Muito além do jardim
Para entender este fato requer-se um breve exame do perfil das exportações nacionais. Tomemos dois grupos relevantes: as grandes economias (GEs) – EUA, União Européia, China e Japão – e a América Latina (AL). O primeiro grupo (38% do comércio global) responde por quase metade de nossas exportações, enquanto o segundo representa fração importante, mas menor, em torno de 22%.
Isto dito, há distinções radicais de composição nas exportações para cada grupo. No caso das GEs, metade das exportações consiste de produtos primários, enquanto manufaturados são cerca de 35%. Esta média, entretanto, encobre grandes diferenças: as exportações para a China são essencialmente de primários (80%); para os EUA, porém, exportamos majoritariamente manufaturados (61%). Já no que se refere à AL nada menos do que 85% das exportações são de bens manufaturados, proporção esta que pouco se altera para cada país da região.
Assim, ainda que as exportações para a AL sejam menos da metade das vendas para as GEs, no que tange aos manufaturados sua relevância é praticamente igual. Cada grupo representa pouco menos de 40% dessas exportações.
Como se sabe, no entanto, o desempenho das importações desses grupos é bastante distinto. No caso das GEs, apesar da forte queda desde o terceiro trimestre do ano passado, já se observa modesto aumento na margem, resultado que deriva essencialmente do crescimento chinês, cujas importações sobem desde o começo do ano. Na AL, todavia, os sintomas de crescimento ainda não apareceram, embora haja sinais muito incipientes no terceiro trimestre.
Dado que as exportações brasileiras seguem as importações de seus parceiros (a rigor uma aproximação, pois a participação do Brasil tem, na verdade, crescido), a mudança do perfil não chega a surpreender. As exportações de primários têm um desempenho melhor que manufaturados porque as importações chinesas crescem, ao contrário do que ocorre com as importações de nossos principais clientes de manufaturados, a AL e os EUA.
Há, contudo, um dado alentador. Preços de commodities, fortemente correlacionados com preços de exportação (e termos de troca) latino-americanos têm subido, um fenômeno que leva à recuperação das exportações e, portanto, importações da região com defasagem ao redor de um trimestre. É razoável, pois, esperar que nossos vizinhos sigam, em grau e velocidade variados, uma trajetória de recuperação semelhante à nossa, com implicações positivas para as exportações de manufaturados.
Quem não entender esta dinâmica continuará acreditando tanto em Papai Noel como na “doença holandesa”.
Fontes: Bloomberg e elaboração do autor
Países como Austrália e Nova Zelandia são exptadores de commodities e nem por são países "pobres".
Segundo Doença Holandesa nunca existiu.
Cadê a explicação de vantagem comparativa (um parágrafo, sem copiar)?
Segue para os leitores amigos deste blog um "paper" seminal sobre a "doença holandesa":
http://www.bresserpereira.org.br/papers/2007/07.26.Doen%C3%A7aHolandesa.15dezembro.pdf
abs
Rogério Ceni
A Teoria da vantagem comparativa mostra porque o comércio entre países, regiões indivíduos sempre é pode ser benéfico.Mesmo quando um desses países tem um maior nível de produtividade. O mais importante não é o custo de produção, mas sim o nível de produtividade que cada país possui.
"O mais importante não é o custo de produção, mas sim o nível de produtividade que cada país possui."
Errado! Por que não me sinto surpreso?
Huummmm,
parece que alguns ortodoxos frequentes nesse blog estão abandonando o barco, vide declarações do O. Ainda acreditam em politicas dadas pela regra de Taylor?
Esse blog me diverte.
Lucrécio.
Olá Alex.
Parece que, no momento, a "doença" é latina mesmo: crescimento anêmico. Apesar disso, anuncia-se mais uma "anti reforma tributária" com aumento de impostos em geral e subsídios aos "cumpanheiros" (sem correria, sem pânico…).
Sobre o paper "seminal"
"Entretanto, como Keynes e Kalecki demonstraram de forma clássica, a demanda não é automaticamente criada pela oferta, de forma que pode se constituir em obstáculo essencial ao crescimento econômico."
Alguém consegue me dizer o que pode se constituir em obstáculo ao crescimento? A demanda? A oferta? A demonstração de Keynes e Kalecki?
Folha de S. Paulo, hoje, 17 set: Palvras do presidente Lula:
"Embora tenha ocorrido modernização do setor, do ponto de vista quantitativo produzimos por ano 35 milhões de toneladas [de aço], e a China, 545 milhões. O mais grave é que parte dessa produção da China é [feita] com nosso minério."
