O sonho de Odisseu
A crise recente na Argentina serviu de pretexto para a abertura da temporada de disparates de 2010. É bem verdade que a criação de bobagens jamais respeitou o calendário gregoriano, mas desta vez seu escopo foi substantivamente alargado: deixamos o domínio da economia para adentrarmos, com tração nas quatro, no pantanoso terreno da democracia.
Recapitulando, o governo argentino ordenou ao Banco Central (BCRA) que transferisse cerca de US$ 6 bilhões de suas reservas para um fundo destinado ao pagamento da dívida. O presidente do BCRA, Martín Redrado, recusou-se, baseado na legislação vigente, que assegura que as reservas só podem ser utilizadas para pagamento de obrigações do próprio BCRA. (Aliás, este argumento – que os dólares do BCRA pertencem a ele, e não ao Tesouro argentino – é o que impede credores de sequestrarem as reservas para pagamento das dívidas em default).
Devido à recusa de Redrado, o governo o demitiu, embora a lei argentina estabeleça que o presidente do BCRA só possa ser demitido pelo Congresso. Baseado nisto Redrado conseguiu, num mandado de segurança, ordem que o mantém no cargo, deixando o BCRA na curiosa situação de possuir dois presidentes (se cada um pudesse ficar com a responsabilidade por só metade da inflação, até que não seria tão ruim*).
Estes são os fatos. Passemos às tolices.
Há quem reconheça que as regras existem e foram descumpridas pelo governo argentino, mas argumenta que regras “ilegítimas” não devem ser observadas. Simultaneamente, porém, assegura que “insubordinação se pune”, postura esquizofrênica, pois prega a obediência a uma decisão que desobedece a lei.
Leis existem, entre outras coisas, para limitar o poder do soberano. Não é difícil imaginar o que cada governante (ou cada indivíduo) faria se os limites da lei pudessem ser violados com base no que cada um considera “legítimo”. Duvido, por exemplo, que o autor do argumento tenha apoiado a decisão do governo Bush de manter prisioneiros em Guantánamo, ainda que os formuladores da “guerra ao terrorismo” achassem seus motivos e, logo, suas ações perfeitamente “legítimos”, apesar de sabidamente ilegais. Acredito também que não endosse a ação dos que acham “legítimo” assassinar médicos que praticam o aborto nos EUA.
Outros clamam que a medida não violaria a independência do BC porque esta diria respeito somente à política monetária, quando o caso se refere à política fiscal. Não veem (ou fingem não ver) que esta linha de argumentação limitaria qualquer ação do BCRA que tenha efeitos fiscais. Uma elevação de taxa de juros, por exemplo, poderia ser questionada com base na mesma lógica.
Defendem ainda que o princípio da independência plena dos bancos centrais seria “antidemocrático”, embora todas as grandes democracias deste lado da galáxia adotem nada menos que a independência plena dos bancos centrais (e, não, o Federal Reserve não tem uma “independência razoável” como o BC brasileiro: seus diretores têm mandatos fixos e escolhem sua própria meta de inflação).
Este arranjo não surgiu por acaso. Da mesma forma que a lei limita o poder do soberano, BCs independentes foram criados exatamente para evitar que um bem público, a estabilidade de preços, pudesse ser ameaçada pelas conveniências políticas do príncipe. Democracias descobriram que certas amarras autoimpostas são cruciais para prevenir que o canto das sereias produza resultados que lhes causem danos às vezes irreparáveis, mas parece haver quem ainda não tenha amadurecido o suficiente para compreender isso.
* Devo esta observação a meus colegas Juan Pablo Cabrera e Rodrigo Park
(Publicado 20/Jan/2010)
O atual presidente do BC argentino segue uma linha "ortodoxa"?
Who cares?
"BCs independentes foram criados exatamente para evitar que um bem público, a estabilidade de preços, pudesse ser ameaçada pelas conveniências políticas do príncipe."
Quem conhece a história dos bancos centrais sabe que a questão não tem nada a ver com estabilidade de preços.
A briga sempre foi por privilégios no processo de emissão de moeda. E isso se arrastava desde o séc. XVIII, ao menos.
Então criou-se essa dicotomia Tesouro-Bacen, onde os bancos entram como "dealers" ganhando na intermediação entre a captação de recursos pelo Tesouro e a monetização – que poderia ser feita diretamente – por parte do Banco Central.
E os banqueiros acabaram ganhando na Inglaterra e nos EUA (1913) e depois no resto do mundo.
"Quem conhece a história dos bancos centrais sabe que a questão não tem nada a ver com estabilidade de preços."
Quem sabe ler teria notado que eu me referi à independência dos BCs, não à sua criação. O BoE, por exemplo, só se tornou independente em 1997.
Alex,
Comentar partida de futebol depois do término fica fácil, mas em sua opinião, onde o Greenspan errou? Se é que ele errou(muitos esquecem o estouro da bolha das .com, 11/09 e etc). Se vc tivesse que escolher o "the Best", quem foi?
Abs
"O BoE, por exemplo, só se tornou independente em 1997."
Eu me referi à criação de bancos centrais independentes, tal qual aludida por você.
O BoE era propriedade privada até 1946, quando foi nacionalizado. Se isso não é ser independente então é melhor redefinir a palavra nos dicionários.
Na verdade o primeiro BACEN criado foi o sueco, sendo controlado pelo parlamento. E talvez tenha sido o único que tenha surgido exclusivamente com base num propósito honesto.
Ainda me impressiono como nego nao tem nenhum apego ao cumprimento de contratos.
Os caras ignoram que quando a "soberana" se candidatou e, sendo a preferida pelos eleitores, tomou posse, as regras já estavam estabelecidas com ciência de todos. Se eles acham que democracia é conceder a um suserano poderes irrestritos , para que eleições gerais? Aguarde-se um sinal divino e que seja nomeado o déspota.
Nego relativiza tudo.
Ah, alguém aí concorda que a Argentina saiu(?) muito bem da crise de 2001, como afirma um dos signatários (aliás muito citado por aqui)?
Também, Clóvis e Bresser é dose pra leão…
"O BoE era propriedade privada até 1946, quando foi nacionalizado. Se isso não é ser independente então é melhor redefinir a palavra nos dicionários."
Como desconfiava, trata-se mesmo de analfabetismo. Veja quem escolhia o presidente do BoE e se ele tinha mandato, ou podia ser demissível "ad nutum". Aí conversamos.
""The Bank of England (formally the Governor and Company of the Bank of England) is, despite its name, the central bank of the whole of the United Kingdom and is the model on which most modern, large central banks have been based. It was established in 1694 to act as the English Government's banker, and to this day it still acts as the banker for the UK Government. The Bank was privately owned and operated from its foundation in 1694 until it was nationalized in 1946. In 1997 it became an independent public organisation, wholly-owned by Government, with independence in setting monetary policy."
http://en.wikipedia.org/wiki/Bank_of_England
"Independent", as one can see, being different from "privately owned".
"Se vc tivesse que escolher o "the Best", quem foi?"
Paul Volcker. Aliás, eu disse isto numa entrevista ao Valor Econômico há uns dois anos.
"Como desconfiava, trata-se mesmo de analfabetismo"
Resta saber de quem…
"Veja quem escolhia o presidente do BoE"
Antes de 1946 ? Aguardo detalhes, principalmente com referência aos sécs. XVIII e XIX !!
How on earth can something be "privately owned and operated" without being effectively independent ?
"Na verdade o primeiro BACEN criado foi o sueco, sendo controlado pelo parlamento. E talvez tenha sido o único que tenha surgido exclusivamente com base num propósito honesto."
Por favor, defina propósito honesto.
Há quem confunda democracia com monarquia eletiva.
Estando a presidenta subordinada às leis, não deveria ela ser punida por insubordinação?
Careca o que vc fez para Nassif e Oreiro pararem de lhe chapuletar?
Lucrécio
"How on earth can something be "privately owned and operated" without being effectively independent ?"
