumento tão modesto na taxa de inflação).
Mudando de assunto, o Krugman acaba de ganhar o Nobel.
olá alex!
será que estamos frente a uma demonstração da teoria de Schumpeter?
[ ]’s
joão carlos
-OFF TOPIC-
Acabei de saber da premiação do Nobel de Economia para Paul Krugman. Mais um efeito da crise? Não discuto que ele tem méritos para receber esse prêmio, mas se o prêmio foi dado com ênfase no tragalho de comércio, então tinha que ser dividido o prêmio com o Grossman e o Helpman.
Guilherme, um bom jeito de se informar sobre a bibliografia relevante para qualquer área do conhecimento é a internet: descubra quais são as melhores universidades que ensinam um determinado assunto, vá até a página delas e veja o que os caras estudam lá. As universidades inglesas costumam dar explicações sobre os cursos mais abrangentes que as americanas.
Asmodeu
Krugman levou o Nobel de 2008.. na matéria: “Um crítico do liberalismo”…
http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/10/13/ult4294u1739.jhtm
abraços
Alex o que você acha do Krugman como nobel de economia desse ano?
barbudo safado levou o nobel… quem diria
k.
“”O” Minha areá de pesquisa vai ser a aplicação de analise de regressão não linear para precificação de inflação.”
Caro Gilherme,
Para falar a verdade, nao tenho a minima ideia do que seja “precificacao de inflacao”, portanto nao tenho como comentar o objetivo de sua pesquisa.
Agora um ponto mais geral. Existem varios pecados na academia brasileira de economia e voce pode se tornar um melhor economista se evita-los.
(1) Economista que usa modelo econometrico complicado soh porque aprendeu a usar o comando no STATA que executa tal modelo. Muito comum. Eh um atalho facil para se escrever um artigos com palavras impressionantes (modelos nao lineares etc) e se esquecer completamente da intuicao economica. Sempre quando eu tenho que dar parecer em algum artigo com esse vicio, uma crueldade sadica toma conta de minha mente.
(2) Economista que reproduz algum teste da literatura americana, sem adapta-lo para a realidade ou instituicoes brasileiras. Voce nem imagina quantos artigos desse tipo aparecem. Este tipo de pecado eh altamente disseminado por ser tao facil de se cometer.
“O”
Mais tarde escrevo sobre outros pecados…
Guilherme,
concordo totalmente com o “O”.
Eu também não sei o que é precificação de inflação.
Alex,
Ontem na aula de Keynes na faculdade, estamos discutindo a política do BC e refletimos:
Seria melhor inibir o consumo para não “termos” inflação e diminuir o consumo, gerando assim uma queda na demanda agregada? Ou estimular o consumo, mesmo com um pouco de inflação, mas gerando renda, emprego e etc?
Eu, como aluno, preferia estimular o consumo e continuar o crescimento economico, mesmo com um pouco de inflação, mas não gerando desemprego e crise.
Acho que pesou isso para o BC ontem, a partir do momento em que ele parou de aumentar a SELIC, não querendo inibir o consumo neste momento.
Gostaria de saber de vc, se estou certo ou errado neste meu pensamento, e claro, o seu pensamento 🙂
Abs.
LUCAS MORENO