Pergunto ao senhor:
1- Esses números estão certos?
2- Vale a pena olhar para o passado à busca das razões pelas quais o Brasil não implementou uma industrialização do porte da China?
3- Há ainda espaço (e tempo)para se fazer alguma coisa?
Em termos econômicos o senhor é sempre ótimo. No entanto, seus últimos artigos deixam muito a desejar no quesito literário comparativamente com outros artigos extremamente bem escritos, com desfechos hilários.
Abraços
"Esse blog me diverte.
Lucrécio."
A Poliana voltou pedindo para apanhar. Deve estar sentindo falta das lambadas.
"No entanto, seus últimos artigos deixam muito a desejar no quesito literário comparativamente com outros artigos extremamente bem escritos, com desfechos hilários."
Tentarei melhorar.
É praticamente um milagre um economista saber escrerver bem.
"É praticamente um milagre um economista saber escrerver bem."
Acho que não chega a tanto: o Delfim escreve muito bem, o Simonsen escrevia com qualidade, o Pérsio é bom. Tem muita gente que sabe.
A Poliana voltou pedindo para apanhar. Deve estar sentindo falta das lambadas.
será q eu consigo apanhar tanto qto o Krugman? ele tem feito um belo papel de idiota
"será q eu consigo apanhar tanto qto o Krugman?"
Não precisava confessar suas preferências. Nós já sabíamos…
Tanto quanto o Krugman?
You wish… Hehehe
Mas que otário.
Bresser prof. Emérito no Valor Econômico de hoje (18/09/2009):
"Bresser considera "uma grande bobagem" acreditar que o país pode crescer a taxas robustas com base apenas no mercado interno e na exportação de commodities. É fundamental apostar também na exportações de produtos manufaturados, que têm maior valor agregado e geram empregos de melhor qualidade, diz ele. Para o ex-ministro, o principal problema do país é o nível da taxa de câmbio, cuja trajetória de apreciação prejudica a competitividade de exportadores e de quem compete com produtos importados no mercado interno.
Ele defende o controle de capitais como instrumento para impedir a apreciação exagerada do câmbio, causada pela entrada de dólares provenientes das vendas de produtos como minério de ferro e soja e pelo dinheiro que entra no país pela conta de capitais. Taxar as vendas externas de algumas commodities também seria recomendável, diz ele, para quem os exportadores desses produtos não perdem com a medida, porque compensados pelo dólar mais caro. "
E continua:
"No caso das propostas do governo para a exploração do petróleo na camada pré-sal, Bresser diz que o governo está no caminho certo. Segundo ele, Lula parece ter entendido a importância de neutralizar a "doença holandesa" (fenômeno pelo qual as receitas de exportações de produtos primários valorizam excessivamente o câmbio, prejudicando a indústria manufatureira). Bresser gosta da ideia da adoção do regime de partilha – em vez do sistema de concessão – para explorar o petróleo, e elogia a iniciativa de criar um fundo soberano para receber os recursos. Com isso, deve ser possível evitar uma inundação de dólares, que acentuaria a tendência de apreciação do câmbio que já existe. "
Isso me leva a duas conclusões:
1) Só no Brasil alguém pode ser prof. de Economia sem saber Economia… Quando digo saber Economia, estou me referindo ao nível "Introdução à Economia" (livro do Mankiw, por exemplo…)
2)Depois dessa declaração, é possível ter certeza de que o modelo de concessão é superior ao de partilha….É uma espécie de "indicador antecedente"…o Bresser fala uma coisa e o certo, evidentemente, é o contrário…
abs
Rogério Ceni
(rumo ao primeiro lugar)
Caramba! Confesso que não entendi o comentário do Bresser. Se o exportador tem os custos em reais, como ele pode ser compensado com o dólar baixo?!?! E ele quer taxar para brecar as exportações?!?
Se alguém puder explicar a esse engenheiro…
"Doença holandesa, (ou Dutch disease) é um conceito econômico que tenta explicar a aparente relação entre a exploração de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro. A teoria prega que um aumento de receita decorrente da exportação de recursos naturais irá desindustrializar uma nação devido à valorização cambial, que torna o setor manufatureiro menos competitivo aos produtos externos."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_holandesa
Não aprendeu a lição?
Lucrécio
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_holandesa
Não aprendeu a lição?"
Nossa! Você copiou sozinha ou pediu pra sua mãe te ajudar?
Vamos falar de "desindustrialização":
http://maovisivel.blogspot.com/2009/08/uma-tese-com-substancias.html
Quando tiver alguma evidência que mostre que a correspondência deste tese com os fatos não varie do tênue ao inexistente conversamos.