Estude e verá. Mas precisa superar o analfabetismo primeiro?
"Careca o que vc fez para Nassif e Oreiro pararem de lhe chapuletar?"
Careca, chapuleta… Parece que alguém anda a perigo.
Sei lá. Medo?
Segundo a lógica duvidosa do Clóvis Rossi, para se evitar a anarquia deve-se desobedecer as leis!
Isso, claro, se estiver a favor da ideologia dele (do CR). Caso contrário, cana no sujeito!
Pelo menos com o Bresser Haldol e camisa de força resolvem.
"Por favor, defina propósito honesto."
Assegurar ao Estado o monopólio da emissão de moeda, não o deixando ao arbítrio do monarca, mas também sem delegá-lo a particulares.
O Banco Central da Suécia só se tornou "independente" em 1999, só que lá, naquele terrível welfare state Nórdico, com uma taxa de poupança das famílias de cerca de 8%, a taxa de remuneração dos depósitos dos bancos junto ao BACEN é (pasme !!) negativa.
Nada perto dos nossos 8.75%-indo-para-11%.
"Estude e verá. Mas precisa superar o analfabetismo primeiro?"
Hahaha
O pior é que você deixa umas brechas enormes ("o" analfabetismo ?), mas tudo bem.
E mais incrível ainda, o Banco da Inglaterra até 1946 era com-ple-ta-men-te privado mesmo. Nem eu mesmo acreditaria nisso antes de pesquisar. Não havia interferência do Governo na sua direção.
Tinha uma carta de privilégio que em 1844 foi cosmeticamente modificada para "limitar" a emissão de libras pelo BoE e ao mesmo tempo concedia monopólio total dessa mesma emissão à instituição.
O último "governor" do Banco da Inglaterra antes da nacionalização, por uns vinte anos, foi um tal de Montagu Norman, de família de banqueiros, recentemente homenageado numa coluna do Paul Krugman.
"O último "governor" do Banco da Inglaterra antes da nacionalização, por uns vinte anos, foi um tal de Montagu Norman"
Continue estudando. Aí você descobrirá que houve mais de 100 anos antes do Norman em que as coisas eram bem diferentes.
"O BoE era propriedade privada até 1946, quando foi nacionalizado. Se isso não é ser independente então é melhor redefinir a palavra nos dicionários."
Só um minuto: tornar-se pública torna a instituição independente? Ser público é o mesmo que ser independente? Pois deixemos tudo nas mãos do governo, que invariavelmente visa ao bem de todos, não?
Falando em Montagu Norman, alguém aí leu "Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World"??
Comprei, mas ainda não recebi.
abs, lucas.
alguém aí leu "Lords of Finance: The Bankers Who Broke the World"?
Eu li. Muito bom. Uma visão equilibrada do papel dos BCs no período da Primeira Guerra até a Grande Depressão.
A discussão sobre o retorno ao padrão-ouro na Inglaterra é reveladora. O que eu não sabia é quão perto o Churchill teria chegado de entender o que estava por trás do processo. O "Economic Consequences of Mr. Churchill" dá a entender que ele nunca tinha dominado o assunto, mas ele chegou muito próximo.
Muito interessante também o papel do Benjamin Strong (que me fez finalmente entender a afirmação do Barry Einchengreen sobre o que teria ocorrido se o Strong não tivesse morrido pouco antes da crise bancária).
Mas não vou estragar sua leitura Lucas. Depois você nos diz o que achou.
Caro Alex
Venho ao blog e aprendo bastante com os posts e com os comentários.
O Banco da Inglaterra surge no contexto das revoluções inglesas do século XVII. A Revolução Gloriosa de 1688 finalmente circunscreveu as disputas políticas (guerras civis) ao âmbito Parlamentar, estabelecendo assim a condição para o sucesso da expansão e da supremacia inglesas conquistadas no transcorrer do séc. XVIII.
1688 marca a supremacia da representação parlamentar sobre a coroa. Depois da deposição de Jaime II, os novos monarcas são obrigados a jurar a Bill of Rights de 1689 (a Carta está disponível na internet. Ela oferece um parâmetro para o quanto de pensamento absolutista que ainda persiste em nuestra latinoamerica). Depois de 1689, os novos monarcas devem a sua posição não mais a Deus, mas aos representantes do povo no Parlamento. Isto é, a Bill of Rights expressa com todas as letras que “o cidadão quando vota está contratando um funcionário”.
O que sei
Até a criação do Banco da Inglaterra, predominavam bancos municipais, que tinham como modelo as instituições financeiras do norte da Itália. O primeiro foi o Banco de Amsterdam (1609). Vieram depois os de Hamburgo (1619), Rotterdam (1635) e Estocolmo (1656).
O Banco de Amsterdam centralizou o câmbio e emitiu moeda própria. Ao longo do século XVII, Amsterdam introduz algumas novidades (aceita depósito em metal precioso e emite recibos negociáveis com base nesses depósitos), mas não é o que poderíamos conceituar como banco público.
O modelo de banco público foi o Banco de Inglaterra, fundado em 1694, durante a guerra contra os Habsburgo (contra Luis XIV). Surge como uma sociedade anônima que subscreveu um empréstimo de longo prazo ao Estado e garantido pelo Parlamento. Assim, permitiu-se emitir papeis em quantidade de valor igual ao empréstimo subscrito.
O Banco evitava o envio de moeda para o exterior mediante um vantajoso o giro de letras de cambio em Amsterdam. Enfim, negociar os papeis do Banco da Inglaterra era um bom negócio. Embora de valor alto, o que restringia o acesso aos grandes negociantes, esse movimento teve um indiscutível efeito dinamizador na economia.
O sucesso foi tanto que outros países imitam a Inglaterra: Banco Real da Escócia (1727); Banco de Copenhague (1736); Banco da Prússia (1765); Banco de Moscou e São Petersburgo (1769); Banco de São Carlos na Espanha (1782).
Salvo Espanha e da Rússia, que emitiram além das reservas, provocando inflação e quebras, os papeis endossados por depósitos em metal cumpriram um papel positivo para as economias nacionais.
O caso da França é distinto e famoso pela invenção das “maquinas de emitir dinheiro” e das “fabricas bolhas”. Criou-se o Banque Royale em 1716 para salvar a França do caos financeiro após a morte de Luis XIV. O banco emitia papeis lastreados por ações da monopolista Compagnie des Indes e pela La Ferme générale des impôts. Deu-se a sobreemissão e a consequente especulação com os papeis do Banque Royale (bolha francesa).
Mas a bolha francesa logo estourou. Uma divisão de baixos dividendos pela Compagnie des Indes (1720) foi seguida de uma venda massiva de ações. Ao que parece, os investidores correram para colocar seu dinheiro primeiro nas bolhas de Londres e depois nas de Amsterdam. Dado o momentâneo sucesso francês, banqueiros ingleses e holandeses imitaram (como se vê, o script do filme é antigo…) o modelo francês de lastrear emissões com base em ações de Cias dos mares do sul.
Encurtando a história, o Banque Royale fechou em 1720 (?) e o trauma fez com que na França somente se visse a criação de um Banco Central no início do séc. XIX. Nos anos 30 do séc. XVIII os portadores de títulos da dívida inglesa não acreditavam que receberiam o principal. Muita gente arruinou-se ao mergulhar nesses movimentos borbulhantes. Mas a consequência mais importante foi a mudança de atitude dos governos posteriores sobre a dívida pública.
Aqui ainda engatinhamos nesse aprendizado.
NELSON BARBOSA ATACA NOVAMENTE:
http://www.joserobertoafonso.ecn.br/Site/aspx/AcervoPessoal.aspx?Tip=4
merece um comnetário, hein "O"!
abraço
Alex, Alex!
Dia histórico para o pensamento econômico tupiniquim, o Paulo Batista reconheceu na coluna da Folha de hoje que a melhor solução para se evitar a contínua apreciação do Real é "apertar a política fiscal"!
Não é pouca coisa o Paulo reconhecer isso, talvez haja esperança para o Bresser, Nakano e demais quermesseiros!
Sds,
Ed
"Aí você descobrirá que houve mais de 100 anos antes do Norman em que as coisas eram bem diferentes."
Eu já conheço as histórias do Dickens. Também conheço a história de quem lucrou com as Guerras Napoleônicas, a Guerra da Criméia, a Independência dos EUA, etc, etc, etc…
"O modelo de banco público foi o Banco de Inglaterra, fundado em 1694"
Público aí é no sentido de sociedade anônima, não no sentido de estatal. Provavelmente você está transpondo a definição em inglês para o português ao pé da letra.
O Banco da Inglaterra era um banco privado, constituído sob a forma de sociedade anônima, que tinha uma concessão estatal, assim como hoje várias empresas privadas detém concessões de administração de rodovias, serviços de telecomunicações, etc, etc.
Alex, vc poderia colocar na barra lateral uma área para os "comentários recentes", pq aí facilitaria para nós acompanharmos o blog!
Valeu.
Pois é… se deixarem o paulo nogueira mais uns 10 anos no FMI pode ser que ele acabe aprendendo… ele até acertou alguma coisa : "Restringir gastos e desativar gradualmente a política fiscal anticíclica de 2009 seria uma forma de diminuir o crescimento da demanda sem acentuar tanto a pressão sobre o câmbio" mas no final ele se entrega:
"Conter o ingresso de capital estrangeiro e restringir as operações financeiras externas (inclusive com derivativos) mataria dois coelhos com uma só cajadada: a) moderaria os efeitos de um dos canais de expansão do crédito e da demanda; e b) contribuiria para aliviar a pressão altista sobre o real ao reduzir a oferta de moeda estrangeira.
Uma outra maneira de evitar a valorização do real é acumular mais reservas internacionais."
Nada como o aprendizado por osmose. Funciona que é uma maravilha com amebas.
"Nada como o aprendizado por osmose. Funciona que é uma maravilha com amebas."
Poxa,
Dê às "amebas" uma chance de se defenderem. Dê nome aos bois.
Um passo para frente, por favor.
“Público aí é no sentido de sociedade anônima, não no sentido de estatal. Provavelmente você está transpondo a definição em inglês para o português ao pé da letra.”
Putz. Analfabeto e arrogante. Como tudo começa com “a”, pode ser “ameba”também.
Estava com preguiça, mas vou puxar o seguinte episódio do supracitado “Lords of Finance” para ilustrar exatamente a diferença entre o caráter supostamente privado do BoE e quem, de fato, mandava na instituição.
“The demands of war finance transformed the Bank. Forced to issue more and more currency notes without gold backing, it became INCREASINGLY SUBORDINATED to the needs of the UK Treasury.
(…)
As the stress of raising money for the war mounted, tensions between the Bank and the government escalated, finally coming to a head in 1917 (…).
In 1917, [Walter] Cunliffe [então governor do BoE] became infuriated by what he believed was the cavalier way he was being treated by officials at the Treasury (…) In a fit of temper, without consulting any of his fellow directors he dispatched a telegram to the Canadian government, then the North American custodian of Britain’s gold reserves, forbidding it to accept any further instructions from the Treasury in London. (…)
Lloyd George, by now prime minister, and justly furious, summoned Cunliffe to 20 Downing Street, and berated the governor, threatening to ‘take over the Bank’. (…) [T]he shaken Cunliffe wrote the chancellor of the exchequer as cringing a letter as form woiuld allow, asking him ‘to accept my unreserved apology for anything I have done to offend you’. Cunliffe (…) was not reappointed again".
Lords of Finance, p.80-82”.
Entendeu a diferença, ou precisa da versão para colorir?
Agora, que tal ler um pouco de “history”, ao invés de “story”? Mais chato, sem dúvida, mas infinitamente melhor para entender um pouco de economia.
Ta vendo Alex,o que foi que eu disse sobre a sua idéia sobre jogar mais demanda?
De dar dinheiro do contribuinte para salvar os bancos?
EUA caiu no Ranking do Heritage de terceira economia mais livre do mundo para a oitava.
http://www.heritage.org/index/Ranking.aspx
Eu acho que você me deve desculpas.
Poderia de desculpar de mim tirando a foto do Sao Paulo e colocando a do timão.
"Alex, vc poderia colocar na barra lateral uma área para os "comentários recentes", pq aí facilitaria para nós acompanharmos o blog!"
Obrigado pela dica (não fazia ideia que havia este "gadget").
Se tiverem outras sugestões…
"Putz. Analfabeto e arrogante. Como tudo começa com “a”, pode ser “ameba”também."
Olha, eu podia baixar o nível e deixar vocẽ literalmente no chão, dizer um monte de verdades e coisa e tal, mas como estou no seu blog vou relevar.
O que você transcreveu é exatamente a comprovação de que o banco vinha muito mal acostumado com as benesses que os seus acionistas vinham usufruindo anteriormente.
Quando o banco começou a ter prejuízo com a concessão que tinha, peitou o Estado.
Uma coisa é emitir sem lastro em dívida, Pedro Bó… Outra é receber títulos e intermediar a sua negociação captando para o governo.
Se você não consegue entender a diferença, ao menos seja mais humilde ao atacar os seus desafetos.
"O que você transcreveu é exatamente a comprovação de que o banco vinha muito mal acostumado com as benesses que os seus acionistas vinham usufruindo anteriormente."
Não, Pedro Bó: o que eu transcrevi foi a realidade de quem realmente mandava no BoE.
"Uma coisa é emitir sem lastro em dívida, Pedro Bó… Outra é receber títulos e intermediar a sua negociação captando para o governo."
Esta afirmação ganhou o prêmio de maior nonsense publicado no blog hoje (não valem as publicações em Símio do Ivo).
"Ta vendo Alex,o que foi que eu disse sobre a sua idéia sobre jogar mais demanda?
De dar dinheiro do contribuinte para salvar os bancos?
EUA caiu no Ranking do Heritage de terceira economia mais livre do mundo para a oitava."
E quantas divisões tem o Heritage Foundation?
"Eu acho que você me deve desculpas."
Não devo, mas, se quiser, posso te comprar um pratão de feno.
Ed e outros,
em ano de eleição, não é o primeiro que vejo converter-se ao discurso de apertar a política fiscal..
desconfio de tudo, principalmente de mudanças convenientes no discurso
Doutrinador
Ranking de liberdade econômica.
Veja como sua proposta é interessante:
O governo da dinheiro do contribuinte para salvar os bancos,aumenta o endividamento,quer controlar o que os bancos fazem e ainda colocam uma regulação que vai ingessar o mercado financeiro.
Qual é o resultado a política defendida pelo "tio" Alex ? A recessão vai durar mais tempo.
Se adotassem a proposta liberal:
Os bancos quebravam,o FED injetava liquidez,tinha uma recesão depois tudo voltava ao normal.O governo americano acabava com o salario mínimo,extinguia o seguro desemprego,abaixava os impostos trabalhistas de 6% para 2% em contrapartida reduziria gastos com a previdencia de 6% do pib para 2% por causa que a arrecadação diminuiu.
O mercado se ajustava em 2 anos,depois a economia americana voltava a crescer.
"Esta afirmação ganhou o prêmio de maior nonsense publicado no blog hoje (não valem as publicações em Símio do Ivo)."
Ou você é um gozador – também posso ser um – ou descobrimos quem é a ameba que aprende por osmose.
Seja ao menos uma ameba digna e demonstre a razão dos qualificativos que você cospe. Seria até interessante >>eventualmente<< aprender algo com você.
Parece que eu tenho que lembrar que o assunto aqui é a razão do surgimento dos bancos centrais independentes.
Essa tese bonita de que desde o começo a preocupação era com a estabilidade de preços é balela, papo furado. O modelo "Banco da Inglaterra" que gerou a conversa do banco central independente veio mesmo é da cultura da roubalheira da finança, que adora mamar nas tetas do governo defendendo a "livre iniciativa".