E os dados não te mostram nada? O fato dos números mostrarem das exportações de produtos primário superar a de produtos manufatorados ja é um sinal de doença holandesa.
Lucrécio
Não existe relação direta entre o CRB e os preços das commodities exportadas pelo Brasil.
Os preços das exportações brasileiras são endogenos.
"E os dados não te mostram nada? O fato dos números mostrarem das exportações de produtos primário superar a de produtos manufatorados ja é um sinal de doença holandesa."
Ai, ai, ai. Quando vejo um analfabeto meu coraçao se enche de dor.
Sabe ler? Então leia o post e aprenda.
"Não existe relação direta entre o CRB e os preços das commodities exportadas pelo Brasil.
Os preços das exportações brasileiras são endogenos."
A correlação desde 1977 é só de 88%. E a composição do CRB tem muito pouco a ver com as exportações brasileiras (é sucata de chumbo, zinco, gordura animal, tecido para sacaria, etc), o que mostra que a causalidade corre do CRB para os preços de exportação.
Se analfabetismo me dá dó, a luta inglória contra os dados me inspira piedade.
Paul Krugman pediu para apanhar e atenderam o pedido várias vezes:
http://www.huffingtonpost.com/david-k-levine/an-open-letter-to-paul-kr_b_289768.html
O problema dele é que é muito moderado. Vai acabar virando um Stiglitz, um doido velho falando sobre coisas pelas quais não foi reconhecido como grande economista. Aliás, as pessoas já começaram a não levar muito a sério as bobagens que ele diz sobre macro.
A ameaça de incursão dele pelo pensamento Minskyano era promissora, quem sabe ele volta a essas ideias?
Lucrécio
Olha, apesar de postar o comentário neste post específico, me sinto obrigado a dizer que o comentário vale pelo blog todo: se houvesse uma versão impressa, certamente abriria mão do papel higiênico e o levaria comigo ao banheiro. Parabéns pela pseudo-ciência neo-fascista! Rumo ao holocausto social!
"se houvesse uma versão impressa, certamente abriria mão do papel higiênico e o levaria comigo ao banheiro"
Entendi: você não quer só no sentido metafórico. Precisa sentir lá onde gosta…
Alex,
acho que a pergunta mais pertinente é: ainda que os dados mostrassem que a maior parte das exportações foi de produtos primários, qual seria o problema?
abs
Nenhum Tiago. A Nova Zelândia e a Austrália vão muito bem, obrigado.
Isto dito, como o debate é sobre "desindustrialização" (que, como você sabe, eu acredito ser uma cretinice), acho importante ilustrar o que, de fato, ocorre.
Abs
Alex
CareQUINHA OLHA A PROVA QUE INFLAÇÃO GERA CRESCIMENTO.
9.22 7.16 10.53 12.31 2.28 0.41 16.23 11.80 8.38 11.62
Inflation 8.89 7.65 9.22 14.28 11.70 4.66 9.60 3.73 7.99 17.64
10.34 9.39 2.98 5.92 9.91 0.72 11.04 13.41 8.44 2.22
Inflation 15.49 10.26 11.11 10.00 8.59 3.49 3.60 5.64 7.80 10.29
http://en.wikipedia.org/wiki/Economy_of_Hong_Kong
satisfeito?
"satisfeito?"
Muito. Eu achava que você era um exemplo acabado de imbecil que não fazia ideia do que estava falando.
Este seu comentário provou que estou certo…
Sério. Por que você não tenta uma carreira em culinária ou zeladoria?
P.S.
A propósito: os números não mostram o que você diz, fato que só reforça minha convicção anterior, mas remove culinária das suas opções.
Quando a inflação aumentou houve um periodo maior de crescimento.Países emergentes tem uma pressão de demanda maior que a dos países desenvolvidos,é natural que a inflação seja maior.
Bernanke optou em 2008 por baixar o juro e aceitar uma inflação mais alta por causa da crise bancária.Ele poderia muito bem ter subido o juro para deixar a inflação abaixo dos 5% registrado em julho (o que pioraria a crise bancária).
Lucrécio
"Países emergentes tem uma pressão de demanda maior que a dos países desenvolvidos,é natural que a inflação seja maior."
E a oferta não cresce mais porque?
Esquece, você não dá nem para zelador. Quem sabe assistente de faixineiro?
Inflação é oferta futura.
Lucrécio
"Inflação é oferta futura."
deve ser por este motivo que Zimbabwe é a economia que mais cresce.
Esqueça a assistência de faxineiro. Talvez como auxiliar de mendigo você consiga alguma coisa.