Vamos recapitular:
O Banco da Inglaterra nasceu com a concessão sobre a negociação da dívida da Coroa Britânica. Era o "dealer" do Tesouro Inglês.
É óbvio que você sabe o que é ser um dealer exclusivo do Tesouro de um país.
Até 1844, o banco podia emitir moeda sem lastro. Outros bancos no Reino Unido podiam emitir "moeda" mas provavelmente – confesso que não tenho certeza – as emissões do Banco da Inglaterra eram "legal tender", i.e., pagavam impostos e dívidas "face value".
Até 1844 – de novo – o banco podia emitir moeda a partir de suas atividades comerciais. Ele emprestava a moeda que ele próprio emitia, com lastro no próprio empréstimo ("privilegiozinho" de nada, hein ?).
Em 1844, a atividade comercial foi separada da emissão de moeda. O Banco só emitiria moeda com base nas suas reservas em ouro, mais 1/4 de prata e "securities" em portfólio até aquela data.
Mas continua sendo o "dealer" exclusivo do Tesouro Britânico.
Obviamente, ao longo de muita porrada, "deslordização", governos (verdadeiramente) trabalhistas e tudo mais, a sacanagem foi amainando até 1946.
Mas a sacanagem continua sendo a gênese da tal independência. Essa mesma sacanagem que andou voltando a partir da década de 80 do século passado e até o ano retrasado vinha nadando de braçada.
(Ao Paulo Araújo: é que essa confusão entre público em português e "de capital aberto" em inglês é perfeitamente normal e recorrente. Não se ofenda )
Retiro o que disse: também valem as comparações com as afirmações em Símio.
Continue pesquisando. Melhor que aprender por osmose. Mas aproveite, bata no peito e diga: "errei; o BoE não era independente do governo. Se fosse não se subordinaria ao Tesouro, nem se comoveria com as ameaças do primeiro ministro. Eu não sabia, mas agora sei e sou uma pessoa melhor."
"Os bancos quebravam,o FED injetava liquidez,tinha uma recesão depois tudo voltava ao normal."
Talvez na Dimensão Z não se saiba, mas isto já foi tentado. Ficou conhecido como a Grande Depressão.
"O mercado se ajustava em 2 anos,depois a economia americana voltava a crescer."
Boa, à parte a experiência anterior (que demorou um tiquinho mais que dois anos), posso lembrar que a economia americana já está crescendo, menos de um ano após a quebra da Lehman (mas, sei lá, de repente na Dimensão Z as coisas são diferentes).
Não confunda LARANJA com Banana.
EUA na decada de 20 vinha crescendo muito,o mercado estava super aquecido.O FED teve que fazer um grande aperto monetário por causa do cambio fixo.
Isso provocou uma retação muito grande na liquidez.Ele só agiu depois de 33.
Segundo os Democratas americanos instituiram o salarío mínimo,previdencia social,fecharam a economia americana.Isso agravou a crise.
Friedman era contra esse pacote,ele so defendia quantitative easing;
Nos outros países demorou porque não existia livre mercado,nos EUA existe.Isso facilita a recuperação.
A economia americana pode até crescer MAS esta estagnada comparada aos niveis pre-crise.
Veja a taxa de desemprego antes da crise e depois.
"Eu não sabia, mas agora sei e sou uma pessoa melhor"
Aleluia !!
Tá certo, Alexandre.
Você não está necessariamente errado…
"posso lembrar que a economia americana já está crescendo"
Pode até ser que eles saiam da 'leseira", mas por enquanto a imensa maioria dos indicadores está bem abaixo do pico de 2007-2008.
Autorizações de construção, vendas no atacado, varejo, vendas de imóveis, índices de manufatura em termos absolutos (não a empulhação dessas pesquisas em que eles somente contam quem diz que "piorou" ou "melhorou"), etc, etc.
Levando em consideração o que vem sendo dito por aí e o cálculo de crescimento trimestral que o BEA utiliza, esses 5-6% de crescimento no quarto trimestre vão resultar em no máximo 0.5%, 1% de crescimento em 2009.
Com todo o dinheiro que colocaram.
Daniel
“Público aí é no sentido de sociedade anônima, não no sentido de estatal. Provavelmente você está transpondo a definição em inglês para o português ao pé da letra.”
Você está errado.
Não sou economista meu interesse é história da metalurgia no Brasil. Interesso-me pelo período que inicia com a regência de D. João VI. Meu interesse pela "área bancária" explica-se pela minha necessidade de entender como se davam as relações mercantis e financeiras entre Portugal e Suécia no final do XVIII e início do XIX.
Não estou me desculpando, mas afirmando que essa distinção moderna que você opera para definir público e privado não é um dado da natureza. A distinção foi construção histórica, vale dizer, uma contingência. A distinção não existia como um fato acabado no século XVII. Isso estava em construção. Acredito mesmo que os agentes históricos envolvidos na empreitada nem estavam muito preocupados com o futuro privado ou estatal do Banco, mas sim em dar solução imediata para os graves problemas financeiros enfrentado pelo Estado inglês após a guerra contra Luis XIV.
O que me parece fundamental (o que distingue) na história do Banco da Inglaterra é o fato do PARLAMENTO VIR A SER O AVALISTA DO ESTADO INGLÊS. Você tem conhecimento de quando isso ocorreu antes na Europa? Que eu saiba, é a primeira vez que a SOBERANIA POPULAR, através dos seus representantes no Parlamento, É ATIVADA/CONSULTADA PARA DAR UM AVAL a essa forma de empréstimo ao Estado. É exatamente nesse sentido que reside a especificidade histórica do BoE, que surge sim como um banco público. Resumindo, o Parlamento fundado no princípio da accountability assumia com total transparência o compromisso público de zelar pelo bom uso do dinheiro do Estado e ao mesmo tempo honrar o contrato firmado entre os cidadãos e o seu Estado. O BoE surgiu como uma instituição para operacionalizar o contrato. Os conceitos que você opera (privadoXpúblico) são irrelevantes no caso. Os conceitos atuais de privado e de público pouco interessam ao historiador que se propõe examinar a história do surgimento do BoE no final do século XVII. O que importa é entender o papel histórico do BoE, isto é, provar com elementos lógicos e empíricos COMO o papel desempenhado lhe conferiu, na origem, o caráter de banco público.
Não conheço a história do BoE, que imagino seja interessantíssima pelo pouco que bisbilhotei. Hypólito José da Costa (um grande brasileiro que merecia ser melhor estudado) traduziu, a pedido de D. João VI, um trabalho publicado em 1797 em Londres e escrito por Thomas Fortune: Historia breve e authentica do Banco de Inglaterra com dissertações sobre os metaes, moeda, e letras de cambio, e a carta de incorporação. O IEB tem um exemplar da tradução. É obra rara editada em Lisboa em 1801 e não circula. Só pode ser consultada lá. Como não conheço a obra, imagino que as “dissertações” sejam comentários do tradutor. Não vejo a hora de colocar os olhos nela. Talvez amanhã.
Daniel
"(Ao Paulo Araújo: é que essa confusão entre público em português e "de capital aberto" em inglês é perfeitamente normal e recorrente. Não se ofenda )"
Não me ofendo. Meu inglês dá para o gasto.
Independente de melhor ou pior conhecimento da língua inglesa, está o fato de que essa distinção que você insiste propor é irrelevante. Já argumentei no comentário anterior.
A palavra inglesa cujo significado é o mais importante para o entendimento da história da Inglaterra e o seu Banco, a partir da Bill of Rigths, é "accountability". Accountability é uma relação fundada em mútua confiança de que os contratos serão respeitados pelas partes. O Parlamento conquistou accountability. O BoE foi fundado pela accountability.
Um Banco Central é público e independente se perante os cidadãos conserva accountability.
A palavra accountability e a coisa que ela significa é, infelizmente, uma grande ausente na história do Brasil.
Uma pergunta para o Alexandre e para todos os frequentadores do blog, Se ficassem em 1 lugar no exame da anpec, onde iriam para o mestrado
EPGE,PUC-RIO,EESP ou USP?
dadas as devidas mudanças dos cursos recentemente
grato
"Não confunda LARANJA com Banana"
Conselho de um especialista. Deve ter doído à beça.
"Se ficassem em 1 lugar no exame da anpec, onde iriam para o mestrado EPGE,PUC-RIO,EESP ou USP?"
Não estou atualizado, mas ficaria entre PUC-RJ e EPGE, com inclinação maior para a primeira. Depende também de que área você preferir e com quem você quer trabalhar na tese.
Pelos atuais professores da PUC-RJ, iria pra EPGE.
abs, Lucas
Depende dos seus objetivos.
Se o objetivo final é um Ph.D. no exterior, a PUC-Rio é a escolha óbvia, com a EPGE logo atrás. Eu recomendaria comparar as duas escolas no campo que você tem mais interesse.
Se você estiver interessado em doutorado no Brasil ou linhas de pesquisa marginais (ex: História Econômica), eu consideraria tambem algum departamento maior, por exemplo a USP.
Anonimo,
Eu discordo do Lucas, tendo ido para a PUC, não me arrependo.
Daniel,
Por mais interessante que esteja sendo aprender a história do BoE, acho que vale alguns pontos:
(1) O que importa para caracterizar independência de um BC, pelo menos como visto atualmente, é a ameaça de intervenção do governo e não a intervenção de fato. O Alex mostrou que essa ameaça se concretizou pelo menos uma vez.
(2) O argumento que o Alex está citando com relação à independência de um BC (pelo que eu entendi, me avisem se eu estiver errado) trata do fato de que, quando um BC está submisso a um governante, ele terá incentivos a fazer políticas inflacionárias (dadas motivações eleitorais, por exemplo). Como as pessoas são minimamente inteligentes, elas anteciparão isso e, como consequência, a maior taxa de inflação não virá com aquecimento de atividade econômica. Em outras palavras, a lose-lose situation. Ninguém em economia está propondo um BC privado, mas sim, um mecanismo de o BC se comprometer a não fazer esse tipo de ação (a que gera uma lose-lose situation) influenciado por um governo que seria motivado por eleições. Colocando de outra forma: um estado democrático tem, em geral, uma constituição que serve como, entre outras coisas, um mecanismo de compromisso de que o governante não poderá fazer qualquer coisa para ganhar eleições. É exatamente o mecanismo que está se propondo com relação ao BC. Nesse ponto de vista, eu não sei como a história do BoE muda esse argumento, obtido simplesmente aplicando-se lógicas de economia política ao que conhecemos de macroeconomia.
Errar é humano,manter o mesmo erro é burrice.
Vai ter que ler Any Rand,Friedman,Hayek.
"Errar é humano,manter o mesmo erro é burrice."
Se errar fosse humano, Ivo, você não correria o risco.
"Por mais interessante que esteja sendo aprender a história do BoE"
Michel,
A questão do BoE foi mais para pegar no pé do Alexandre… Eu adoro questionar certas "unanimidades" que transitam por aí. Mas em 2010 isso realmente não tem muita relevância
Eu tinha até escrito vários parágrafos neste quadro explicitando a razão de ser contra a esse modelo de independência do Banco Central – principalmente pela falta da proposição de limites na fixação dos juros e de objetividade e previsibilidade na condução da política monetária – coisas que se existissem tornariam até redundante a existência de um BACEN enquanto autoridade monetária, mas vou parar por aqui.
Só lembre de uma coisa: fugindo do príncipe você pode acabar caindo na mão dos barões…
abs.
" Eu adoro questionar certas "unanimidades" que transitam por aí. "
Já eu acho que você deveria pular do 13o andar para questionar esta "unanimidade" chamada gravidade. Ia soar "muderno" e "instigante"
Já DISSE! peça para o Joaquim Levy/ (discipulo de Milton Friedman) lhe dar umas aulinhas sobre liberalismo.
Uma pergunta.
Quando você estava em Berkeley quantos livros por mês você lia?
Um livro de 400 paginas dava para terminar em uma semana?
"Já DISSE! peça para o Joaquim Levy/ (discipulo de Milton Friedman) lhe dar umas aulinhas sobre liberalismo."
Ivo, convenhamos: você não diz; no máximo grunhe. O Joaquim, dar aulas de LIBERALISMO? Justo quem, he he, só na Dimensão Z
"A questão do BoE foi mais para pegar no pé do Alexandre… Eu adoro questionar certas "unanimidades" que transitam por aí. Mas em 2010 isso realmente não tem muita relevância "
isso faz parte de uma adolescência saudável.
Daniel, o que eu acho é o seguinte:
"explicitando a razão de ser contra a esse modelo de independência do Banco Central – principalmente pela falta da proposição de limites na fixação dos juros e de objetividade e previsibilidade na condução da política monetária"
Com relação a falta de proposição de limites na fixação de juros, discordo de você. Vamos dizer que fixemos um limite de juros nominais (como era no Brasil, de 12%). Vamos dizer que a inflação subiu pra caramba, contexto no qual precisaríamos subir os juros. Como a inflação subiu e os juros não podem subir, os juros reais caem, o que faz crescer demanda por consumo e investimento, aquecendo mais ainda a demanda, aumentando a inflação, e aí entramos no círculo vicioso. Ou seja, a tua proposta de limite aos juros pode nos levar a uma espiral inflacionária, e pra voltar pro final da década de 80, não demora muito…
Com relação à objetividade e previsibilidade na condução de política monetária, minha resposta é "metas de inflação". Esse regime não tem nada a ver com focar na inflação e esquecer outros objetivos, mas sim, tem a ver com sinalizar para o mercado o que o BC está vendo, aumentar ao máximo a transparência do BC e, no final, isso permite coordenação de expectativas de inflação. Isso não é impedido por independência do BC, pelo contrário, independencia do BC ajuda na transparência das ações do BC.
"Só lembre de uma coisa: fugindo do príncipe você pode acabar caindo na mão dos barões"
Alguns pontos: (i) o príncipe com toda certeza é mais rodeado de barões que o BC; (ii) eu não vejo como o príncipe impediria a ação de barões que atuariam no caso de independência do BC (pelo contrário, as motivações eleitorais do príncipe poderiam motivar a atuação dos barões). (iii) O mecanismo de incentivos de um chairman de um BC é: faça boas políticas monetárias e depois você ficará mais podre de rico do que é. O problema que você descreve, de um lobbista falando, por exemplo, pro chairman "faça o meu interesse e eu te dou um emprego depois" é que nada garante que o lobbista realmente dará o emprego depois pro chairman (tendo o chairman feito políticas ruins, é bem provável que ele não voltará ao BC tão cedo e o lobbista não precisará lidar com ele tão cedo). (iv) Acho que você não entendeu a situação que eu descrevi no meu comentário anterior: NINGUÉM PERDE com independência e TODO MUNDO GANHA com independência do BC. Isso ocorre porque inflação cai e atividade econômica fica na mesma que ficaria sem independência (tanto teoricamente quanto empiricamente). Cair na mão do barão só é um problema quando o interesse dele é contrário ao da população.
Eu sou de Recife e pretendo prestar vestibular para economia em SP.
Entre a Mackenzie,FAAP,FGV e Insper qual desses cursos é melhor?
"Entre a Mackenzie,FAAP,FGV e Insper qual desses cursos é melhor?"
Insper, sem dúvida.
"Já eu acho que você deveria pular do 13o andar para questionar esta "unanimidade" chamada gravidade. Ia soar "muderno" e "instigante""
O questionamento da gravidade eu deixo com você.
Aproveita e se joga do último andar daquele "predinho" lá em Dubai.
Sabe como é, um Isaac Newton vale mais que um milhão de defensores da independência do BACEN…
"um Isaac Newton vale mais que um milhão de defensores da independência do BACEN…"
Newton nao "defendeu" a gravidade. Apenas a expressou como uma forca que e proporcional aa massa e (inversamente) proporcional ao quadrado da distancia.
Prescott e Kydland (Nobel de 2004) nao "descobriram" os BCs independentes, mas conseguiram expressar o problema da inconsistencia dinamica, que seria resolvido por BCs independentes.
De qualquer forma, eu não sou "muderno" nem "instigante". Deixo os testes da gravidade com quem gosta de se mostrar revoltadinho com a unanimidade.
"mas conseguiram expressar o problema da inconsistencia dinamica, que seria resolvido por BCs independentes."
Newton: A atração gravitacional é diretamente proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o centro dessas massas.
Aplicação prática: Sputnik, Apolos 8,9,10,11, etc, Sondas para Marte, Júpiter, Saturno, previsão de órbitas, etc.
Prescott e Kydland: kljlkjlkj 0-80-8-09 09898 lkujljkl 989809 09809890 0998i098 098i9 09809890 809898 !!!!!!!!
Aplicação prática: hein, hã ?
Iguaizinhas as duas coisas…
("Expressar o problema da inconsistência dinâmica" foi dose pra leão. Dá pra traduzir ?)
"While increased liquidity injections may help restrain the yen, an expansion of the monthly 1.8 trillion yen ($20 billion) of bond purchases may spark concern the BOJ is financing the government’s deficit spending."
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=amzUp8cG7ZHs&pos=2
Mas é justamente isso que tinha de ser feito !!
Olha só o estrago feito pela "expressão do problema da inconsistência dinâmica". O Banco Central não pode financiar o Tesouro porque… não pode.
Enquanto isso, o FED compra hipotecas, garante as emissões de debêntures, as quotas dos "money funds", etc, etc. Mas também não financia o Tesouro (ah não, aí não pode !)
Pessoal, fora o desserviço que o sr. Oreiro faz, o que vcs acham da Unb? Estaria na Top 4 (PUC-Rio, EPGE, USP , UnB)?
"Aplicação prática: hein, hã ?"
Que tal inflacao mais baixa, menor volatilidade do produto.
"Expressar o problema da inconsistência dinâmica" foi dose pra leão. Dá pra traduzir ?"
Se voce nao sabe o que é inconsistencia temporal, por que esta discutindo o assunto?
"Que tal inflacao mais baixa, menor volatilidade do produto."
Ah tá… Então um Banco Central independente é indispensável para isso ?
Se você pretende garantir decisões técnicas com um Banco Central independente, não perca o seu tempo.
Basta que você siga os moldes da legislação de controle fiscal e imponha regras técnicas e limites na condução da política monetária pelo próprio Tesouro.
A tese do Banco Central independente é contraditória justamente por isso – por que exclusivamente ancora os seus preceitos na independência dos agentes que conduzem a política monetária, independentemente da transparência e controle dessa mesma política.
"Se voce nao sabe o que é inconsistencia temporal, por que esta discutindo o assunto?"
Porque você mesmo não expõe a tese em termos simples. Eu gostaria de saber se você realmente sabe o que é.
Mais um pouco de evidência:
http://www.banrep.gov.co/documentos/publicaciones/regional/cuadernos/2009/25.pdf
"Este documento explora la relación entre la independencia del banco central y los niveles
de inflación en América Latina, usando como estudio de caso la experiencia de Colombia
(1923-2008). Desde su creación en 1923 la independencia y objetivos del banco central en
Colombia han sido modificados substancialmente. Entre 1923 y 1951 el banco central fue
un ente privado e independiente, teniendo como objetivo principal la estabilidad de
precios. En 1962 la responsabilidad monetaria se dividió entre la Junta Monetaria,
encargada del diseño de la política monetaria, y el banco central, que la ejecutaba. A
principios de los años noventa el banco recobró su independencia y su objetivo pasó a ser
el control de la inflación. Los niveles de inflación en estos períodos fueron diferentes. El
análisis sugiere que la combinación de un banco central independiente con un objetivo de
estabilidad de precios produce mejores resultados en tales términos."
"Eu gostaria de saber se você realmente sabe o que é."
Parece crianca: eu sei; so queria saber se voce sabe.
Mas vou quebrar teu galho. Inconsistencia temporal ocorre quando a mera passagem do tempo implica alteracao da estrutura de preferencias. O caso e pbvio para BCs, entao vou exemplificar com outro caso classico de inconsistencia temporal: inovacao e patentes.
Do ponto de vista de crescimento o otimo e incentivar as inovacoes. Porem, uma vez que a inovacao ocorre o empresario passa a auferir lucro de monopolista, o que nao e socialmente otimo. Ha assim um incentivo para que o empresario seja exposto aa competicao. Porem, sabendo disso, ninguem se dispoe a investir em inovacao.
A solucao e a adocao de patentes. Institucionalmente cria-se um direito de monopolio (temporario), que nao pode ser desfeito pelo governo. Com isso o governo fica comprometido com o incentivo aa inovacao e nao pode mudar a politica quando a inovacao surge.
Outro exemplo esta na figura que o Alex botou no blog: Ulisses, que se amarrou ao mastro do navio (se comprometeu) para nao sucumbir ao canto das sereias.
Agora voce vai falar que ja sabia e so estava me testando?
"Agora voce vai falar que ja sabia e so estava me testando?"
Não.
Eu vou dizer que o INPI não é independente – e que segue uma legislação protetiva do direito à propriedade intelectual que o vincula.
Descobrir o que isso significa para a tese do Bacen independente eu deixo como exercício para você.
“Que tal inflacao mais baixa, menor volatilidade do produto.”
Alex e outros,
Eu tenho uma ideia de pesquisa que vou tentar transformar em um paper nos próximos meses e se minha conjectura for confirmada, existe um beneficio adicional da inflação baixa.
No Brasil (e também em outros países), a redução e estabilização da inflação coincidiu com um declínio da incidência de greves e outras formas de conflito entre capital e trabalho.
Minha tese é que assim como a inflação alta aumentava o que estava em jogo nas renegociações salariais (porque inflação alta também é inflação mais volátil), o conflito capital-trabalho sobre repasses e expectativas inflacionárias alimentava uma desconfiança geral que se refletia também na política e nas ideologias. Isto é, a inflação alta catalizava e amplificava a força das idéias anti-capitalistas e anti-mercado.
No caso específico do Brasil, essa teoria implica que a transformação do PT em um partido de esquerda moderada é consequência direta da estabilização de preços. Usando-se uma metáfora, o Plano Real teria drenado o pântano onde os mosquitos do populismo e do marxismo se reproduziam. Chama-me a atenção que o país da América do Sul com a pior performance inflacionária durante os anos 90 foi a Venezuela.
Depois eu relato o que eu encontrar nos dados.
Abraços,
Irineu
"Eu vou dizer que o INPI não é independente – e que segue uma legislação protetiva do direito à propriedade intelectual que o vincula."
Muito fraco…O Marcelo não disse que o INPI tem que ser independente. Ele disse que o governo tem que amarrar suas mãos; no caso das patentes vinculando-se à legislação que concede a patente. Cito:
"Institucionalmente cria-se um direito de monopolio (temporario), que nao pode ser desfeito pelo governo. Com isso o governo fica comprometido com o incentivo aa inovacao e nao pode mudar a politica quando a inovacao surge."
Agora só falta você dizer que o mastro do navio em que Odisseu (eu prefiro o nome grego) se amarrou não era independente…
Você parece sofrer de uma enorme dificuldade de sair do particular para o geral. De agora em diante será conhecido com daniel funes:
"Não apenas lhe custava compreender que o símbolo genérico cão abarcava tantos indivíduos díspares de diversos tamanhos e diversa forma; perturbava-lhe que o cão das três e catorze (visto de perfil) tivesse o mesmo nome que o cão das três e quatro (visto de frente)."
Funes, o Memorioso (J.L. Borges, Ficções)
P.S.
"Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos"
"Muito fraco…O Marcelo não disse que o INPI tem que ser independente. Ele disse que o governo tem que amarrar suas mãos; no caso das patentes vinculando-se à legislação que concede a patente."
Ótimo. Então ele não vê nenhum problema em dar ao Congresso o poder de fixar metas e limites de política monetária e manter o Banco Central do jeito que está. As amarras continuam ali. Pouca diferença faz um BACEN independente ou não.
Justamente, o caso é análogo à da legislação de patente, aprovada pelo Congresso e observada pelo INPI. Ou à observância da legislação de responsabilidade fiscal, por exemplo.
Só faria sentido um BACEN independente só o desejassemos discricionário, no modelo americano. Aí saímos da arbitrariedade do Executivo para cairmos na do FOMC (ou do COPOM).
"Você parece sofrer de uma enorme dificuldade de sair do particular para o geral. De agora em diante será conhecido com daniel funes:"
Acho que é justamente o contrário. Vocês é que estão com uma certa dificuldade em abstrair, já que não entenderam – aparentemente – a analogia que eu fiz.
"Ótimo. Então ele não vê nenhum problema em dar ao Congresso o poder de fixar metas e limites de política monetária e manter o Banco Central do jeito que está. As amarras continuam ali. Pouca diferença faz um BACEN independente ou não."
Sua dificuldade de abstrair é mesmo impressionante. De quem você acha que precisamos amarrar as mãos?
"já que não entenderam – aparentemente – a analogia que eu fiz."
Não é que não entendi. É que está errada mesmo.
"Sua dificuldade de abstrair é mesmo impressionante. De quem você acha que precisamos amarrar as mãos?"
Você por acaso está incluindo o Congresso, além do Executivo, no seu conceito de príncipe ?
Gostaria que você afirmasse – ou refutasse – isso com todas as letras, antes de elaborar qualquer outro comentário.
"Ótimo. Então ele não vê nenhum problema em dar ao Congresso o poder de fixar metas e limites de política monetária e manter o Banco Central do jeito que está. As amarras continuam ali. Pouca diferença faz um BACEN independente ou não."
Não…nesse sentido os problemas são diferentes: no caso de patentes, o compromisso que a gente tem que tomar não é contingente ao momento em que se vive. No caso de política monetária, o tipo de compromisso desejado é contingente a situação em que se vive. E mais ainda, você também quer proteção contra falta de compromisso do congresso (eles tem tanto incentivo eleitoral quanto o executivo). Por fim, de uma forma ou de outra, é impossível legalmente antecipar todas as contingências possíveis. Não adianta Odisseu se amarrar a Sereia…é compromisso, mas não é o compromisso que ele quer.
Sobre Banco Central independente
Existe nos EUA, esse país horrível sob qualquer aspecto que se apresente, uma agência do Estado para fiscalizar o governo em tudo o que concerne à fé pública. Trata-se do GAO (US Government Accountability Office).
http://www.gao.gov/
Ao sul do equador não existe nada semelhante. Mesmo os letrados desconhecem o significado da palavra inglesa (accountability), que não tem tradução literal para o português. Aqui, qualquer “funça” por trás de um balcão do Governo sabe que está livre para, se lhe der na telha, tripudiar sobre “simples caseiros” ou “meros contribuintes” e, com jeitinho, “pegar seu por fora”.
Se bem entendi, a metáfora do Alex (certamente provoca ira na quermesse frankfurtiana – vide a passagem do “cantos das sereias” na Dialética do Esclarecimento de Adorno e Horkheimer. Este livro tornou-se ponto de ancoragem para os irracionalismos influentes e bem instalados nas academias) é perfeita para o que deveria ser algo bastante sabido para leitores medianamente informados: se quiser ir adiante e não espatifar-se nas armadilhas ocultas pelos cantos de sereia, a democracia não pode prescindir de atar seus governantes em fortes “mastros institucionais”.
Li ontem um artigo do presidente do Banco Central argentino, Martin Redrado, o qual La Reina Madre Cristina I de los Kirchner quer defenestrar, em nome da soberania da ocupante do trono e seus lacaios.
El guardián de las reservas
Como cualquier funcionario, en un Estado de Derecho el presidente del Banco Central no puede hacer lo que quiere, sino lo que debe, dado que un exhaustivo cuerpo normativo delimita sus facultades y sus deberes.” […]
Uno de los deberes esenciales del Banco Central es proteger las reservas internacionales, que no son un ahorro convencional, sino que sirven como garantía de estabilidad monetaria, cambiaria y financiera. El presidente de la institución debe ser el "guardián de las reservas".
Este mandato cobra importancia crítica en un país con la historia de inestabilidad que caracterizó a la Argentina en los 40 años previos a 2003, donde la sucesión de procesos de inflación y devaluación culminó repetidamente en crisis financieras que atentaron contra el crecimiento y los ahorros de los argentinos. […]
En estos días también hemos destacado que la independencia de criterio del Banco Central respecto del Poder Ejecutivo responde a simples principios básicos de sana administración pública, a saber:
•"Control por oposición" del financiamiento del gasto: la emisión de moneda no puede estar en manos de quien ejecuta el gasto (el Ejecutivo), para que nadie caiga en la "ilusión" de pensar que tiene "la máquina de la felicidad" y puede crear riqueza mediante la impresión de dinero.
•"Coherencia temporal": como los efectos nocivos de la emisión monetaria "descontrolada" aparecen entre 4 y 8 trimestres más tarde, el gobernante -tal vez, con fines electorales- podría tentarse de aumentar el gasto y financiarlo con emisión en una magnitud superior a la prudencial, legando a su sucesor problemas inflacionarios.
Íntegra do artigo
http://www.lanacion.com.ar/nota.asp?nota_id=1225373
"Gostaria que você afirmasse – ou refutasse – isso com todas as letras, antes de elaborar qualquer outro comentário."
Não preciso. Leia o comentário do Michel logo abaixo do seu.
"eles tem tanto incentivo eleitoral quanto o executivo"
Ninguém garante que pessoas dentro do Banco Central também não tenham, direta ou indiretamente.Sem falar em outros tipos de incentivo.
Afinal somos todos seres humanos.
E reafirmo: se as decisões do Banco Central são técnicas elas são vinculadas, não discricionárias.
Nesse sentido, fixar metas de inflação não basta. É necessário também delimitar o como alcança-las e a que custo. Enfim, definir os limites para se partir para outras soluções, inclusive uma política fiscal mais restritiva.
Portanto, o modelo de Banco Central proposto por você(s) não tem sentido. É trocar a discricionariedade do representante eleito pela discricionariedade do corpo técnico do BACEN.
E se não é, então temos vinculação e essa vinculação torna redundante a independência do Banco Central, assim como torna redundante a independência do Tesouro Nacional na observância da responsabilidade fiscal.
"Existe nos EUA, esse país horrível sob qualquer aspecto que se apresente, uma agência do Estado para fiscalizar o governo em tudo o que concerne à fé pública. Trata-se do GAO (US Government Accountability Office)."
Sim.
E também existe na Noruega, aquele monstrengo escandinavo, com péssimos indicadores sociais e econômicos, um Banco Central que é regido pela seguinte lei:
http://www.norges-bank.no/templates/article____13862.aspx
E a questão com a accountability é que ela não basta.
Posso estar causando um enorme prejuízo com a minha gestão – um prejuízo que é muito bem contabilizado e demonstrado – mas e daí ?
Saber que eu estou pagando caro por algo sem poder trocar por algo mais barato/eficiente por um bom tempo adianta ?
"Ninguém garante que pessoas dentro do Banco Central também não tenham, direta ou indiretamente.Sem falar em outros tipos de incentivo.
Afinal somos todos seres humanos.
E reafirmo: se as decisões do Banco Central são técnicas elas são vinculadas, não discricionárias."
Não sei se você percebeu (não é apenas uma dificuldade para abstrair, mas também para perceber o que ocorre ao seu redor), mas é exatamente por este motivo existe uma meta para a inflação. Precisamente porque somos humanos (tenho cá minhas dúvidas, mas deixa pra lá) é que temos instituições, como BCs independentes e metas para a inflação.
"E a questão com a accountability é que ela não basta."
Meu, você é um dogmático. Você não tem a mínima ideia do que é e do que faz o GAO, mas já tem juízo formado.
Como todo dogmático, você é mentalmente preguiçoso, preferindo sempre falar (escrever) antes de pensar.
Este artigo é sobre o GAO e está muito bem escrito em língua portuguesa:
"Tendências do controle externo nos Estados Unidos"
Por Márcia Farias
http://200.198.41.151:8081/tribunal_contas/2008/02/-sumario?next=3
Leia o artigo da Márcia Farias, que conta a história do GAO (remonta aos anos 20 do século passado). Não se assuste, pois o artigo é curto e didaticamente conciso.
Como eu acho que você não vai ler o artigo, então apenas observe esta comparação que a autora apresenta. Na época em que escreveu ela era procuradora do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Distrito Federal. Os dados são de 2007:
GAO – 3 260 funcionários; orçamento: US$ 484,7 milhões.
TCU – 2 381 funcionários; orçamento: US$ 500 milhões.
TCDF – 590 funcionários; orçamento: US$ 200 milhões.
Retorno Financeiro
GAO – US$ 105/ US$ 1.
TCU e TCDF não fazem essa conta. Por quê?
A atuação do GAO não está restrita ao Fed, como você parece pensar. Acompanhe o que segue.
O FED está sob ataque dos críticos, que agora estão mirando suas baterias no empréstimo para a AIG. Bernanke defende o FED e tem dito que o empréstimo está garantido e deve ser devolvido até 16 de setembro de 2013.
Na carta (link para a carta: http://online.wsj.com/public/resources/media/fedaigletter011910.pdf) que escreveu ao Acting Comptroller General do GAO, Bernanke reafirma que o "Federal Reserve estendeu este crédito para evitar a imediata falência desordenada da companhia, um evento que provavelmente teria conduzido a uma significativa intensificação de uma já severa crise financeira e uma piora adicional das condições econômicas globais".
Mas como as dúvidas persistem, o presidente do Fed convidou o GAO para uma completa revisão e disse que tornaria disponíveis "todos os registros e pessoal necessários para conduzir esta revisão". Bernanke afirma que uma acurada revisão do GAO vai dar aos contribuintes americanos "o mais completo entendimento de nossas decisões e ações" de ajuda à AIG. Fonte: Dow Jones e carta do Bernanke ao GAO.
Percebeu a diferença? Entendeu agora o que é accountability? A responsabilidade do presidente do FED é com o contribuinte. Como escreve a autora do artigo, “Todos os servidores, em todos os níveis, devem ter boa noção do termo accountability (que aliás, já é explicado às crianças e reforçado em vários níveis desde o ensino fundamental). Todos são accountable pelo trabalho desenvolvido e pelo nível de satisfação que o produto gerado promove.”
Se não entendeu, eu desisto.
PS: A quem possa interessar:
Programa Internacional para Auditores oferecido pelo Government Accountability Office –GAO (Estados Unidos)
Government Accountability Office – GAO, Entidade Fiscalizadora dos Estados Unidos, oferece anualmente a Entidades Fiscalizadoras de outros países o Programa Internacional para Auditores. O programa compreende:
– dezesseis semanas de treinamento em sala de aula e participação em atividades práticas com foco em métodos e técnicas para a condução de auditorias de natureza operacional (etapa realizada na sede do GAO, em Washington);
– quatro a oito semanas de estágio opcional em uma das representações regionais do GAO que provê treinamento prático e interações com auditores dos governos estadual e local, estando a seleção dos participantes para essa etapa a cargo do GAO); e
– desenvolvimento de uma estratégia para a introdução de novas políticas ou procedimentos na EFS do participante na área que tenha sido identificada pela Entidade como passível de ser aperfeiçoada (projeto estratégico).
Fonte:
http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/relacoes_institucionais/relacoes_internacionais/programas_treinamento
Esta discussão está interessante, afinal é desperdicio taxar de pura estupidez ou ignorãncia, ou de ambas, a crítica a independência do BACEN.
É bem provável que esteja perdendo um ponto, mas o que entendi é que o Daniel discorda que haja vantagem em se conceder tal poder a uma entidade, ou ao seu corpo executivo, desobrigada de atender aos desígnios do mandatário eleito e do parlamento, pois não haveria motivação que justificasse que aqueles funcionários iriam agir da melhor maneira para o país.
Ai eu entendo que ele pode até estar certo. Afinal, amarrado ao mastro o herói de Homero não sucumbirá as sereias, mas na eventualidade de uma tempestade ele estará impossibilitado de agir para se salvar. Se um raio partir o mastro, e ele ainda sobreviver, também ficará a mercê das musas. São possibilidades, pois ele sendo humano, como supôe-se que sejam os acupantes do banco central, é passível de perecer.
O que parece lhe faltar é a compreensão de que as motivações para os que ocupam cargos eletivos são ainda mais perenes. SE Ulisses simplesmente pusesse tampoes nos ouvidos teria as mão livres para retirá-los no momento que visse uma castanha de olhos de mel, boca carnuda em um rosto simétrico acima do vasto busto, onde se destaca o par de seios arrebitados cujos mamilos rosados, tal como os lábios, se insinuam ma superfície do Mediterrãneo.
Ou seja, assim como o cálculo de superávit tem sido constantemente alterado, os objetivos da autoridade monetária sob os mandos de congresso e presidente podem ser facilmente modificados. A ilusão da normalidade institucional (não partir o mastro) torna mais fácil ceder a tentação.
Já que a discussão voltou-se para independência do BC, "O", Alex, alguém teria saco de avaliar/criticar os principais pontos desse artigo?
http://www.eco.unicamp.br/docdownload/publicacoes/instituto/revistas/economia-e-sociedade/V15-F2-S27/03_Penido.pdf
Abraço!
"alguém teria saco de avaliar/criticar os principais pontos desse artigo?"
Imprimi. Pelo pouco que vi é de matar. Não sei se terei saco para tudo.
Existem varios mecanismos de fiscalizacao no governo americano. Nao e so o GAO. Muitas agencias tem um "Inspector General" independente, cuja funcao e fiscaliza-las.
Mas o que faz a diferenca realmente entre os EUA e muitos outros paises e uma "instituicao cultural" muitissimo mais importante que o fed o gao ou qualquer orgao governamental. Chama-se "rule of law."
PIG
“Imprimi. Pelo pouco que vi é de matar. Não sei se terei saco para tudo.”
Só de ler o abstract me embrulhou o estômago. Talvez eu escreva um comentário.
No aguardo…
Eu li aquele texto apavorante da UNICAMP. Em primeiro lugar, a autora mostra não saber nada sobre os modelos utilizados para Metas de Inflação. Os modelos incorporam rigidez nominal de curto prazo, e suas funções objetivo possuem, sim, uma medida de desvio do comportamento do PIB em relação à taxa de crescimento do PIB potencial. E expectativas racionais não implica previsão perfeita (e sim que não erra consistentemente).
Depois, ela simplesmente não apresenta nada que acrescente ao debate. Fica no velho papo quermesseiro de achar que emissão monetária é estratégia de desenvolvimento, com argumentos de demanda por liquidez (como se um título público, por exemplo, não fosse líquido).
Ah, sobre importância de um BC independente. Um exemplo clássico é o brasileiro. Em 2002, houve um "sudden stop" nos fluxos de capitais para o Brasil, o real se depreciou fortemente, a ameaça inflacionária retornou. Tudo por medo que o Lula fosse seguir o "Consenso de Campinas".
Se o BC fosse independente em 2002, com o mandato do Armínio terminando em 2004, por exemplo, boa parte do pânico do mercado teria sido dissipada, o que facilitaria em muito o trabalho do governo Lula no início do mandato de criar uma credibilidade.